segunda-feira, dezembro 28, 2009
A maçonaria com GPS
Desde o dia sete de Julho deste ano que me iniciei numa espécie de irmandade secreta, que em nada contribui para a minha ascensão social. Fui desviado por amigos, pois até participara nas suas iniciativas sem ser membro, e fiquei fascinado em como uma coisa tão simples e mesmo infantil podia enfeitiçar tanto homem feito adulto. Eles têm códigos próprios, nomes específicos de irmandade e até cumprimentos especiais, como DNF ou FTF. Têm objectos de adoração, chamados geocoins e travelbugs, que guardam como os Templários guardavam Jerusalém. Tratam os não iniciados de forma diferente, apelidando-os de muggles, mas raros são aqueles que usam de preconceito contra eles, preferindo tentar convertê-los à sua causa. Andam por aí com aparelhómetros da mão à procura de tupperwares, invólucros de rolos fotográficos e outras embalagens que designam como containers.
São gente estranha.
Eu, como gajo estranho, tinha de aderir, pois claro. Criei para mim um desses nomes próprios da irmandade e agora saio ocasionalmente em aventuras por sítios e lugares, ocasionalmente olhando a morte nos olhos (como descrevi há uns dias), conhecendo pessoas e acima de tudo, recuperando um certo sentido de mistério de deslumbramento que só se alcançam viajando e conhecendo sítios novos. Faz até lembrar escutismo, mas aquele que fazia quando era bem mais novo, em caças ao tesouro.
Esta coisa chama-se Geocaching. Rouba tráfego de satélite que até pode servir para salvar vidas só para encontrar umas vulgares caixinhas. Quanto mais penso, mais me lembra a Maçonaria. Mas duvido que alguma vez tipos de barrete, frontal e impermeável venham a influenciar os destinos de Portugal
quinta-feira, dezembro 24, 2009
Não há cá boas festas para ninguém...
...mas se eu tivesse um grama de espírito natalício no meu corpo, seria algo tipo isto.
terça-feira, dezembro 22, 2009
domingo, dezembro 13, 2009
O Geocaixão
Tornei-me já há algum tempo aficcionado do geocaching, uma brincadeira/desporto/maluqueira/substituto de droga (riscar o que não interessa) que me levou a comprar um GPS que não me servirá para mais nada que não isto. Investimentos que dão frutos: esse era o meu nome do meio até o meu pai ter sugerido Simões.
O geocaching consiste em caixas que uns escondem e outros procuram através de coordenadas GPS. Alguns geocachers (o nome das criaturas que brincam a isto) colocar-me-ão em fogueirs por reduzir o jogo a esta simplificação, mas é exactamente o que a coisa é. Eu fazia disto nos escuteiros, chamava-se "Caça ao tesouro". Aqui, juntamente com uma maior elaboração dos esconderijos, não tenho é de andar fardado nem pretender que tenho crenças que não possuo.
Costumo praticar isto com uns amigos e vamos por aí cachar. Bela vida. Só que há uns dias, ia-se transformando, numa bela morte.
Estávamos nós a percorrer um trilho pelo meio do mato, quais sete anós (só que sendo cinco), num final de tarde que já parecia noite cerrada, quando a coisa se deu. Um passo dado em segurança que rapidamente se transformou numa queda livre barreira abaixo.
Não sei se me apercebi do que estava a acontecer, honestamente. Sei que apesar de estar a mergulhar para uma morte certa, não gritei, disseram-me mais tarde. Apenas me viram desaparecer, e pensaram que era brincadeira. Eu também devo ter pensado isso.
Uns quatro, cinco metros depois, aterrei em algo que me pareceu folhagem. Como disse, era de noite, estava escuro. Mas sei que havia mais espaço para preencher até ao chão. Passara lá de dia e tinha essa memória. Aquele colchão estava parado ali, em pleno ar, como uma mão estendida para apanhar as minhas costas. Uma pessoa mais impressionável teria sido obrigada a reconsiderar a sua falta de fé. Trepei barreira acima e encontrei os meus companheiros incrédulos, a perguntar-me se estava bem. Não tinha um arranhão e na minha cabeça, aquilo fora tão anormal como acordar de manhã.
Isso foi o mais estranho. O não sentir nada de anormal. Aliás, eu não senti o que quer que fosse durante o tempo de queda: não senti medo, raiva, tristeza. Nem sequer senti que podia morrer e isso ter grande consequência nop meu estado de consciência. Era como se me fosse indiferenre morrer ou viver. Talvez tenha sido choque, não sei. Mas essa é a coisa que guardo desta experiência: será que não tenho não vontade de viver? Sei que não quero morrer. Devo estar num limbo entre estas duas coisas.
Enquanto não descubro a solução disto, faço caixas. Pode ser que nalgumas delas esteja a solução do enigma.
quinta-feira, dezembro 03, 2009
A década dos zeros - Televisão, 1
A década que finda agora em 2009 marca um renascimento da televisão como meio de entretenimento. Assistimos a uma idade de ouro da ficção televisiva, principalmente na ficção dramática. A quantidade de boas séries desta década parece uma improbabilidade estatística. O mais impressionante é que podemos encontrar qualidade não só em programas criados e desenhados para serem obras de arte em si, mas também naqueles que,procurando audiências, não descuram o seu valor como objectos artísticos.
Não sendo minha especialidade teorizar largamente sobre media e afins, é melhor passar ao que este post quer tratar: as séries em si. Nesta primeira parte, deixam-se quatro séries que, na minha opinião, definiram a década que passou. Não serão necessariamente as melhores, por isso calma lá com os cavalinhos. São apenas pistas que marcaram os 2000´s, lançando modas e tendências.
"24" - A série criada por Joel Cochran e Joel Surnow foi a primeira vítima do 11 de Setembro. Uma das histórias que se desenrolava no episódio piloto retratava a queda de um avião no deserto de Mojave,e à conta da brincadeira, a sua estreia foi adiada um mês. Foi um prenúncio para o que "24" simbolizou: o drama televisivo em maior sintonia com o espírito político do seu tempo. Aparte a sua estrutura dramática revolucionária (cada temporada são 24 horas de um mesmo dia, cada episódio uma hora em tempo real), teve em Jack Bauer o reflexo da administração Bush: um homem patriota até à medula, que acredita que na altura de parar o "mal", os meios justificam os fins e que quem comete um crime, atira os seus direitos pela janela. No entanto, foi a primeira a preconizar um presidente negro, um presidente mulher e na mudança dos tempos, a vilanizar um presidente totalmente bushiano em espírito. Sem ela, o cinema de acção seria diferente do que é hoje, e a adrenalina televisiva das séries de acção não existiria com a mesma pujança.
"CSI" - Da lavra de Anthony E. Zuiker e Carol Mendhelsson, "CSI" abriu uma caixa de Pandora, que parece inesgotável na sua fartura de criar ficções em redor da ciência forense aplicada a investigação criminal. O pai de todos os "procedurals" da década que agora finda é muito simples e tem uma fórmula intemporal: crime cometido, investigação realiza-se, criminoso apanhado. A sua diferença reside no foco que existe no trabalho que habitualmente era subentendido em séries policiais, ou seja, o de laboratório. "CSI" junta a fórmula antiga e a moderna de forma eficaz, utilizando um estilo de realização apelativo e a beleza sinistra de Las Vegas para se criar e criar um sucesso que gerou duas spinoff (em Miami e Nova Iorque, cada uma com um estilo independente, nomeadamente a versão capitaneada pelo inenarrável Horatio Caine), mas nenhuma superior à original, e Gil Grissom continua a ser a razão pela qual tantos espectadores se sentem atraídos pelo original. "CSI" apela ao nosso instinto básico de vermos os malvados sempre punidos e sem ela, não haveria toda um década de crimes por resolver por dezenas de polícias ficcionais.
"House" - Hoje já não é novidade, mas quando surgiu, "House" era uma série irreverente. Seis anos já deram para nos habituarmos ao rezingão da bengala, mas em 2004, haver um personagem arrogante e abrasivo a liderar uma série era diferente. Não é que fosse a primeira vez que tal acontecia: "Profit", uns anos antes, usara este esquema, mas fora um fracasso. Nas comédias, o esquema é habitual. "Seinfeld" utiliza 4 personagens principais cheiinhas de defeitos e picuinhices, mas a comédia lida melhor com estes personagens como fonte de riso. Agora, o drama televisivo, e ainda por cima hospitalar, a ser varrido por sarcasmo e ridicularização? Parecia blasfémia! Mas vingou, provando que o nosso gosto como espectadores mudou bastante. "House" tem também alguns dos one-liners mais inspirados pós-Woody Allen e em Gregory House/Hugh Laurie um das melhroes combinações personagem/actor da década, numa fusão estranha entre comédia e construção dramática que resulta estrondosamente. Sem "House", não haveria "Lie to me", "Mental" ou mesmo "Dexter".
"Lost" - Uma série que mistura uma ilha bizarra, viagens no tempo, ursos polares, ficção científica, foca 14 personagens e ainda por cima segue um esquema de serial, nunca por nunca poderia dar um produto de sucesso em televisão. Isto seria verdade, se não tivesse surgido "Lost" para subverter a lógica de que uma série de grandes audiências tem de ser obrigatoriamente simples, episódica e com episódios com história contida. A criação de Damon Lindeloff e J.J Abrams surgiu do nada, com a adrenalina dos melhores thrillers, a complexidade de um enigma bem esgalhado e um tratamento dramático de personagens que nunca é esquecido por todas as reviravoltas da história. Este equilíbrio entre o apelo da nerdland e aquilo que faz o gosto do espectador comum fez com que "Lost" tivesse uma média de 15 milhões de espectadores na primeira season e apesar de o número ter vindo sempre a decair, foi gerindo o culto com o arrojo de quem sabe estar a contar uma história e não cede perante ninguém. É preciso tomates para isto. Sem "Lost", não existiriam "Heroes", "Flashforward", ou a nova versão de "V".
segunda-feira, novembro 30, 2009
Opções
O destino será cumprido
Esta promo está sensacional e encapsula em meio minuto quase tudo o que me leva a delirar com "Lost.
segunda-feira, novembro 23, 2009
Um prego pelos tímpanos
domingo, novembro 22, 2009
Miscelânes 21
- O homem do rabo mecânico
- James Bond e a realidade: parte 1
- A ninfomania não é emergência para 112, caro senhor...
- Hipopótamos pigmeus na Austrália
- As bactérias no combate às minhas anti-pessoais
-Sempre soube que o amor e a inveja andavam de mãos dadas...
- Mitos acerca deste infame 2012... arrasados
- O fenómeno das ladeiras magnéticas. Há uma em Braga!
- Pássaros enlutados
-O fenómeno das pedras rolantes no Death Valley, EUA
- Uma foca leopardo vira ao contrário as nossas percepções acerca de predadores sem sentimentos
- O regresso de Michael Jackson!
sábado, novembro 21, 2009
Espirros colados com muco
A tosse é o novo preto, e não coloco isto como uma afirmação estética. É uma declaração de ostracização. De cada vez que estou no meio de um aglomerado de gente e decido tossir (ou melhor, decide a minha boca por mim), sou olhado de lado como se fosse um afro-americano a passear-se pela Georgia ou Alabama nos inícios do século passado. A diferença é que não anda aí nenhum grupo de indivíduos encapuçados a querer o meu sangue: eles hoje usam fatos hazmat e não andam tão disseminados pelas avenidas.
Tenho uma simples constipação. É uma coisa que me dá todos os anos durante o Inverno e já a espero resignado, antecipando espirros que me deslocam a retina, ranho suficiente para encher os diques holandeses e uma espécie de deserto do Atacama que se instala pela minha garganta abaixo. Pensei que estávamos todos habituados a ela. Infelizmente, esta gripe A veio alterar o paradigma (quem pensava que este blog se andava a afastar da intelectualidade rejubila, pois o uso da palavra paradigma em textos eleva-os automaticamente ao nível ensaístico superior). Tossidor é como se fosse um leproso e cria à sua volta uma certa área de segurança, o que não dispiciendo quando nos encontramos em elevadores e detestamos contacto corporal desnecessário.
A minha constipação já me é desgradável, a última coisa de que precisava era deste estigma que se tem de carregar apenas porque o nosso nariz está tão atulhado que cria o reflexo de fungar. Já me basta com a constipação arrede grande parte da minha coerência interna; não necessito que me arruine a externa também. E porque é que estão a ler esta encasinação toda? Por causa dela mesma, da maldita fungadora espirradora.
Hum... talvez a designação de epidemia não seja tão exagerada assim então...
quarta-feira, novembro 11, 2009
terça-feira, novembro 10, 2009
"Fight club"
Um tipo com a mania das importâncias como eu tem obrigatoriamente o dia em que calhou nascer. 9 de Novembro tem de tudo: eleições históricas, atribuições de prémios Nobel, golpes de estado decisivos, assinaturas de armistícios e, o mais conhecido, quedas de muros que durante décadas separaram a capital de um determinado país do centro da Europa.
Há uma década, uma outra efemérida juntou-se a esta lista: estreou em Portugal um filme que concentrava em si a angst do fim de século, um certo mal-estar entre pessoas com a idade a rodear os trinta anos, e que se viria a tirnar o filme definitivo de culto para o século seguinte. Lembro-me de ter ido mais um amigo meu vê-lo, cm celebração do meu aniversário. Atraiu-me porque gostava do realizador e o trailer pareceu-me enérgico e divertido. Quando saí daquela sala, estava transfigurado. O filme batera-me com determinada força e soube aí, de certeza, que iria estar a falar de "Fight club" durante muito tempo.
Revi-o na semana passada e fiquei espantado pelo facto de o seu poder anárquico não ter desaparecido. De facto, continua a manter a sua subversão dez anos depois, mostrando que o mundo não mudou tanto assim e que certas coisas na natureza humana se mantiveram inalteradas: o materialismo, um certo desenraízamento e uma falta de tomates para mudar as coisas. Outra das suas forças continua também, que é a incapacidade que temos de categorizá-lo. É um thriller? É um filme de luta? É uma comédia? O que defende afinal? Valores de esquerda? Valores de direita? E será que defende alguma coisa? De qualquer forma, consegue ser um paradoxo interessante: um anúnio de publicidade muitíssimo bem feito, estilizado, acerca do materialismo.
As razões que o levaram a transformar-se num filme de culto definitivo também esperam teorização. "Fight club" foi inicialmente um fracasso comercial; quando os executivos da FOX, o estúdio que o produziu, viram o produto final, começaram a perguntar-se como teria sido possível terem dado luz verde a uma obra tão transgressora. Raramente se terãolido críticas tão revoltadas a um filme, principalmente do ponto de vista moral. Nem Michael Bay, que faz pornografia artística, terá alguma vez tido tal reacção. O filme estreou na pior altura possível, poucas semanas depois do tiroteio no liceu de Columbine, e falava a uma geração de alienados, que viam outros como eles a embarcar alegremenete em actos que podem ser considerados terroristas. No entanto, teve uma fortíssima recepção em DVD, vendendo seis milhões de cópias, e entou na cultura popular. A frase "The first rule fo Fight Club is you do not talk about Fight Club" é facilmente citável, entre outras tiradas do filme ("I'm Jack raging bile duct"; "You're not your fucking kakhis!"); o estilo de moda de Tyler Durden, ícone stylish encarnado por Brad Pitt, com o seu casaco de cabedal vermelho e as suas camisas havaianas, inspirou estilistas e o cidadão comum; e a proliferação de mitos urbanos acerca de clubes de combate reais garantiu a sua imortalidade. Para além disso, segundo Chuck Palahniuk, o autor do livro que dá origem ao filme, é o filme de namoro perfeito. Fincher descobriu que, estranhamente, são as mulheres jovens que mais atingem o sentido de humor do filme, talvez por este girar em torno da postura macho da criatura masculina.
Um enorme filme, e isso é o que interessa, para lá de todas as teorias e relevâncias socio-políticas. Fincher no topo das suas faculdade, Pitt e Norton com uma química imparável e um final que dispensa qualquer epíteto de tão emblemático: em 11/9/2001, eu recordei-me disto. Não pode ter sido por acaso.
P.S: Tim Burton pode ser o marido e rei do estranho, mas ninguém utilizou tão bem a bizarria inerente a Bonham-Carter como David Fincher o fez neste filme
quarta-feira, novembro 04, 2009
Miscelâneas 20
- Árvores a actuar como incendiários
- Na Polónia, hóstia transforma-se em coração humano... or so they say
- O pior disfarce de sempre usado num assalto
- Mulher engole 78 peças de cozinha
- Demasiado gordo para ser considerado culpado
- Mulher fractura coluna ao espirrar
- Uma sessão espírita no Twitter
- Cientologia condenada por fraude em França
- Pedra misteriosa encontrada junto a uma igreja templária na Escócia: Dan Brown rejubila com possibilidade de novo livro
- Tubarão branco de mais de dez metros é quase partido em metade por uma criatura desconhecida
sábado, outubro 31, 2009
O etíope de Celas 1
Porque estou a comer que nem um desalmado neste restaurante? Primeiro, porque não sou eu pagar; em segundo, porque na semana passada, em plena reunião de condóminos no meu prédio, soou-me estranha a quantidade de casacos que estavam a depositar na minha cabeça. Quando inquiri os presentes acerca do facto, susto e horror encontraram as minhas interrogações, pois nas palavras emotivas de Anacleto Parlímpio, nunca em toda a história ouvira um cabide falar, tirando uma conversa fantasmagórica com o espírito do seu falecido irmão, onde trocaram receitas e massas e o defunto lhe aconselhou excelenteslocais onde se pode estacionar na Baixa sem ser multado.
Tive obviamente de provar que era um ser humano de pleno direito e quase falhei, quando escolhi como comprovativo entoar "Magníficos dias atlânticos", dos Ban, em folclore transmontano, o que lançou rumores que era afinal um papagaio. No entanto, um médico presente analisou-me e sossegou a plateia, embora inicialmente estivesse convencido de que eu podia ser uma cómoda Luís XVI.
Porque fui confundido com um cabide? No caso da senhora Argamindo, cuja idade não sei, mas ainda se lembra de uma altura em que Salazar era parecido com Diogo Morgado, isso deve-se a uma miopia equivalente à do Mr. Magoo; no caso dos restantes, a minha magreza sub-saariana. Os gordos queixam-se de serem maltratados e gozados pelo seu físico, mas gostava de perguntar quantos deles foram declarados propriedade de Desporto Escolar enquanto crianças e utilizadospara bater recordes nacionais do lançamento da vara. Possuo este mal enquanto criança e tem sido difícil conviver com ele. Ninguém sabe se é genético ou culpa minha, mas o facto é que o meu tio moldavo fizera uma carreira bem-sucedida como papel de parede. Os meus pais nunca me negaram amor e carinho, e a minha mãe achava o meu estado particulamente extraordinário, principalmente porque tínhamos sempre falta de paus de espetada em casa. Mais: os gordos fazem choradinho, mas toda a gente tem na memória uma figura cheia com qualquer qualidade redentoras. O gordo bonacheirao, por exemplo. O gordo generoso, por exemplo. Os magros são sempre magros e por serem tão finos, condenados a escapar pelas frinchas da nossa memória. E no mundo da moda, se uma modelo tiver mais peso, é porque anda a comer muito; se for esquelética, tem uma doença nervosa. O gordo é associado a nações poderosas, como os Estados Unidos; o magro é geograficamente recambiado para o Sudão ou para a Etiópia. É uma enorme cruz a carregar ser magrela e ao contrário dos gordos, não temos massa corporal suficiente para carregá-la.
Programas de televisão deprimentes
quarta-feira, outubro 28, 2009
segunda-feira, outubro 26, 2009
I just love it when a plan comes together...
Ainda não estou convencido pelo novo B.A Baracus, mas Liam Neeson tem uma pinta descomunal como o coronel Hannibal. Este nova versão da mítica série dos anos 80 pode, no fim de contas, ser uma coisa com pinta. Pontos bónus para Sharlto Copley, que encaixa no papel de Murdock, e Bradley Cooper parece trazer o smooth operator Face para uma nova era.
Miscelâneas 19
- Descoberta a mais antiga cidade submersa
- A verdadeira mulher-gato
- Homem reza com empregado bancário, abraça-o e depois, assalta-o
- Cidade neo-zelandesa cancela concurso de lançamento de coelhos
- Versículos do Corão aparecem misteriosamente na perna de um bébé
- Peixe mediterrânico pescado ao largo da Escócia
- "Este veículo é topo de gama, bancos com estofos de pénis de baleia"
- E eis que Jesus aparece novamente... Mas na porta de uma casa de banho
- E também continua a saga dos grandes gatos vistos onde não seriam esperados
quinta-feira, outubro 22, 2009
A resposta
sábado, outubro 17, 2009
Sugestão da semana: "Glee"
Premissa: Numa escola secundária norte-americana, um professor de espanhol Will Schuester, tem um sonho: ressuscitar o Glee Club, o correspondente escolar a um grupo de coristas da Broadway. O seu problema é acaba por se deparar com todo um conjutno de estereótipos de freaks de escola: o paraplégico nerd, a gorda, a gótica, o gay não assumido e ainda uma rapariga que até é gira, e ninguém sabe muito bem porque a põe de lado, até se descobrir que tem dois pais gays. O desafio de Schuester e criar um Glee Club que consiga ganhar os campeonatos regionais e vai ter de procurar artistas noutro lado. Pelo meio, a sua mulher engravida, e não engravida; tem a professora responsável pelas cheerleaders disposta a fazer-lhe a vida negra; e uma professora da escola que tem graves problemas com germes está apaixonada por ele.
Opinião: "Glee" é uma série de risco, porque arrisca embarcar num género que nunca conseguiu ser bem sucedido em programação semanal: o musical. A última tentativa, "Viva la Laughlin", fracassou miseravelmente, apesar de ser apadrinhada por Hugh Jackman, e contar ocasionalmente com a sua participação. No entanto, parece-me que desta vez a coisa poderá resultar: a série é cómica, com um pé bem fincado na sátira a produtos do género "High school musical", o musical nunca usa artifícios do género "Agora o gajo está a sonhar e pessaol vai bailar", porque incorpora maioritariamente números de palco e aproveita músicas existentes, em novas versões, o que pode garantir sucesso junto do público. A escrita é um dos pontos fortes da série e nota-se o dedo de Ryan Murphy, o criador de "Nip/Tuck", que é co-criador de "Glee". Ajuda que os intérpretes tenham, na sua maioria, experiência musical na Broadway e que, por uma vez, correspondem ao estereótipo que representam. O destaque vai, no entanto, para alguém que não tem um único número musical na série, e que é a actriz Jane Lynch, a coisa mais engraçada da nova temporada televisiva, que trata as brilhantes linhas de diálogo que lhe dão como um ourives judeu trata os diamanetes que lhe chegam em contrabando a Antuérpia.
Recomenda-se a: Apreciadores de musicais, pessoas que precisem de desopilar o juízo e pessoas de bom gosto no geral
terça-feira, outubro 13, 2009
Dízimo
Obama, dá esse Nobel fajuto a esta mulher, que resolveu um problema maior do que o teu clube de fãs!
segunda-feira, outubro 12, 2009
Aleluia!
Se isto contribuir para o fim dos circos? E que mal traz isso ao mundo?
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1404848
terça-feira, outubro 06, 2009
Justice be served
A Suíça é um país no centro da Europa que é conhecido, entre outras coisas, pelos seus queijos. Por isso, nada mais apropriado do que ser o palco de uma ratoeira que foi montada a Roman Polanski no dia 27 de Setembro, quando este, numa ocasião rara, saiu de França, onde está instalado desde 1977, para receber um prémio de carreira no festival de cinema de Zurique. A razão que levava Polanski a viver praticamente cativo em território gaulês foi a mesma que levou ao fechar da ratoeira: a fuga do realizador dos Estados Unidos, há 32 anos, sob acusações de violação de uma menor.
Primeiro, vou já esclarecer uma coisa que poderá não parecer evidente: não acho piada a violações, e também me faz espécie a violação de menores. Por estranho que isto possa parecer, podemos estar contra estes crimes horrendos e ter uma posição favorável a Polanski neste assunto. O que está aqui em causa não são as nossas posições morais, mas sim a imoralidade subjacente a um caso que, se os EUA tivessem juízo, deixavam morrer e ser esquecido, porque é vergonhoso para o seu sistema legal. A imprensa aborda o caso pela rama, com parangonas: Polanski violou uma menor e fugiu. Claro que, como disse Faulkner, os factos e a verdade raramente são a mesma coisa.
Polanski enfrentou o tribunal em 1977, de facto, e foi punido: declarou-se culpado, e aceitou um acordo entre a procuradoria geral californiana e os seus advogados, que lhe trocava o tempo que teria de cumprir na prisão, 30 anos, por uma estada de 90 dias numa clínica psiquiátrica. Pode parecer-nos estranho este acordo, mas grande parte das acusações eram muito ténues: a menor dissera que não fora violada ( o que mudava o quadro penal por completo para sexo com menor, que é um crime mais leve no sistema judicial americano), as acusações de drogas podiam ser perfeitamente atribuídas a outras pessoas presentes na mesma casa (como Jack Nocholson...) e qualquer advogado minimamente competente teria conseguido defender Polanski com dois factos simples, capazes de solciitar a simpatia de um júri: a sua mulher, Sharon Tate, fora assassinada pela família Manson três anos antes, e a simples infância de Polanski, sobrevivendo ao gueto de Varsóvia e vendo os pais morrer à sua frente às mãos do exército nazi, poderiam fazer um júri deliberar a seu favor. Para além disso, quando foi a última vez que viram uma estrela a ser condenada?
Polanski aceitou cumprir os 90, presumivelmente para se curar destes desvios. No entanto, o juiz Lawrence Rittenband, que presidia ao caso, foi o protagonista da manobra que acelerou o desfecho conhecido. Rittenband nunca escondeu que desejava ardentemente enfiar o polaco na prisão. Um procurador, David Wells, que nem tinha nada a ver com o caso, ajudou-o a mudar a sentença, à revelia, para a sua forma original de 30 anos de prisão. Sabendo disto, Polanski meteu-se no primeiro avião e fugiu para França, país do qual tinha obtido cidadania tempo antes. No documentário de 2008 "Roman Polanski: wanted and desired", Wells assume isto publicamente. Claro que mal Polanski foi detido em território suíço, vei dizer que tinha mentido... Se eu estivesse no lgar de Polanski, mesmo culpado, tinha feito o mesmo se sentisse que me estavam a tirar o tapete. Isto não é nada mais do que o espectáculo degradante do processo judicial nas teias mediáticas, mais do que o alcançar ou não de justiça. Linda Geitmer disse no documentário acima mencionado que o maior dano nesta situação não lhe foi infligido por Polanski, mas sim pelos jornalistas e toda a máquina legal que quis condenar um "playboy polaco", um "anão malvado" explorando o seu sofrimento. "Forget it, Jake. It's Chinatown".
Uma palavra final para a Suíça, um país que visitei várias vezes e admiro de um ponto de vista turístico e cívico, mas acho dos países mais moralmente hipócritas do mundo. Este país, que agora se arma em paladino da justiça, foi o mesmo que aceitou nos seus bancos, sem pestanejar, ouro que os nazis roubaram aos judeus durante a 2ª Guerra Mundial, e o manteve durante o restante século XX, repelindo qualquer tentativa legal de revertê-lo às vítimas do Holocausto. A sua neutralidade de fachada é hipócrita, de facto. É irónico que tenha levado a mão à consciência precisamente contra um judeu que viveu na pele os horrores do extermínio nazi. A História tem, muitas vezes, destas coisas poéticas. Mas Harry Lime, personagem do filme "The third man", resumiu bem a falta de relevância da Suíça e da sua chata neutralidade: "In Italy, for thirty years under the Borgias, they had warfare, terror, murder and bloodshed, but they produced Michelangelo, Leonardo da Vinci and the Renaissance. In Switzerland, they had brotherly love, they had five hundred years of democracy and peace—and what did that produce? The cuckoo clock."
Por último, e tendo em conta esse grande festival de cinema de Zurique, digam-me o nome de um grande filme suíço. Só um.
Pois, bem me pareceu...
sexta-feira, outubro 02, 2009
Risca da lista!
Da minha lista de "Coisas que tenho impreterivelmente de fazer antes de quinar", já posso retirar "Ver a minha banda preferida ao vivo"; e que grande concerto! Foi aquilo que eu pensei que ia ser, e ainda mais. Foi uma experiência extraordinária, desde as esperas das filas, até sair do concerto com as pernas a não me quererem obedecer por ter puxado demasiado por elas. Precisava de um par delas novas no final.
Billie Joe Armstrong é um dos grandes frontman da actualidade no que toca a espectáculos ao vivo. O homem não deixou ninguém estar parado durante as duas horas e um quarto que aquilo durou, e leva o conceito de interactividade ao máximo, chamando elementos do público para tocar guitarra e cantar música, ou mesmo participar em encenações e brincadeiras com pistolas de água. No fundo, ele não é apenas um músico: é também um espectador como eu, e por isso, sabe exactamente o que os espectadores mais esperam do concerto.
Adorava repetir esta experiência, e seja qual for a próxima data portuguesa dos Green Day, só posso dizer que já vêm atrasados!
Pontos altos:
- "Boulevard of broken dreams", com o público a cantar metade da canção sem que a banda tivesse hipótese de tocar qualquer instrumento.
- "Welcome to paradise", o momento em que os fãs de sempre, como eu, realmente entraram nas músicas que foram ali para ouvir
- "Brain stew", porque é uma daquelas músicas que dá sempre cabo de mim
Ficaram a faltar estas cinco, pelo menos
- "When I come around"
- "Peacemaker"
- "Walkking contradiction"
- "The grouch"
- "Warning"
E é assim.
quinta-feira, outubro 01, 2009
Ajudem-me!
sábado, setembro 26, 2009
"The hurt locker"
Um dos grandes filmes de 2009 está, neste momento, nas salas de cinema, sem grande publicidade e alarido, apesar de ser uma experiência de cinema visceral e profundamente realista capaz de fazer alguns filmes de acção recentes parecerem episódio da "Hannah Montana". Chama-se "The hurt locker", e é realizado por Kathryn Bigelow, uma mulher que tem vindo a construir uma carreira sólida e sorrateira (com filmes como "Point Break", "Near Dark", "Strange days" e "Blue steel"). Bigelow chega-nos com o seu melhor filme até à data e aproveita para estilhaçar um dos velhos mitos do cinema: o de que gajas só fazem filmes de gajas. Com "The hurt locker", Bigelow consegue não só erguer um verdadeiro momento de tensão e adrenalina galopante, como aproveita para tecer um estudo sobre o male-bonding em situações limite e estudar o que verdadeiramente move um homem. Como ela própria admite, tem uma preferência por cenários de limite, sejam esses cenários um grupo de viciados em desporto radicais que roubam bancos apenas para sustentar esse vício ("Point break") ou o tráfico de imagens cerebrais capazes de despertar emoções extremas no interior do cérebro da spessoas ("Strange days"). O relato do dia a dia de uma brigada de minas e armadilhas que opera em Bagdad a desarmar engenhos artesanais que são encontrados parece o indicado para o MO de Bigelow.
"The hurt locker" é um filme atípico: primeiro, é um filme sobre o Iraque que não entra em vias panfletárias: assume, abertamente, que respeita o trabalho dos militares, embora não seja necessariamente pró-guerra. Dinstingue ambas as coisas e fá-lo com sucesso porque é profundamente realista. O que o espectador sente na sala de cinema é o que de mais próximo pode sentir estando distante do local de batalha, e quão desconfortável é esse sentimento. O filme não tem parança: é tarefa atrás de tarefa e mesmo os momentos mais pessoais e de camaradagem estão repletos de fantasmas que não nos deixam estar sossegados. Claramente, um homem num campo de batalha funciona num estado mental diferente da normalidade, e há alguns, como o personagem principal, o sargento William James (numa interpretação absolutamente extraordinária, plena de contenção e de não palavra de Jeremy Renner), que só funcionam nela. O filme é exactamente sobre homens em condições extremas e sobre o seu funcionamento em tais cenários. Um dos poderes do filme, e o que o diferencia de muitos outros, é a sua opção de seguir o soldado comum, em vez de optar por discrusos liberais e tretas políticas que não chamadas para o verdadeiro objectivo. Sabe sempre onde estar e o que mostrar. Em vez de impôr conclusões, dá-nos espaçopara julgar e tirarmos as nossas próprias. Isto é respeitar o espectador.
Claro que a grande protagonista do filme é a bomba, em todas as suas formas e potências. Kathryn Bigelow trata-a com respeito e terror, e faz de todas as sequências de desarmamento de engenhos explosivos verdadeiros duelos entre o homem que desarma e aquele que construiu, que pode muito bem ser um de dezenas de espectadores que estão no cenário a observar toda a acção. É um jogo perverso, de inteligências. Bigelow filma sempre de câmara ao ombro e não precisa de truques de montagem: os planos demoram o tempo que precisam de demorar e a geografia cénica está sempre clara, ao contrário de 90% dos filmes pretensamente tensos. Istoé saber realizar, para quem anda a querer aprender do assunto. Para além disso, a mulher tem em cena um homem contra uma bomba! Quem precisa de truques quando já estabeleceu empatia entre os personagens e o espectador?
Façam um favor a vocês próprios e vão ber "The hurt locker", porque eu começo a ficar farto de escrever sobre filmes sobre os quais não tenho capacidade de escrever. Obras viscerais que se sentem mais do que se pensam. "The hurt locker" é uma dessas obras. Vão senti-la e depois voltem cápara falarmos sobre isso.
sexta-feira, setembro 25, 2009
O maior
terça-feira, setembro 22, 2009
"Inglourious Basterds"
Há realizadores que de filme para filme tiram coelhos da cartola e surpreendem o espectador.Há depois outros cujo Modus Operandi é o mesmo de filme para filme, só muda é o cenário. Case in point? Quentin Tarantino. Os hábitos de Tarantino são há muito conhecidos: ele pega num ou mais géneros cinematográficos de sua predilecção e explora-os com o olhar que apenas um cinéfilo que é ao mesmo tempo um artista pode fazer. Tarantino já explorou, regularmente com sucesso, o "heist movie", com direito de homenagem ao marco visual de fato e gravata preto e branco de John Woo ("Reservoir dogs"; o filme de série B retirado de novelas de 99 cêntimos num cesto ("Pulp fiction"; a blaxploitation e o cinema independente da década de 70 ("Jackie Brown"); o cinema de artes marciais oriental ("Kill Bill"); e mesmo o thriller de série B ("Death proof", que continua a ser o seu pior filme). O novo Tarantino traz-nos um revisitar do cinema de guerra, que deve mais a "12 indomáveis patifes" do que a "Os canhões de Navarone", com um desvio por Sergio Leone. A mistura não parece fazer sentido, mas como Tarantino tem unhas para tocar 300 guitarras, a coisa acaba por se erguer.
Há três histórias cruzadas: a vingança de uma judia, Shosananna (Melanie Laurent), que viu os pais serem assassinados à sua frente quando era criança por um habilidoso coronel nazi, Hans Landa (Christoph Waltz); um grupo de judeus que faz de matar nazis a sua missão e passatempo preferido, liderados pelo temível Aldo Raine (Brad Pitt); e a ante-estreia da última e mais potente obra de propaganda do regime nazi, precisamente num auditório onde estas histórias confluem e que é propriedade de... Shosanna. Pelo meio, há um conspiração para matar Hitler e altos dignatários do regime nazi, com o objectivo de acabar a guerra. Quando Tarantino abre o filme com um primeiro capítulo intitulado "Era uma vez na França nazi", o aviso é claro: ninguém vai ver um filme histórico, e quem pensa isso, vai obviamente enganado por seu próprio erro. "Inglourous basterds" é um conto de fadas bem engendrado, que faz as delícias de quem gosta de rever uma ou outra coisa acerca da História Mundial, nomeadamente se for judeu. Num certo sentido, e tendo em conta as acções do Basterds, pode-se dizer que o filme é quase pornografia judaica. A violência, uma das imagens de marca de Tarantino, é, como em todos os seus filmes, justificada e nada gratuita. O filme tem momentos violentos, mas sem nunca parecerem deslocados. Estamos a falar de um grupo que tem como ídolos um tipo que espanca judeus com um bastão de basebol e outro que tem a compulsão de matar oficiais SS apenas porque sim. O mais interessante é que podemos dar por nós a exigir violência, porque os nazis têm de ser odiados pela ideia que temos dele prévia ao filme. Nisso, o filme não tem grande ambiguidades: há bons e há maus. Tarantino não quer escrever dramas complexos, nem Shakespeare: quer entreter e a melhor maneira é esclarecer logo quem tem a boa missão e a má.
Claro que este filme sofre de dois males de que habitualmente o Tarantinização sofre: primeiro, não personagens realmente complexos, tirando talvez Landa, que acaba por ser mais um vilão bizarro do que um personagem cheio de camadas. Shosanna (que é muito bem interpretada por Melanie Laurent) era uma boa oportunidade, que a certa altura pode lá ir, mas Tarantino prefere deslumbrar-se com o seu estilo e a sua maravilhosa habilidade para escrever diálogos do que seguir pelo caminho que seria mais interessante. Mas afinal não é issoq ue nos leva a ver os seus filmes. O segundo aspecto negativo é que "Inglourous Basterds" parece mais uma colecção de exclenetes cenas do que um objecto coerente e homogéneo, o que é natural pelas pontas soltas deixadas por todas as histórias. Quem vê o filmes, fica com a sensação de que o realizador quis realmente escrever uma história a sério sobre estes Basterds, mas a certa altura se deixou levar pelas outras duas narrativas. Ainda assim, uma cena de vinte minutos que se desenrola numa taberna francesa é, condensada, uma aula de guionismo para cinema.
O grande destaque do filme é o extraordinário Christoph Waltz, que interpreta Hans Landa, o "caçador de judeus", como alguém fascinante e contraditório, numa mistura de Hercule Poirot e criança de 10 anos. Penso não andar muito longe quando digo que a interpretação de Waltz é o correspondente para os vilões daquilo que Johnny Depp fez para os piratas com Jack Sparrow: uma interpretação surpreendente, que nos mantém na incerteza e algo de completamente do que tínhamos visto até agora. Quando ele entra em cena, o filme parece meter uma mudanaça acima! Uma certeza posso já dar: estará nos Óscares, marquem nas vossas apostas.
Filme recomendado para quem gosta de entretenimento inteligente e cinéfilo. Fala-vos um tipo que se riu logo na primeira cena dofilme por causa de uma referência de banda sonora. Pertenço ao mesmo clube de Tarantino: o dos geeks. A diferença é que ele tem um Oscar e a Uma Thurman.
quinta-feira, setembro 17, 2009
Como Dan Brown escreve os seus livros
É como explica este link: http://www.slate.com/id/2228327/. Quero deixar-vos o meu livro Dan Browniano. Em inglês.
A long-forgotten code in the monuments of Buenos Aires.
A murderous cult determined to protect it.
A white-knuckled race to uncover the Teamsters' darkest secret.
When celebrated Harvard symbologist Robert Langdon is summoned to the Colon Theatre to analyze a mysterious rune—etched into the floor next to the disfigured form of the head docent—he discovers evidence of the unthinkable: the resurgence of the ancient cult of the Auxonati, a secret branch of the Teamsters that has surfaced from the shadows to carry out its legendary vendetta against its mortal enemy, the Vatican.
Langdon's worst fears are confirmed when a messenger from the Auxonati appears at the Plaza de Mayo to deliver a macabre ultimatum: Turn over the archbishop, or one cherub will disappear from the Sistine Chapel every day. With only three days to foil their plot, Langdon joins forces with the pert and mysterious daughter of the murdered docent in a desperate bid to crack the code that will reveal the cult's secret plan.
Embarking on a frantic hunt, Langdon and his companion follow a 600-year-old trail through Buenos Aires's most venerable statues and historic monuments, pursued by a near-sighted assassin the cult has sent to thwart them. What they discover threatens to expose a conspiracy that goes all the way back to Jimmy Hoffa and the very founding of the Teamsters.
quarta-feira, setembro 16, 2009
terça-feira, setembro 15, 2009
Now, you can all put babies in corners
Já era esperado que algures por este ano Patrick Swayze quinasse. Ah, Swayze... o homem que fez suspirar as meninas em "Dirty dancing", fazendo sexo dançante com Jennifer Grey, ou quebrando toda uma série de regras metafísicas em "Ghost", só por Demi Moore, passando por esse horror que deve ser encarnar em Whoopi Goldberg; ou o badass de "Point break", tornando ainda mais menino Keanu Reeves, e o ainda mais badass Dalton de "Road house", onde dizia a pérola "Pain don't hurt". Um actor que cruzava a garciosidade de um dançarino com a selvajaria do verdadeiro homem que espanca dançarinos; e ao que parece, também era um gajo porreiro.
Palavras muito lindas, mas a vantagem da morte para os artitsas é que deixam isto para trás como memória definitiva:
Palavras muito lindas, mas a vantagem da morte para os artitsas é que deixam isto para trás como memória definitiva:
Pausazinha
Sim, semana e meia sem escrever? E então? Apeteceu-me não escrever e exercer esse direito neste blog, porque estava sem vontade e engenho de colocar aqui o que quer que fosse. Há momentos assim na vida e este foi um deles. Mas é justo, porque quando o público não escreve, eu também reclamo. Logo, é normal que a coisa funcione em ambas as direcções.
Bem, mas o patrão voltou e espera a colaboração dos cliente spara fazer funcionar isto. Há muita conversa para pôr em dia e assuntos a falar. Por isso, até já!
sexta-feira, setembro 04, 2009
quinta-feira, setembro 03, 2009
Beatlemania's back
Vi isto há uns meses, quando se soube que os Beatles fariam parte da franchise "Rock band". Este foi o trailer de apresentação do jogo, que sai esta semana nos Estados Unidos. É, por si só, uma pequena obra de arte que consegue condensar em dois minutos e meio a história e evolução musical do quarteto de Liverpool. Espantoso.
quarta-feira, setembro 02, 2009
O que me apetece quando ouço Wagner
Faz hoje 70 anos que um homem de bigode ridículo achou que a ideia perfeita para uma festa nocturna seria mascarar alguns tipos de soldados polacos e pô-los a invadir o seu próprio país, só para arranjar um pretexto para poder invadir um dos candidatos mais sérios ao título de país mais azarado da História da Europa. A partir daí, a História deu uma grande volta e seguiu-se o maior conflito bélico de sempre: carnificina gratuita, convulsões políticas e o mundo virado do avesso.
Só para registar, porque tantas vezes somos amnésicos em relação aos pontos sem retorno do percurso humano.
terça-feira, agosto 25, 2009
I saw the Sines
O título não é o pior trocadilho de que me lembrei. Juro! Mas deve andar lá perto, até porque implica uma referência aos Ace of Base, que acaba por ser pouco abonatória à minha pessoa.
Ora, este foi mais um capítulo de "Viagens que fiz sozinho, contra toda e qualquer expectativa para quem conhece a minha natureza", ou na versão de livro bolso, "Este tipo é parvo!". Depois de no primeiro ter trocado as voltas a mim próprio num salto até à região do Danúbio para, bem, naufragar miseravelmente, 2009 foi a altura de me deslocar até perto de outra grande superfície de água, a que os antigos Fenícios chamavam de mar, e que, num acaso incrível, fica junto de uma vila costeira!
Sines tem várias coisas a favor: praias com fartura em redor, um pequeno roteirinho histórico que se pode fazer no interior do espaço da vila, uma benvinda falta de gente nas ruas e amigos que por lá temos e que nos dão dormida. Esse ponto é importantíssimo, porque só em viagens, gastou-se 42 euros, e a minha carteira já esteve mais pesadinha do que agora. No entanto, nunca tinha estado na Costa Alentejana e não queria quinar sem ter tido a experiência. Mais uma para riscar da lista. Em Sines, passeou-se, foi-se ao banho de mar as vezes que se quis sem ser preciso estar a torrar na praia e reencontraram-se amigos de outros tempos.
Para além disso, quatro diazinhos longe de tudo o que me ocupa a cabeça diariamemnte, desde coisas importantes até, o que é mais comum, insignificâncias que a minha cabeça aumenta para a proporção de titãs, é ouro. Ainda para mais se pelo meio nos distraírem dessas coisas, porque sentir o apoio de alguém é sempre benvindo e não assim tão frequente por aqui.
Só por isso, Sines está aprovado e já está naquele lugar dentro de mim a que recorro quando pergunto a mim próprio: "Mas haverá alguma coisa neste mundo que o faça valhar a pena?" Claro que há, geografia; ainda para mais, se for humana.
sábado, agosto 22, 2009
Where is my mind?
terça-feira, agosto 18, 2009
Vida virtual:a ver se diminuo esta semana
P.S: Gostaram? Então, acompanhem a série de Internet "The guild", pela nerd que não tem nada aspecto de ner Felicia Day: www.watchtheguild.com.
Por aí abaixo
Amanhã, este que vos escreve (muito raramente nos últimos tempos, admite-se) vai por aí abaixo, até ao litoral alentejano, vítima de uma necessidade súbita de mudar de ares e ver coisas novas. Aproveita-se uma estadia à borla, o que é sempre benvindo, e o pretexto de rever companhias antigas. Haverá net por lá. Pode ser que aqui pingue alguma coisa, inclusivé dois obituários que está pendentes há dias. Um é Raul Solnado, claro; alguém adivinha o outro?
Tempo de pôr aleitura em dia, em duas viagens de cinco horas cada uma. Quinteto horário dentro de uma camioneta. Quem disse que a vida não é bela?
domingo, agosto 16, 2009
Despedidas
O Les Paul morreu, e até inventou a guittarra eléctrica. Cheira-me a algo de importância. No entanto, o homem não me dizia nada pessoalmente, ao contrário de outros dois defuntos da semana anterior, que fizeram o favor de quinar quando eu estava afastado do mundo, possibilitando-me apanhar com dois ganchos de direita no meio dos queixos quando cheguei a casa.
A primeira e imediata e a de Raul Solnado. Depois de turbilhão de elogios e frases feitas, eu chego-me à frente para dizer o simples seguinte: tenho a impressão que o Raul foi um dos meus primeiros ídolos de infância. Eu fui criado em grande parte pelos meus avós, que eram adultos feitos no zénite da popularidade de Solnado. Logo, via coisas deles (sou do tempo da sitcom"Lá em casa, tudo bem") e achava uma tremenda graça ao homem. Embora não tivesse a verdadeira noção do que é talento ou do que constitui comédia, ria a bom rir com a forma como ele falava, e aquele aspecto bonacheirão de anão que poderia irritar-se a qualquer minuto, mas de forma calma. Quando cresci, apercebi-me do real génio do homem, de como um actor revisteiro e aparentemente talhado para o humor fácil que polvilha a carreira de outros alunos dessa escola, como Camilo de Oliveira, conseguiu evoluir para um estranho cruzamento entre Woody Allen e os Monty Python. Textos seus como o de "A Guerra de 1908" podiam muito bem caber num "Without feathers" do nova-iorquino. Era um homem que não é vergonha nenhuma admirar, e em Portugal, um oásis,proque valia a pena admirá-lo. Um homem de comédia e drama. Um actor completo.
A segunda, que passoi mais despercebida, foi a de John Hughes, um dos realizadores decisivos da década de 80. Hughes fez carreira a mapear a adolescência, num conjunto de pequenas obras de grande interesse, como "Pretty in pink", "16 candles" e aqueleque será porventura o seu filme mais emblemático, "The breakfast club". Hughes, que faleceu com 59 anos vítima de ataque cardíaco, construía preciosamente personagens de adolescentes a partir de tipos, insuflando-os com uma estranha e particular humanidade que nos atraía a eles, como se os conhecessemos; e conhecíamos até, com outros nomes. nas nossas escolas. Quando Hughes saiu da sua redoma de filmes de adolescente (designação redutora, tendo em conta a obra em questão), com "Ferris Bueller's day off" (ou em português, "O rei dos gazeteiros"), foi para realizar "Plains, trains and automobiles", onde emparelharia Steve Martin com outra das suas revelações: o grande John Candy. No início da década de 90, escreveu "Home alone" para Chris Columbus realizar e saiu do mapa. Rico, disse-se farto de Hollywood. Comprou um rancho e passou o resto dos seus anos com a família. Precisamente porque era genuíno e o negócio não tinha nada a ver com ele. Um dos seus personagens em "The breakfast club"diz a certa altura "When you grow up, your heart dies". John Hughes refugiou-se no seu mundo privadopara evitar isso, mas o coração acabou mesmo por traí-lo.
A primeira e imediata e a de Raul Solnado. Depois de turbilhão de elogios e frases feitas, eu chego-me à frente para dizer o simples seguinte: tenho a impressão que o Raul foi um dos meus primeiros ídolos de infância. Eu fui criado em grande parte pelos meus avós, que eram adultos feitos no zénite da popularidade de Solnado. Logo, via coisas deles (sou do tempo da sitcom"Lá em casa, tudo bem") e achava uma tremenda graça ao homem. Embora não tivesse a verdadeira noção do que é talento ou do que constitui comédia, ria a bom rir com a forma como ele falava, e aquele aspecto bonacheirão de anão que poderia irritar-se a qualquer minuto, mas de forma calma. Quando cresci, apercebi-me do real génio do homem, de como um actor revisteiro e aparentemente talhado para o humor fácil que polvilha a carreira de outros alunos dessa escola, como Camilo de Oliveira, conseguiu evoluir para um estranho cruzamento entre Woody Allen e os Monty Python. Textos seus como o de "A Guerra de 1908" podiam muito bem caber num "Without feathers" do nova-iorquino. Era um homem que não é vergonha nenhuma admirar, e em Portugal, um oásis,proque valia a pena admirá-lo. Um homem de comédia e drama. Um actor completo.
A segunda, que passoi mais despercebida, foi a de John Hughes, um dos realizadores decisivos da década de 80. Hughes fez carreira a mapear a adolescência, num conjunto de pequenas obras de grande interesse, como "Pretty in pink", "16 candles" e aqueleque será porventura o seu filme mais emblemático, "The breakfast club". Hughes, que faleceu com 59 anos vítima de ataque cardíaco, construía preciosamente personagens de adolescentes a partir de tipos, insuflando-os com uma estranha e particular humanidade que nos atraía a eles, como se os conhecessemos; e conhecíamos até, com outros nomes. nas nossas escolas. Quando Hughes saiu da sua redoma de filmes de adolescente (designação redutora, tendo em conta a obra em questão), com "Ferris Bueller's day off" (ou em português, "O rei dos gazeteiros"), foi para realizar "Plains, trains and automobiles", onde emparelharia Steve Martin com outra das suas revelações: o grande John Candy. No início da década de 90, escreveu "Home alone" para Chris Columbus realizar e saiu do mapa. Rico, disse-se farto de Hollywood. Comprou um rancho e passou o resto dos seus anos com a família. Precisamente porque era genuíno e o negócio não tinha nada a ver com ele. Um dos seus personagens em "The breakfast club"diz a certa altura "When you grow up, your heart dies". John Hughes refugiou-se no seu mundo privadopara evitar isso, mas o coração acabou mesmo por traí-lo.
quinta-feira, agosto 13, 2009
WTF?
Stallone vai receber o prémio carreira do festival de Veneza. Anteriores premiados pelas suas contribuições excelsas para o cinema enquanto arte são Abbas Kiarostami, Agnés Varda, Takeshi Kitano e Tim Burton. Repito: Kiarostami, Varda, Kitano e Burton; e agora Stallone.
Estou a partilhar, porque pensei que também se queriam rir.
segunda-feira, agosto 10, 2009
Noites de campo
Muito de vez em quando, esqueço-me do motivo pelo qual certas coisas existem na minha vida. Andam por ali e eu aceito que ocupem o lugar. Se calhar, até já desocupavam, mas como adormeço o lado inquiridor do meu encéfalo (ou então, ele vai dar uma volta para baixo de S. Pedro de Moel), permanecem ali sem pagar renda e a aborrecer, como um grupo de ciganos que se instalam em baldios e fazem festa a noite toda. Tal como os ciganos, também o meu pensamento é ambulante, mas não usa, porém, bigodinho fino.
Depois deste intróito com valor nutritivo abaixo de um pacote de pastilhas, mas de que raio é que está a falar, ó tipo que assina como luminary? De mirins. Ui, malta de lenço ao pesoço, a gente está farta de te ouvir falar sobre ela; e eu próprio, nos últimos tempos, também andava um bocado farto de ouvir falar deles. Por isso, quando caí em mim e me apercebi que ia armado em Indiana Jones uma semana para um sitio perto de nenhures como responsável a solo por 19 deles, não estava com o melhor dos humores. O Luís Miguel Cintra teria um ar mais reinadio em comparação.
No entanto, uma semana depois, ando diferente. Eu subestimo sempre o poder que a alegria da miudagem e que a camaradagem com desconhecidos exerce no ser humano. É como uma força qualquer que nos recarrega e nos põe com um sorriso parvo, apesar de virmos com uma cor castanha que mais tarde, num duche demorado, descobrimos não ser bronzeado. Costumo dizer que a única razão pela qual ando no escutismo é por causa das pessoas, e é verdade. Se não fossem elas, teria ido macambúzio e vindo como tal, e talvez já não andasse de lenço ao pescoço. É bom, regularmente, sermos lembrados daquilo que nos fundamenta e sustenta, e dar umas risadas pelo meio.
Mas agora, tenho uma mês de férias de fardas exóticas. E que bem que me vai saber!
segunda-feira, agosto 03, 2009
Semaninha fora
É assim, pessoal: o homem nem está com vontade ou pachorra ou motivação, mas vai sair amanhã e só volta domingo, presumivelmente cansado, empoeirado e com aquele reflexo psicólógico que lhe dá a 50 metros de casa e que envolve uma peça de cerâmica branca com canalização. Prometo trazer novidades e renovar a mente e outras merdas zen. Até lá, saudinha, aperto de mão e outras coisas panisgas.
sábado, agosto 01, 2009
I'll see you in time
Sei que há quem diga que se têm falado de coisas sem interesse, e esta é, pelo menos, de interesse só para alguns, mas morreu este mês um nome incontornável da investigação séria de fenómenos paranormais: John Keel,o autor do antológico "The mothman prophecies" acabou por morrer mesmo, depois de dezenas de rumores que ao longo dos últimos 20 anos o deram como falecido. Perde-se uma referência, um homem de espírito sério e forte, que mergulhou na loucura que deve ter sido o período 1966-1967 em que decorreram os fenómenos Mothman em Point Pleasant (e tudo o que os rodearam; quem se interessar, leia o livro, que é bem estranho, mas fascinante). É um homem que não apareceu em parangonas, mas que trilhou caminhos do conhecimento e do saber não à procura da celebração ou prémios, mas com a curiosidade infantil verdadeira daqueles que o fazem pelo saber e pela verdade. Afinal, o tipo de pessoas que este blog celebra.
P.S: Para quem não tiver tomates suficientes para ler o livro (e são precisos,pois é bem assustador), fica o interessante filme de Mark Pellington.
quinta-feira, julho 30, 2009
Utilidades do Twitter
No seu Twitter, uma das últimas grandes estrelas da Hollywood clássica, Lauren Bacall, lança a possibilidade de vir a trabalhar no futuro com Quentin Tarantino, num filme não especificado, acrescentando que "Pulp fiction" é uma obra-prima. Para além de isto ser uma notícia do senhor Carvalho /que pode reunir a elite da da idade de ouro do cinema norte-americano com um dos maiores auteurs do cinema da década de 90, mostra aquilo que realmente separava as estrelas do antigamente: classe e acima de tudo, bom gosto.
terça-feira, julho 28, 2009
Question
segunda-feira, julho 27, 2009
Going through the motions
Na pré-época, não se pode pedir muito mais ao atleta do que ir subindo o seu ritmo competitivo, e isso está a acontecer com o autor do blog, que promete fazer retornar este espaço ao rimo alucinante que o tornou conhecido na blogosfera como "o tornado das Lagoas". Fica aqui o compromisso, mas só para a amanhã, porque hoje é domingo e ao sétimo dia, diz que o Senhor descansou. Eu, como entidade divina (e Jacob) desta ilha, reservo-me a esse direito.
Agora, vou ali comer uma fatia de tarde, já venho.
quarta-feira, julho 22, 2009
Checked
Visualmente deslumbrante: checked!
Bizarro: checked!
Johnny Depp com redea solta: checked!
Sim, "Alice in the wonderland" parece o Tim Burton que todos nós aprendemos a amar.
segunda-feira, julho 20, 2009
quarta-feira, julho 15, 2009
A loucura 1
Ter alguém a berrar ao nosso lado nunca é uma boa experiência, principalmente se esse alguém consegue imitar na perfeição uma sirene da Lisnave a dar o toque para almoço. Era o caso daquele homem encorpado, que parecia estar zangado comigo pela simples razão de me encontrar sentado num Ferrari prateado. Claro que pode ter sido simplesmente pelo facto de o Ferrari não ser meu; e de o veículo estar enfaixado na zona de restauração do centro comercial. Parecendo que não, são dois motivos para chatear.
Queria explicar-lhe como tinha ido ali parar, mas será que uma história que me envolve e à equipa de rugby da Académica a escutar Ace of Base, improvisando um tango argentino, pode ter credibilidade? Estou em crer que não. Por isso, saltei do carro e tentei avançar até uma parte da história que parecesse minimamente lógica.Isso significava esquecer a corrida de morsas no Mondego, o geoaching de ceroulas na zona de Santa Clara e a caçada a um unicórnio por parte de três turistas irlandeses a quem corria whisky nas veias. Um deles, de facto, era bastante parecido com Bono Vox, mas só quando a luz do sol o iluminava do queixo para cima.
Talvez devesse começar pela Diana. A Diana estava perto de ser a rapariga mais feia do mundo, e só não o era, porque ainda há quem acredite que as lendas de Yeti fêmeas são verdadeiras. Ela era o tipo de pessoa que tinha quase tudo o que queria da vida: um marido, que dirigia a Acapo; um emprego de sonho, como membro do corpo de intervenção da PSP, e uma casa, que não tinha espelhos. Faltava-lhe apenas uma coisa para ser feliz: ver um unicórnio. A culpa deste desejo estranho era da mãe, que lhe respondeu à sua pergunta "Mãe, algum dia serei bonita?" com a clássica "No dia em que os unicórnios cantarem o "My way" do Frank Sinatra. "Era aí que entravam os três irlandeses, que se especializaram em capturar animais imaginários (ficaram célebres quando apanharam um ponta de lança decente para o Benfica). Porque tinham vindo os distintos caçadores a Coimbra para a empresa, não sabemos, mas certamente terá a ver com a quantidade de bois que há na Universidade de Coimbra.
Como não encontraram unicórnios, restou-lhes tentar disfarçar outro animal, e o escolhido foi a morsa, que tem óbvias parecenças com os cavalos, contanto que ambos estejam dentro de caixas negras na altura da comparação. Eu vinha da corrida de morsas. Estava lá, porque sou um profundo admirador da nobre elegância destes animais. Por outro lado, ainda acredito que há galinhas com dentes. Os irlandeses tentaram convencer-me a alinhar neste esquema e aconselhei-lhes falarem com Lord Trocaopeice, um dos grandes criadores de morsas de ambos os lados do Trancão. O gentleman ficou ofendido com a sugestão, pois nunca as morsas eram parecidas com cavalos. Escaravelhos, no máximo. Sentia-me preso num livro de Kafka, mas isso talvez se deve ao bafo dos três irlandeses conjuntos, que me fez perder a consciência antes que estes dessem uma bordoada no Lord e roubassem uma morsa. Quando acordei, estava no meio de um campo de rugby e acabara o treino do dia. Aparentemente, estava na hora de "Assuma a sua homossexualidade" e daí o tango argentino ao som dos Ace of Base. Quando um calmeirão que parecia fazer dois do Triple H começou a olhar para o meu rabo com a mesma devoção que quero dedicar à Scarlett Johansson a fazer dança do ventre, decidi que não estava para servir de touchdown, e pus-me a correr dali para fora. Saltei para o primeiro carro que apanhei, um Ferrari prateado, e pus-me a andar.
No entanto, ainda sob o efeito do bafo alcoólico irlandês, andei apenas alguns minutos antes de perder o controlo do veículo, para entrar centro comercial dentro. Depois de contar isto ao segurança, este gargalhou e conduziu-me à Natura, onde estavam a exibir um unicórnio. Senti chamarem-me e qual não foi o meu espanto quando me viro e vejo uma mulher igualzinha à Scarlett Johansson. Era a Diana. Enquanto o unicórnio recomeçava a "New York, new york", fiquei ali à espera que a Diana, agora contente da vida, e desejosa de iniciar uma carreira como hospedeira de bordo de helicópteros, fizesse a dança do ventre. Foi então que me senti abalroado por aquilo que se assemelhou a um bloco de granito a deslizar pela encosta glacial do monte Branco, mas que era simplesmente uma morsa. Quando recuperei a consciência, o meu nariz tinha inchado tanto que eu próprio parecia um unicórnio. Os três irlandeses lançaram-me uma rede, meteram-me um capuz na cabeça e levaram-me.
Agora, estou numa feira de aberrações de Carcavelos. Não é mau emprego, mas fico sempre a pensar no que teria acontecido se me tivesse demorado mais uns minutos no campo de rugby.
Getting mad
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