Andava eu aqui a organizar todo o trabalho escrito que tenho no computador, desde escrita criativa até textos académicos ou escolares, quando encontrei os originais de um projecto pessoal que me deu imensos problemas, mas também um tremendo gozo na sua escrita. Falo de um jornal de notícias falsas chamado "Notícias do Tintin", que foi uma tentativa, sem qualquer objectivo sério, de emular o jornal "Inimigo Público", que funcionava um pouco nos mesmos moldes. Se bem que o meu era incomparavelmente mais pequeno e, convenhamos, menos inspirado, obrigou-me a escrever humor a sério, a nível de estrutura de texto, procurando greir punch-lines e piadas, e a achar formas originais de chamar à atenção o ridículo de algumas coisas ou o brilhantismo de outras.
O "Notícias" trouxe-me, como disse, vários problemas: algumas pessoas focadas pelo que escrevia sentiram-se ofendidas, mesmo que eu jurasse a pés juntos que nunca tinha sido essa a minha intenção, e era verdade. Aparentemente, ganhei uma fama crescente ao longo dos anos (cimentada por outro projecto, esse mais mítico, chamado "Óscares") de que ando neste mundo para insultar as pessoas. Enfim... Foi a minha experiência mais próxima com esse problema que são os limites do humor. Com o que se pode brincar, com o que não se pode... E como coisas que toda a gente fala, mas nas costas, deixamd e ser aceitáveis quando são pronunciadas alto. Cometi um erro, o de assumir que podia escrever aquelas coisas e passaria impune, mas aprendi bastante sobre a natureza humana nas publicações deste jornal. Sobre a natureza dos outros e sobre a minha própria; e tendo em conta que publiquei coisas sobre mim próprio, em que a estupidez e eu andávamos intimamente associados, não guardo recordações de ter feito aquilo para azucrinar quem quer que seja. Para mim, era simplesmente um divertimento. Para outros, aparentemente, era muito giro quando eu brincava com outras pessoas, mas passava a ser um crime quando brincava com eles. É compreensível: todos somos assim.
O jornal teve umas 10 edições e só me arrependo de uma ou duas notícias. Talvez duas: uma logo na primeira edição, pelo timing que se revelou, como sempre no meu caso, errado, e outra porque levou a mal entendidos por, bem, sarcasmo superlativo, o que foi errado, e que em mim não se deve estranhar. Achei o balanço muito positivo a um nível pessoal, e deixei de o fazer porque não gosto mesmo de arranjar confusões (mais um mito sobre mim que cai, assim). É por esta razão, e por outras razões que abandonei tambéms os Óscares. Eu costumo brincar com tudo, e às vezes quem está à nossa volta não gosta que assim seja. Está no seu direito.
sábado, setembro 02, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
e para quando se pode ler isso?
Vitor H.
oscares e a famosa comitiva mtas foram as actividades organizadas por este grupo de amigos k apenas pensava em divertir-se divertindo o resto do pessoal. foi a loucura...
Enviar um comentário