terça-feira, janeiro 23, 2007

O início de tudo


Rever a primeira temporada de "The X-Files" é como regressar ao meu mito fundacional: se Portugal o tem em Guimarães, eu tenho-o nos idos de 95, nas sextas-feira à noite na 4 (hoje TVI). Era aí que me deliciava, à razão de dois por noite, com episódis dessa série que constriuiu certamente parte daquilo que eu sou hoje, criativamente e intelectualmente falando. Se eu tivesse que escolher uma lista das pessoas que mais me marcarm na vida, acho que os meus pais ficavam de fora, mas Mulder, Scully e Chris Carter estavam lá de certeza.
Vejo bastantes séries de televisão com muita qualidade, mas igual à imensa energia criativa que circulou nas primeiras 5 temporadas de "The X-Files", jamais. A dupla Mulder-Scully é parte desse encanto, não devido à tensão sexual existente entre ambos 8que a há), ma sporque são dois personagens incrivelmente complexos e simultaneamente interessantes de um ponto de vista de pop-culture. São umas das melhores parelhas jamais criadas em qualquer médium artístico. Parte deste sucesso desemboca em Chris Carter, que soube ser diferente. Para aqueles que dizem que "The X-Files" é filha directa de "Twin Peaks", aconselho visionarem as primeiras temporadas das respectivas séries e a traçarem conclusões. A criação de Chris Carter deve mais aos filmes de terro da Hammer e aos serials fantásticos da década de 70.
É por isso que, ainda hoje, a minha paixão não morre, está claro. Daqui a 30 anos, esta série será ainda lembrada como a grande criação que é, enquantou outras se desvancerão. Enfrentando o tradicional preconceito contra a ficção científica e o horror, digo que vi poucas séries tão intelectualmente estimulantes como "The X-Files". tenho pena que tivesse deixado, a certa altura, de fazer parte de um culto de poucos. Quando a coisa rebentou e se tornou fenómejno, senti como se me tivesem roubado qualquer coisa. E ainda me sinto: estou sempre à espera de ver Mulder e Scully a reaparecer em qualquer momento, seja numa qualquer escotilha ou mesmo num hospital, passando por um médico de bengala.

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