Tudo na vida tem o seu lado positivo. Até eu acredito nisso. Portanto, e para não transformar esta fase do meu blog num discurso infindável de lamentações, com um tom semelhante ao do Livro dos Mortos tibetano, acho de bom tom apontar as coisas boas que me acontecem pelo facto de me sentir só e deprimido. Passemos então á lista:
1 - Como é Janeiro, estamos na altura de trabalhos. No meu caso, de Mestrado. Como não tenho grandes objectivos na vida e preciso de esquecer-me de como vai a minha vida, o trabalho surge como uma opção natural para passar o tempo de forma útil e de apagador de memória eficaz, não me deixando muitas alturas para auto-comiseração e também interrogações sobre os outros
2 - Estar tão frágil que me apetece chorar, mas com os outros a nunca repararem, ´
é algo de bom, pois mantém a minha aura máscula e viril, de homem que nunca verte uma lágrima. Claro que agrava o meu problema, pois se quase toda a gente não repara, é porque não quer, ous e repara, nada faz, mas permite-me permanecer nesse orgulho masculino que é um tónico de alma
3 - Fico mais sério, concentrado e composto. A sério. Geralmente as pessoas ficam stressadas quando se sentem deprimidas, mas eu pareço respeitável e calmo. Pareço ter um melhor controle sobre mim mesmo. Vá-se lá perceber
4 - Ao sentir-me triste, auto-analiso-me e vou vendo como ando e o que ando a fazer de certo e errado. O facto de trocar ideias com os outros sobre mim permite-me saber o que sou e o que não sou e ter a plena convicção disso mesmo. É uma espécie de jornada de auto-conhecimento.
5 - Fico mais criativo. Escrever é a minha forma de escapar daquilo que vou sendo e das minhas misérias e amplia-me a minha imaginação, entrando na minha vida imaginária que não partilho com ninguém.
6 - Obriga-me a ouvir a sério Ludovico Einaudi; e sabe bem.
7 - As minhas piadas tornam-se melhores, pois há muita matéria para as fazer: eu mesmo.
8 - Tomo consciência de quem são as pessoas que realmente gostam de mim e isto nesta altura da vida é fulcral, saber com quem se conta e com quem não se conta
9 - Fica-se com uma boa história para se contar aos netos: "E daquela vez, em que o vosso avô se sentiu tão só que comparado com ele o Saddam era um pólo de atracção de amigos...". Se não aos netos, talvez ao psiquiatra.
10 - Permite-me vir escrever para o meu blog; e numa onda de total dormência, escrever o que me apetece, sem me preocupar. Num certo sentido, recupero-me a mim próprio, um Bruno que aqui está dentro e que já merecia saltar cá para fora
E penso que será tudo. Por hoje. Como isto promete durar, pode ser que me lembre de mais alguma coisa.
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