quinta-feira, janeiro 04, 2007
Mau presságio
Este ano de 2007 começou com duas grandes desilusões no que ao cinema diz respeito, por razões diferentes. Eram duas fitas, uma vista no cinema e outra em casa, que aguardava com ansiosamente pelo seu visionamento. Não sei se isto se deve às minhas próprias expectativas, mas o certo é que ambos os filmes me deixarm um sabor amargo.
A primeira foi "The prestige". Este tinha um pedigree do camandro, com Christopher Nolan (o sr. "Memento" e "Batman begins" ao leme) e um elenco com gente do calibre de Huck Jackman, Christian Bale, Scarlett Johansson e Michael Caine, numa história passada no mundo da magia e da ciência dos finais do século XIX. Nolan quer construir o sue projecto como se de um truque de magia se tratasse, com 3 actos, em gradação de surpresa, sendo que o último, chamado precisamente Prestige, era o que nos devia deixar pregados à cadeira. Ora, não é o que acontece. Ou sou eu que já vi muitos filmes, ou então ele fracassou no seu intento, pois os dois pormenores necessários para haver surpresa no final descobri-os a meio do filme. Não os vou aqui revelar, mas basta ter dois dedos de testa e ter os olhos bem abertos. O que é pena, pois o filme tem duas excelentes interpretações (Bale e Jackman) e é um conto moral sobre o que acontece quando nos deixamos levar pela obsessão e pelo desjeo de vingança. Acaba por ser uma semi-desilusão, pois se o filme é bom, porque o é, poderia ser uma fitaça daquelas, se Nolan não se tivesse deixado levar pela tentação de ser Luís de Matos por uma vez. Nem todos os cineastas podem ser mágicos...
Ainda mais desiludido fiquei eu com "Hard candy", um filme do qual esperava bastante. Gosto bastante de filmes baseados em diálogo e confrontos de personagens, e este parecia ser mesmo uma peça de teatro filmada, centrada em dois actores (Patrick Wilson e a espantosa Ellen Page), com um tema polémico a apimentar a coisa: a pedofilia. No final, devo dizer que foi hora e meia desperdiçada: o argumento é muito menos ambíguo do que se anunciava (para quem não sabe, a personagem de Page prendia e de Wilson e tentava obrigá-lo a confessar ser pedófilo) e 90% do filme têm um sentido de vilã/vítima que torna o filme imensamente chato. Os personagens não são bem desenvolvidos, as suas motivações raramente explicadas e o duelo verbal entre duas excelentes interpretações (que foi o que me levou a ver o filme mesmo após me sentir defraudado à primeira meia hora) acaba por sair fraco devido à falta de consistência dramática. este filme acabou por ter mais louvores do que devia, porque a) é um filme independente, b) não acaba bem, c)parece visualmente muito modernaço e d)subverte temas estabeleciso, neste caso a pedofilia. Não só o filme não tem grande interesse, como tenta ser cool à força. Isso nunca é bom.
E tudo isto me deixa apreensivo em relação a "Babel", filme que espero ansiosamente há muito. Medo...
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