quinta-feira, janeiro 31, 2008

Errata

A Raquel fez bem em alertar-me, pois esqueci-me de avisar quando escrevi o texto: a crítica ao filme "Into the wild" tem valentes spoilers, capazes de fazer crescer em vocês um instinto homicida relativamente à minha pessoa. POrtanto, não leiam se quiserem ver o filme completamente em branco ou não conhecerem a história verídica que lhe dá origem. Obrigado.

Parece que sim, que é já amanhã

quarta-feira, janeiro 30, 2008

"Into the wild"


Um rapaz saído da universidade está farto da vida que leva, das mentiras à sua volta, da artificialidade do seu mundo. O que decide então fazer? Munido de uma mochila, decide ir à boleia até ao Alasca.
Esta é a história que dá origem ao filme "Into the wild", de Sean Penn. O rapaz é Christopher McCandless e esta sua decisão, e posterior concretização dessa mesma decisão, já inspiraram outras adaptações. Na verdade, este facto está umbilicalmente ligado a este blog. A primeira vez que ouvi falar dela foi num episódio da série "Millennium", cujo tíutlo era precisamente "Luminary", que, para quem não repara, é o nick com que assino os meus posts e comentários noutros blogs. O facto de alguém, de livre e espontânea vontade, abandonar tudo o que tem e lançar-se à aventura, fascinou-me, e tem tudo para fascinar qualquer um habituado a viver num mundo de rotina onde nada muda. Que alguém tenha a coragem de quebrar essa rotina e fazer algo de tão radicalmente diferente desperta algo em nós.
Despertou, definitivamente, em Sean Penn, que andou dez anos para fazer este filme. Durante esta década em que certamente demorou a convencer quem lhe financiasse uma fita que tem mito pouco de convencional, teve tempo para se deter nas razões que levam alguém a cortar os laços com tudo o que conhece. Mostra.nos um rapaz fascinado com livros, com aquilo que os outros dizem, que sonha viver algo superior a ele e parece sentir um apelo qualquer que o lança em frente.
McCandless permanece uma contradição longo do filme todo. Dá desculpas para a sua obsessão em querer chegar ao Alasca: primeiro, o mau ambiente familiar; depois, a insatisfação com a sua vida e a procura de uma felicidade sua; por fim, o puro apelo da natureza. A história, que inclui narrações em off de McCandless e da sua irmã mais nova, começa in media res, já com o personagem a chegar ao Alasca, e utiliza o artifício do flashback, para nos relatar as desventuras de McCandless pelo percurso. Estas vão desde o espantoso (descer o rio Colorado em caiaque até ao Golfo do México), à experiência de vida (trabalhar para um latifundiário de espírito livre, interpretado por Vince Vaughn) e ao tocante (os encontros com um casal de hippies, um velho que se fechou para o mundo e uma jovem cantora de um acampamento de hippies). McCandless tem realmente a oporutnidade de nos mostrar que sim, que ele tem razão. Mas estranhamente, apesar de tocar na vida das pessoas, foge delas, obcecado com a sua grande aventura no Alasca. É aqui que reside ao mesmo tempo a força e fraqueza de "Into the wild": se por um lado Penn nos permite olhar para McCandless e concordar ou discordar dele, conforme a nossa visão de vida, por outro não resiste a torná-lo num herói e um exemplo, mesmo quando parece óbvio que estamos perante alguém que é inteligente, destemido, arrojado, mas que é afinal de contas um adolescente e está a fugir a problemas através de um grande artifício. Isto torna-se evidente que McCandless não consegue aceitar que é mais útil aos outros estando com eles, e não partindo em busca de um objectivo pessoal que se vai tornando cada vez menos necessário quando ele provou o seu ponto de vista e arranja realmente uma maneira de viver que lhe agrada. McCandless parece procurar a solidão e chega ao final do filme a concluir que a felicidade só é plena quando partilhada pelos outros. No fim de contas, ele deu uma grande volta para concluir algo que já sabia. Deixar a irmã para trás, quando ela mais precisava dele perante a azeda relação entre os pais, prova o quanto a sua obsessão o leva a esquecer-se disso. E no momento final do filme, em que o jovem está prestes a expirar e imagina o que estarão aqueles que encontrou nas suas viagens a fazer nesse instante, essa parece ser a lição mais óbvia do filme.
Admito que tinha alguma reservas realtivamente a Penn como realizador, ainda para mais quando me parecia exagero a quantidade de louvores e nomeações que este recebia num ano com tão bons filmes. Mas estava errado: visualmente, Penn está excelente. Claro que há 3 factores que ajudam a isto: a magnífica direcção de fotografia de Eric Gautier, que consegue uma luz e enquadramentos excepcionais; a montagem de Jay Cassidy, precisa e de certa forma selvagem; e claro, o outro personagem principal do filme, e porventura o grande recado subtil deste: a paisagem norte-americana, com as montanha,s os desertos, as extensões nevadas e as suas personagens, que tornam o país tão complexo. Visto no grande ecrã, há planos que são de cortar a respiração e Penn sente mesmo o que está a filmar, deslumbra o espectador com as belas imagens que consegue e amplia assim a odisseia do personagem cuja história conta. Claro que há falhas: se Penn cortasse meia hora ao filme, não se perdia nada, e por vezes, perde-se em pormenores de realização que são visualmente cool, mas que não adiantam nada à história, antes a enfraquecem. No entanto, o sentido épico de paisagem, reminiscente de Terrence Mallick (o homem de "Balanns", "Days in heaven" e "The thin red line", todos eles filmes que as grandes paisagenjogam um papel importante) e a excelente direcção de actore,s que advém da qualidade própria como intérprete. É aqui que entra a nossa ligação com o filme, o actor Emile Hirsch, que está espantoso como Christopher McCandless. Para além de desempenhar todas as acrobacias físicas do filme, e os desafios fisiológicos que a fome acarreta, é também exemplar na demonstração conjjunta de raiva com a vida e aquele optimismo estúpido que caracteriza aqueles que pensam saber a verdade sobre a vida. Entre os secundário, destaque para o nomeado para o Óscar Hal Holbrook, que acrescenta ao seu Ron Franz, militar reformado que perdeu mulher e filho e se echou para o mundo, uma sensibilidade extra que não estava no argumento. Isso é a marca de um grande actor.
Uma das coisas mais importantes que aprendi na vida foi de que mais importante que o ponto de partida e o de chegada, é o percuso que se faz entre os dois. Acredito nisso; McCandless nem por isso, apesar de ser a prova viva da verdade desta teoria. Quando se apercceu disso, passou de prova viva a prova morta. Da forma mais prosaica, estava a 20 quilómetros de um centro civilizado quando morreu. Não se encontrava toalmente no meio de nenhures, no lado selvagem: estava perto de nós. Por isso alguns acreditam que, ne verdade, tudo foi uma espécie de suicídio, que só morre à fome quem quer. Sean Penn acha que ele é um herói e morreu levando a sério tudo o que acreditava. Eu acho que ele, como qualquer um que tem sonhos, não vê bem os obstáculos do caminho.; e assim sendo, morreu sob o peso deles. A vida e as suas consequências: há poucas coisas mais naturais e selvagens que isto.

Rappers do norte

terça-feira, janeiro 29, 2008

Os parvos


Quem lê este blog, sabe que sou escuteiro. Gosto de o ser, por razões pessoais, mas sou bem capaz de apontar o dedo a falhas no movimento e pessoas dentro do movimento, como também já o fiz aqui várias vezes. Também tenho sentido de humor. Já brinquei com o escutismo e já me ri com brincadeiras acerca do escutismo. De facto, acho que o famoso sketch "A minha vida dava filme indiano", do Gato Fedorento, é brilhante a convocar o estereótipo generalizado acerca do escuteiros para conseguir uma piada muito bem conseguida, que nada tem a ver com uma crítica ao escutismo. E até podia ter a ver: critiquem o escutismo, não me afecta pessoalmente. Continuarei lá até me sentir satisfeito e em simultâneo, usarei o adjectivo mirim e rirei de algumas parvoíves que alguns escuteiros fazem.
Uma cadeia de lojas, a Media Markt, decidiu faezr um anúncio baseado no conceito "quem não é parvo, compra nas referidas lojas". Para isso, reúne vários estereótipos da parvoíce: a Miss loura; o militar, o político; e o escuteiro. Como sempre, o escuteiro é o parvo. Mas se nos três primeiros casos eu compreendo como surge a associação básica e primária com a parvoíce, gostava de saber onde isto entronca na condição escuta. Vejamos: a sociedade em geral reconhece-nos desembaraço manual, certo? Certo; a sociedade em geral reconhece que somos um grupo com valoes definidos e bem ordenados, logo supostamente coerentes (reparem no supostamente)? Reconhece; temos dezenas de milhares de pessoas nas nossas fileiras, certo? E seria uma idiotice estatística considerar que são todas parvas, certo? Certo.
Portanto, sobram-me várias hipóteses: os escuteiros são, por norma, religiosos. A minha opinião sobre a religião é por demais conhecida, mas se é essa a razão pela qual somos parvos, a Media Markt parece desconhecer que mais de 90% da população partilha essa fé e, claramente, vão fazer um mau negócio aqui. Há também a farda. Sim, é cómica, mas já alguém viu o equipamento das selecções de rugby? Alguém goza com eles? Não; é por cantarmos? A música é uma coisa parva? Porque se for, não quero viver neste mundo.
Se me conseguirem explicar qual a origem do estereótipo da parvoíce e ele me parecer lógico, estou à vontade para concordar com toda a gente que sorri quando se fala nos escuteiros. A sério. Eu nem me sinto ofendido pelo anúncio: não adianta nada à ideia generalizada que há sobre o escutismo, e posso garantir que há escuteiros mesmo parvos. Eu sou, obviamente, um deles, mas há quem me supere. Na realidade, pelo facilitismo com que se pega na figura do escuteiro, o maior parvo acaba por ser a empresa que contratou os publicitários que idealizaram o anúncio. Qualquer escuteiro parvo faria uma coisa daquelas num Fogo de Conselho, e sem ser pago.

Parece que sim, que só faltam 3 dias







segunda-feira, janeiro 28, 2008

Os Pides também fumavam


Um dos recursos humorísticos menos cotados em Portugal, mas extremamente eficaz, é o uso da palavra fascismo aplicada a quase tudo que implique proibições. Como estudante de História, li coisas sobre o fascismo, estudei regimes totalitários, e por isso, tenho respeito pelo adjectivo fascista, que não é palavra que se use por dá cá aquela palha. Mas a sua utilização é quase diária e ininterrupta, principalmente a propósito de algumas das medidas e actuações deste Governo. É interessante, porque se vivêssemos memso num estado fascista, eu não podia ter este blog e logo, não podia zurzir o tipo de pessoas que acham que eu vivo numa situação que não me permite insultá-los.

Ora, o mais recente gatilho do uso absurdo da palavra "fascista" foi a lei do tabaco. Permitam que vos ofereça um ponto de vista do conjunto de pessoas que muito raramente é ouvida pelos media acerca desta lei: os não fumadores. Sim, nós também temos algo a dizer sobre estas questões todas. Nos jornais e na televisão, escutam-se os lamentos, as queixas e as vociferações daqueles que se vêem privados do gesto de puxar de um cigarro onde lhes apetece. É um desastre, realmente. Um atentado à liberdade individual, uma machadada no sistema democrático, o fim da pluralidade.

Claro que o que mais me espanta é o facto de a discussão não ter acabado quando surge o argumento "o fumo passivo afecta a saúde das pessoas." Mas isso sou eu, que tenho lapsos de sensatez, principalmente quando envolvem danos em outrém.

No entanto, há uma fuga a este argumento: se eles não querem sofrer com o fumo do tabaco, não se metam nos sítios onde ele está. Claro que quando se é amigo de um fumador, isso obriga-nos a escolher: o cigarro ou o amigo? Contrariando todas as regras da lógica e da saúde, acabamos por escolher amigo. O fumador muito raramente o faz, e digo-o por experiência própria. Se tiver de escolher entre o cigarro e quem está com ele, o pauzinho branco e caramelo ganha, com maioria absoluta. Portanto, chamem-me extremista e o que quiserem por concordar com esta lei do tabaco, que obriga a que pessoas que fumem não importunem pessoas que não fumem, pois elas próprias não parecem ter o discernimento suficiente de o fazer por livre vontade. Penso que Hitler e Mussolini eram ávidos anti-tabagistas, mas vou confirmar isso num livro qualquer.

A lei não proíbe o tabaco. Apenas regulamenta os espaços onde este pode ser fumado. Não me parece um exagero que se peça aos fumadores que não fumem dentro de espaços fechados, prejudicando os outros. O Estado está a mexer com os vossos direitos? Pois temos pena: está a defender os meus, cidadão que não fuma e que embora não seja obrigado a ter de gramar com o fumo do tabaco, o faz pois padece de uma doença grave e crónica: tem sentimentos humanos. Claro que não é desinteressada: o Estado não se lembrou de repente de que o tabaco faz mal à saúde. É, de facto, uma mina de ouro para os cafés que têm espaço suficiente e autorização para delimitar um espaço para fumadores, e para além disso, o Estado poupará milhões em comparticipações de tratamentos daqueles que sofrem maleitas físicas relacionadas com os efeitos do tabaco. Mas ainda assim, penso que é por uma boa causa.

Se os fumadores desejam estar em espaços públicos, à vontade, a soprar alcatrão e nicotina para o ar, quero vir aqui defender uma classe que tem sido ostracizada nos últimos anos: os artesãos de amianto. Essxas bravas pessoas, artistas que lidam com um dos materiais quotidianos mais radioactivos que existem, devem também ter direito a sentarem-se numa mesa de café e desenvolverem o seu métier junto do cidadão comum, como eu e tu. É algo que ele gosta de fazer, e proibir isso seria um enorme atentado à sua liberdade pessoal.

E o leitor diz: "Bolas, lás estás tu a exagerar." E eu digo: tem razão, sim senhor. Afinal, o tabaco até mata mais gente que o envenenamento radioactivo.

Cantar e dançar


Quando eu digo que não tenho jeito para algo, quem me conhece desconfia. É normal eu dizer que não tenho jeito para nada. É mentira. Possuo alguns talentos escondidos, mas que não me são úteis para nenhuma das grandes realizações da vida.
Há no entanto duas tarefas que uma boa parte concordará que nunca me foram destinadas. Acredito que quando o espermnatozóide vencedor da corrida de cavalos vinda do meu pai encontrou o solitário óvulo da minha mãe, ambos terão combinado uma coisa: quem daqui vai ser pode ser extremamente dotado a tudo e mais alguma coisa, menos em cantar e dançar. O vaticínio cumpriu-se: tenho duas barbatanas em vez de pés e penso que a melhor comparação que se pode estabelecer com a minha voz é a sirene da Lisnave.
O encenador na peça em cujos ensaios tenho estado envolvido nos últimosa tempos desconhece este facto. Não por falta de conhecimento, pois relembrei várias vezes esse meu handicap. Ainda assim, insistiu que eu ia faezr um pequeno solo na peça. Entrei em pânico.
Urge demolir um mito generalizado acerca da minha pessoa: eu gosto de cantar. Vá lá, gosto de trautear, entoar, assassinar canções. Isto não inclui temas mirins, e daí o mito. Mas tudo o que pertença ao meu gosto, gosto de o fazer. Mal, mas gosto. É uma maneira de, por momento,s pensar que realmente tenho a voz afinadinha, porque estou a cantar em dueto com Billie Joe Armstrnog, Damon Albarn, a K.T Tunstall ou a Melanie Pain. Qualquer um deles canta melhor que eu e quem sabe, se ao fundirmos os nossos esforços, eu não melhoro. O pânico é, obviamente, devido ao facto de nenhum desdtes cantores estar presente em qualquer das actuações. Logo, o fracasso espreita guloso por mim.

Para aumentar o gozo do fracasso, a dança estará envolvida. Na realidade, os meus dotes de dançarino são semelhantes aos de um castor do Alasca. Bem, eu pensava isto até ontem, quando dei por mim a faltar a metade de uma actividade de escuteiros para participar em algo mais. É um evento que se dá de 1000 em 1000 anos e não queria perdê-lo por nada. A razão? Um workshop de dança teatral grega. Fui lançado a quente numa série de coreografias que confundiu, durante meia hora o centro de coordenação do meu cérebro, e tenho a certeza de que ainda agora, se me pedirem para dar um pontapé numa bola, encetarei um kalamatiano que lançará rumores acerca das minhas preferências sexuais. Devo confessar que fiquei surpreendido comigo mesmo: apanhei os passos com relativa facilidade e estava a fazê-los com uma tal destreza que julguei que o meu verdadeiro eu tinha ido dar uma volta pela baixa de Coimbra, deixando outra pessoa ali para aprender no workshop. Adorava saber dançar, a sério, trocava isso por um ou outro daqueles talentos inúteis que tenho, e este workshop aumentou a minha vontade e, palavra poucas vezes aqui lida, confiança para o fazer. Foi bastante positivo.

E já sabem: se adoram rir, 29 de Abril no teatro Paulo Quintela. Uma comédia engralada. Não é publicidade enganosa, porque se não acharem piada ao texto, está lá uma sirene da Lisnave a abanar-se que vos vai levar aos píncaros do riso.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Belo título

"Quantum of solace". Assim se chama o novo filme de James Bond. Eu não sei quanto a vocês, mas eu gosto. Cool, exótico, misterioso. Ressuscitem a Eva Green e estamos conversados.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

522666


Neste momento, sinto-me um bocado assim...

Contagem decrescente




Heath Ledger morre aos 28 anos de overdose


Parem lá com essa merda, pá!

terça-feira, janeiro 22, 2008

O boneco

Ser esbofeteado no mesmo dia com 4 ou 5 wake up calls em relação à vida. Diferentes maneiras de me chamar banana em praticamente todas as áreas da minha vida.
Foi bom, gostei, experiência de humildade.
Resta saber se terão resultado. Desenvolvimentos em posts futuros.

Intermission

E é aqui que fazemos uma pausa de um mês neste blog em coisas de Óscares. Surpresas? Bem, Tommy Lee Jones para melhor actor é que ninguém estava mesmo à espera. As suas hipóteses pareciam mortas, enterradas, e aparentemnte, aconteceu qualquer coisa semelhante a uma Páscoa. "Surf's up" em animação é outro. De resto, estava tudo mais ou menos previsto. Cate Blanchett duplamente nomeada também surpreendeu e como eu disse, espalhei-me ao comprido nos realizadores.
Agora, ponham-se em dia para quando chegar a altura de prever vencedores. Força aí e até daqui a um mês!

segunda-feira, janeiro 21, 2008

As previsões que faltam

Ora bem, atalhando num assunto que se está a alongar e a não lançar discussão, deixo aqui, forma sintetizada e agrupada, as minhas previsões para as nomeações restantes nas categorias mais importantes dos Óscares, a serem anunciadas amanhã.


MELHOR ACTRIZ

Julie Christie - "AWAY FORM HER"
Ellen Page - "JUNO"
Marion Contillard - "LA VIE EN ROSE"
Angelina Jolie - "A MIGHTY HEART"
Laura Linney - "THE SAVAGES"

Só a última vaga está à disposição, as 4 primeiras parecem-me certas, e assim sendo, seria o segundo conscutivo em que uma actriz, neste caso a francesa Marion Cotillard, seria nomeada por um papel não falante em inglês. A Academia gosta de Laura Linney, como o provou em diversas ocasiões, embora esta nunca tenha ganho. Mas cuidado com Keira Knightley em "Atonement", Jodie Foster em "The brave one" ou Amy Adams em "Enchanted". Ou Lindsay Lohan em... Estou a brincar.



MELHOR ACTOR

Daniel Day-Lewis - "THERE WILL BE BLOOD"
George Clooney - "MICHAEL CLAYTON"
Viggo Mortensen - "EASTERN PROMISES"
Johnny Depp - "SWEENEY TODD"
Emile Hirsch - "INTO THE WILD"

As quatros primeiras parecem-me seguras. Apenas Johnny Depp está algo tremido, porque desconhece-se a foçra de "Sweeney Todd" neste momento entre os votantes. Porém, quer-me parecer que o amor generalizado que há pelo camaleónico actor será suficiente. Já Emile Hirsch tem um papel extremamente físico em "Into the wild" e os actores gostam dessas coisas. O problema de Hirsch é que há mais galos para o seu poleiro: Denzel Washington, em "American gangster"; "James Mcavoy, em "Atonement"; Ryan Gosling, em "lars and the real girl"; Tom Hanks em "Charlie Wilson's war". Pesos pesados que facilmente podem fazer cair o prodígio Hirsch.


MELHOR REALIZADOR

Joel e Ethan Coen - "NO COUNTRY FOR OLD MEN"
Paul Thomas Anderson - "THERE WILL BE BLOOD"
Tim Burton - "SWEENEY TODD"
Paul Greengrass - "THE BOURNE ULTIMATUM"
David Fincher - "ZODIAC"

Atenção: aqui o esquema é diferente. Visto que esta é, indubitavelmente, a categoria mais nebulosa do ano, pus mais wishful thinking que outra coisa. Os dois primeiros estão mais que certos, mas os restantes três lugares são uma lotaria: não encontrarão na net nenhuma lista consonante neste aspecto. Burton e Greengrass são possíveis, Fincher é que é mais complicado. Então, quem são os outros? Sean Penn, por "Into the wild"; Julian Schnabel, por "The diving bell and the butterfly"; Ridley Scott, por "American gangster"; Joe Wright, por "Atonement"; Tony Gilroy por "Michael Clayton"; e mesmo Jason Reitman, por "Juno".

MELHOR FILME

"NO COUNTRY FOR OLD MEN"
"THERE WILL BE BLOOD"
"JUNO"
"MICHAEL CLAYTON"
"SWEENEY TODD"


Por muitas voltas que eu dê, esta parece-me ser a lista mais lógica, e só um filme, "Sweeney Todd", não está seguro. Passo a explicar: fala-se de outros filmes, mas terão eles reais hipóteses? Vamos lá a encarar isto com realismo. "The diving bell and the butterfly" é um filme francês, ou seja, estrangeiro, o que é um grande handicap; "Into the wild" tem tido uma exposição intermitente e embora eles adorem Sean Penn, será isso o suficiente? Há dois filmes apenas que se podem intrometer, acho: "Atonement", porque é o único real épico deste ano, um "O paciente inglês" em 2007, e "American gangster", filme que rendeu muito dinheiro, com aura sério, grandes actores, e um realizador, Ridley Scott, conceituado.
Fica a faltar "Zodiac". Mas toda a gente conhece a minha opinião sobre o melhor filme de 2007.

domingo, janeiro 20, 2008

Tripla e rápida review


"Charlie wilson's war"

Mike Nichols é uma especialista em sátira política e de costumes: "Catch 22", "Primary colors" ou mesmo, se quisermos ser picuinhas, "Birdcage", estão no seu currículo para o comprovar. Neste filme, quando toda a gente se vira para o terrorismo e para a presença actual dos EUA no Iraque, Nichols teve a clarividência de começar a escavar em redor da raiz do problema e regressar aos anos 80. Protagonista? O congressista norte-americano Charlie Wilson, bon-vivant, mulherengo e manate da boda vida, características que não associamos a políticos, apenas a Santana Lopes. A situação? O fornecimento de armas aos mujahedinnes afegãos, na sua luta contra os invasores soviéticos. Como personagens mais secundários, temos Joanne Herring, milionária texana a quem Charlie Wilson obedece sem pestanejar, e Gust Avrakopoulos, um dos 4 homens da CIA encarregues de tratar da questão afegã.
O filme decorre com fluidez, graças ao argumento bem estruturado de Aaron Sorkin, e sem nunca ressoar a moralista, graças à carismática (e diga-se, muito boa) interpretação de Tom Hanks como Wilson: um homem é inteligente, mas gosta ao mesmo tempo das coisas boas da vida. Ser político parece-lhe uma boa ocupação...
Todo o processo de fornecimento de armas, que Wilson urde praticamente às escuras do Congresso, envolvendo outros países do Médio Oriente em complicado equilíbrio diplomático, e faz aprovar porque é tarde demais para voltar atrás, é retratado com humor e está claro que faz com que os afegãos ganhem a guerra. O problema é o que vão os EUA fazer a seguir a essa vitória, conseguida num país estrangeiro, por métodos subterrâneos. Quando se chega à conclusão que o orçamento da operação Afeganistão foi de 500 milhões, Wilson pensa quem um milhão a mais para construir escolas não será problema, e pede-o. É-lhe negado, porque afinao trabalhod os americanos acabou. Wilson diz sabiamente: "Andamos pelo mundo, espalhamos os valores americanos, e dpeois vimo-nos embora como se tivéssemos cumprido a nossa missão." Touché! Interessante, um bom filme para quem está farto de abordar a política externa americana no cinema de forma pesada, mas longe de ser um filme incontornável deste ano. Destaque também para Philip Seymour Hoffman.


"Juno"

O "indie darling" deste ano vem das mãos de Jason Reitman, filho de Ivan, e autor do irreverente "thank you for smoking", filme de 2005 sobre a indústria tabaqueira, com argumento chico esperto e muitos truques visuais na manga. Em "Juno", Reitman abranda a parafernália, até porque a história não é tão delirante: Juno McGuff, um nome que, ela faz questão de firsar, não é alcunha, engravida depois de uma noite de sexo com um amigo. Embora ainda considere abortar, desiste de o fazer e arranja um casal que lhe parece perfeito, a quem dará o bébé para adopção quando este nascer. O filme retrata o percurso de gravidez da jovem.
Em primeiro, destaque para o palavroso e saboroso argumento de Diablo Cody, que é rico em diálogos e faz os seus personagens adolescentes falarem como se tgivessem nascido a meio de aulas de espírito. Já para não falar na personagem de Juno, que é uma criação bastante diferente da condição feminina adolescente, por um pequeno pormenor: soa a real e ao mesmo tempo a irreal. Claro que o poder da personagem é amplificado pela magnífica e personalizada interpretação de Ellen Page, que me fez esquecer, durante hora e meia, da sua personagem em "Hard candy" e acreditemk que é diferente, se não viram o filme). No fim, é impossível dissociar a actriz do personagem. É raor haver um filme assim, contado a partir das perspectivas de duas mulheres: a personagem de Page, que é a mão natural da criança, e a da futura mãoe adoptiva, uma executiva que quer engravidar e não consegue, numa interpretação de Jennifer Garner. Isto sem nos soar a girl movie durante 90% do tempo.
Uma boa pérola, uma comédia excelentemente escrita (outra raridade), que se aconselha a quem acha que não se podem faezr filmes sobre a questão do direito à vida que não se levem demasiado a sério.



"No country for old men"

O filme de que se fala quando o assunto é Óscares: a crítica adora-o, conseguiu se ro filme mais bem sucedido da carreira dos Coen, facturando acima dos 50 milhões de dólares e tem sido apontado como o principal candidato ao careca dourado. E é justificado?
Sim, é. Não é, na minha opinião, o melhor filme do ano. Mas é um grande filme. A história conta-se em poucas palavras: Lewellyn é um rancheiro texano que encontra, nas suas deambulações, uma maa com dinheiro. Embora desconfiando, e com razão, que se tratab de dinheiro ligado ao tráfico de drogas, fica com ele. Mas os verdadeiros donos do dinheiro querem recuperá-lo e mandam no seu encalço Anton Chigurh, um assassino que faz Átila, o Huno, parecer o nosso avôzinho querido. Enquanto Chigurh persegue Lewellyn, o xerife Ed Tom Bell persegue-os a ambos.
Os Coen sempre mostraram ser muito bons quando decide dirigir filmes secos, que parecem quase desprovidos de qualquer emoção, com personagens tão ressequidas como o deserto, seja ele gélido ou nevado, que habitam. Por isso os recordamos por "Blood simple" ou "Fargo", e não "The ladykillers" ou "Intolerable cruelty". As únicas excepções aplicadas serão, talvez, "The big Lebowsky" e "Arizona Jr.", mas estamos a falar de dois filmes anormais. "No country for old men" é um filme tão seco que nem tem banda sonora, e é um thriller. Ainda assim, funciona de forma diabólica, devendo-se isso a uma cirúrgico trabalho de montagem, de uma precisão sem falhas. É também um filme que depende, decorrente disto, das interpretações para que nos consiga chegar. Josh Brolin e Tommy Lee Jones estão muito bem, como duas faces do duro texano: Brolin, como Lewellyn, é aquele que se recusa a ser ajudado e pensa que se pode desenvencilhar de todos os problemas, confiando no seu desembaraço, um homem que ainda pensa que é muito bom. De facto, apenas quandom se deixa afastar do sue objectivo é que falha; Tommy Lee como o xerife Tom Bell, é a experiência, alguém curtido pela vida, e que apesar de a tradição de xerife lhe correr na família e ele ser um polícia natural, o mundo em que vive ultrapassou-o em termos de maldade, de sede de sangue e de crime. É um país no qual não se inclui.
Mas por muito que os Coen realizem e escrevam bem este filme e este tenha estas duas boas interpretações, "No country for old men" não resultaria sem Anton Chigurh, ou seja, Javier Bardem. Um portentosa interpretação, que com grande probabilidade lhe valerá o Óscar de actor secundário. Chigurh é o mal: gosta de matar, e pronto. Varre o filme como um cavaleiro do Apocalipse que não quer deixar nada com vida. Inflitra-se na vida de pessoas honestas e más, tocando-lhes e tornando-as corruptas. Não tem piedade, é objectivo e é implacável. Não precisa de razões para matar, e a única coisa que o pode impedir de o fazer é a sorte do virar de uma moeda. Matança aleatória: o derradeiro vilão. Bardem nunca se preocupa com tornar o vilão gostável: interpreta-o como alguém normal, que nem sequer justifica o que está a fazer como certo. É um turbilhão no ecrã que nos perturba. Claramente, ele substitui a banda sonora do filme no criar de sobressaltos.
Um dos filmes do ano, com um dos finais mais enigmáticos do cinema recente. Vejam-no e dpeois falem comigo.

Previsões: filme de animação


Talvez a categoria mais previsível na noite dos Óscares. O vencedor parece estar decidido à partida, prevalecendo a regra não escrita desta categoria desde a sua criação: se a Pixar lança uma obra-prima, esta será reconhecida. Só "Cars", no ano passado, não conseguiu fazer prevalecer a hegemonia do estúdio de animação neste Óscar, e convenhamos que a bitola que a Pixar estabeleceu está tão alta que "Cars" perdeu na comparação. Não que fosse uma mau filme: apenas não era tão bom àquilo que estamos habituados. Isso e o efeito que o animal pinguim tem nas pessoas explicam a sua derrota face a "Happy feet", que não é uma obra-prima de animação: apenas um filme interessante.
Assim sendo, "Ratatouille", um pequeno prodígio em quase tudo desde a técnica até ao argumento, será nomeado, e irá vencer, dou-vos já esta previsão a um mês de distância. Se um filme de animação é falado como candidato a Melhor filme (assim mesmo, sem "de animação" à frente), parece-me bastante seguro que assim se sucederá. Quem serão os restantes para encher número? Sobram duas vagas, pois este ano ainda não se conseguiu a quota mínima de 15 filmes elegíveis para que abrissem as 5 vagas normais em qualquer categoria. Há 4 possibilidades: "The Simpsons movie", fenómeno popular da aclamada série de televisão, que resultou apesar dos piores receios; "Persepolis", um filme de animação francês, realizado pela iraniana Marjane Satrapi e o francês Vincent Paronnaud, e que difere de todos os outros por falar de um assunto real: a biografia de Satrapi enquanto cresce num Irão que passa pelo período da Revolução dos Ayatollahs; "The bee movie", escrito e produzido por Jerry Seinfeld no estúdio Dreamworks; e "Shrek, the third", mais uma desventura do ogre verde. A meu ver, a sequela de "Shrek" está descartada, pois revelou ser quanto muito um filme mediano. Dos três que sobram, "The bee movie" é o mais seguro. Jerry Seinfeld é uma personalidade de que toda a gente gosta e no ano passado, na apresentação de um prémio, fez rir a plateia a bom rir e aquela gente gosta disso. Para além disso, o filme é bom e não fica mal nomeá-lo. Quanto a "The simpsons movie", será que a popularidade geral dos bonecos amarelos se tradurizrá na Academia? Isto dependerá não tanto dele,s mas da reacção a "Persepolis", que é um filme de animação diferente do normal. Era este o candidato francês ao Óscar de Melhor filme estrangeiro (uma categoria que este ano está a dar uma bronca das grandes...) e já sabemos que não vai ser escolhido; logo, tentarão compensar isso aqui ou seguirá na mesma linha de negação? Quer-me parecer que a confusºaoq ue reina agora nos filmes estrengeiros jogará a favor do filme francês, e isto servirá como compensação. Mas lá está, como em tudo, posso-me enganar.
Sendo assim, pela minhalógica, os nomeados serão:

"RATATOUILLE"
"BEE MOVIE"
"PERSEPOLIS"

sábado, janeiro 19, 2008

Prediction

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Cinema em 2008: cinema de autor

A designação é pantanosa: o que é cinema de autor? Até "Balas e bolinhos"pode ser considerado nessa categoria; mesmo o cinema de Michael Bay tem uma marca autoral. Tentar-se-ão agrupar aqui os filmes que poderão marcar 2008 a nível da sua excelência, o que poderá ser indiciado pelos realizaodres, actores e argumentistas envolvidos. Não serão necessariamente sucessos de bilheteira, mas quando chegar aí o tarantantan dos prémios e festivais, eles serão os mais falados.


"Be kind rewind" - Depois do aclamado "Eternal sunshine of the spotless mind", na opinião deste que escreve o melhor filme de 2004, Gondry fez o pouco falado "Le science des rêves". Quer-me parecer que o hype regressará com este "Be kind rewind", em que junta Jack Black, Mos Def e a regressada Mia Farrow numa permissa que só pode apaixonar o cinéfil amador que há dentro de cada um de nós: Black é um funcionário numa central atómica e um dia, acidentalmente, por trazer carga magnética constante agarrada ao corpo, apaga os filmes das cassetes da loja de Mos Def, o seu melhor amigo. Na tentativa de o compensar, tem um plano: refilmar todos os filmes que apagou. A curiosidade para ver como "Ghostbusters", "Robocop", Rush hour" ou "Drivin miss Daisy" ficarão em versão caseira é altíssima.


"The other Boleyn girl" - Quem lê este blog, já ouviu falar deste filmes, por duas razões: Natalie Portman e Scarlett Johansson, que entram juntas neste filme. E são irmãs. As irmãs Bolena. Eric Bana faz de Henrique VIII. Um drama histórico feito por ingleses. Achop que isto basta para despertar o espectador comum a ir ver o filme.


"Funny games" - Uma prática comum em Hollywood é pegar em filmes estrangeiros que fazem sucesso e fazer um remake. Ocasionalmente, convidam os realizadores dos originais a reinterpretar o seu próprio material. Tantas vezes dá mau resultado...
No entanto, confio que esta será uma excepção: o austríaco Michael Haneke (um senhor incapaz de fazer filmes que não desassoeguem, pois é o autor dos perturbantes "A pianista" e "Caché") refaz o seu "Funny games", a história de um casal que vai passar férias à sua casa de campo, e se vê refém de dois jovens, com Tim Roth, Naomi Watts e Michael Pitt. Como Haneke não é conhecido por fazer concessões, parece-me que a pulsão do original se manterá.


"Leatherheads" - De tanto ouvir dizer que deita charme pelos poros, George Clooney decidiu aproveitar isso e recuperar no sue próximo filme como realizador o espírito screwball das velhas comédias românticas de Hollywood. "Leatherheads" passa-se nos anos 20, no ambiente do futebol americano, e Clooney é Dodge Connolly, a vedeta veterana de uma equipa de cidade pequena, que vê o seu domínio ameaçado por Carter Rutherford, interpretado pelo actor da série "The office" John Krasinsky. Rapidamente a luta se estende ao campo romântico e ambos estão a disputar Lexie Littleton (Reneé Zellweger), uma jornalista desportiva para quem a palavra emancipação é pouco para descrever. Um filme que promete revitalizar o tão amargurado género da comédia romântica tradicional.


"Valkyrie" - O regresso de Bryan Singer depois das suas desventuras por terras de super-heróis (com resultados bastantes positivos, diga-se) é "Valkyrie", claramente um veículo para Tom Cruise, mas com um pedigree e uma história impossíveis de se ficar esperançosos numa obra superlativa. O filme adapta o caso verídico, mas pouco conhecido, da tentativa de assasisnar Hitler que mais perto esteve do seu objectivo, organizada no círculo militar perto do Fuhrer. Cruise interpreta Claus von Stauffenberg, o oficial nazi que mais se destacou na história. A acompanhá-lo, e obrigando Tom Cruise a exceder-se, temos Kenneth Branagh, Bill Nighy, Terrence Stamp, Eddi Izzard, Kevin Ncnally, Tom Wilkinson, Stephen Fry e a holandesa Carice van Houten. Foi como se Singer chegasse a uma loja de actores ingleses e só houvesse coisas boas para meter no saco. A cereja do topo do bolo é o reunir da dupla Synger-Christopher Mcquarrie, cujo último avistamento se due aquando de uma coisinha chamada "The usual suspects"...


"Where the wild things are" - O regresso do genial Spike Jonze, após "Being John Malkovich" e Adaptation", depois de um interregno de seis anos, é esta mistura de animação e imagem real, que adapta um livro de Maurice Sendak. Não são conhecidas ainda imagens do filme, mas a história é a de um rapaz que, zangado por ter sido envaido para o quarto sem jantgar, inventa um mundo imaginário, com criaturas que o elegem seu rei. Aí, como todas as crianças, enfrentará monstros e viverá aventuras. O elenco inclui James Gandolfini, Forest Whitaker, Paul Dano e Ctharine O'Hara.


"Body of lies" - Depois de "American gangster", Ridley Scott deve ter ganho o gosto a trabalhar com grandes duplas de actores. Só assim se explica que tenha escolhido como dupla principal da sua nova fita Russel Crowe e Leonardo di Caprio, como funcionários da CIA, um director, o outro agente. O filme pretende explorar a actuação de política externa dos EUA e Crowe já veio dizer que por isso, o filme não
será nada popular, o que indiciará a filiação política desta obra. Talvez pelo facto de envolver a perseguição a um terrorista na Jordânia...


"The curious case of Benjamin Button" - Deus, ou David Fincher, volta a agraciar-nos com mais uma obra, a segunda no espaço de um ano, o que é srupreendente. "The curious case of Benjmanin Button" é a adapatção de um romance de F. Scott Fitzgerald sobre um homem, o personagem titular, que quando chega aos 50 anos começa a rejuvenescer, Isto não seria um problema, se ele não se apaixonasse por uma mulher com 30 anos, e tudo isto não se passasse na primeira metdade do século. A grande novidade é ver Fincher a lidar com dois géneros que habitualmente não lhe ligamos: o filme histórico e o romântico. Brad Pitt será Button e Blanchett a mulher de 30 anos. Para variar, o filme teve uma rodagem demorada, porque apateceu a Fincher inovar e inventar algo de novo pelo meio, neste caso um conjunto de efeitos digitais que permitirá mostra as mudanças de idade de Pitt com maior realismo.


"Revolutionary road" - O grande candidato, em antecipação, aos Óscares de 2008: uma história passada nas décadas de 50 e 60, com tom épico, envolvendo intriga política e amorosa, com Sam Mendes a realizar e Leonardo di Caprio e Kate Winslet como actores principais, eles que ultimamente, quando espirram, são nomeados.


"My blueberry nights" - Wong-kar-wai, o taiwanês que filma o mundo como se este fosse iluminado dentro da sua cabeça, regressa com mais uma fita de tirar o fôlego visualmente. Mas esse nunca foi o seu problema: acompanhar a beleza estética conteúdo é o mais complicado, algo que partilha com outrps grandes estetas do cinema. Com "In the mood for love" conseguiu isso; mas "2046", apesar de ser aquele tipo de objecto com imagens em moimento que podia muito bem caber num museu, deixou algo a desejar. Com "My blueberry nights", Wai tem a sua primeira experiência de longa-metragem fora da indústria cinematográfica japonesa, num road movie em que a pesonagem principal é uma empregada de mesa interpretada por Norah Jones. O restante elenco é modesto, como se pode ver pelas presenças de Jude Law, Natalie Porman, Rachel Weisz, David Strathairn


"The brothers bloom" - "Brick foi um dos grandes filmes de 2006 e a responsabilidade maior é do seu realizador e argumentista, Rian Johnson. Fazer um filme noir ambientado num liceu norte-americano não é para todos. Johnson tentará mante a fasquia alta, porque agora é-lhe esperado isso, com este filme, que conta a história de uma dupla de irmãos que organiza esquemas para tirar dinheiros a pessoas, os chamados conmen. Aquele que eles dizem ser o seu último trabalho é uma mulher rica (em vários sentidos...), mas as surpresas aguradam-nos. Mark Ruffalo e Adrian Brody interpretam os irmãos. Rachel Weisz a mulher rica (eu disse-vos) e pelo meio surge Rinko Kinkuchi, de japonesa de "Babel"... Promete.

Excitação





Quem disse que só as mulheres podem ter orgasmos múltiplos?

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Previsões: Melhor actriz secundária


Aqui, há duas certezas inamovíveis. Uma é Amy Ryan, por "Gone baby gone", a estreia na realizaão de Ben Affleck, que surpreendeu meio mundo, e que tem sido conhecido em Portugal como "aquele filme da Maddie". Ela faz de mãe da menina que é raptada e tem ganho prémios, nomeações e a coisada toda. Isso significa, normalmente, nomeação. Pessoalmente, estou a torcer por esta nomeação, visto que Ryan entra numa das minhas séries de estimação, "The wire". A outra certeza é Cate Blanchett, que interpreta Bob Dylan (sim, não têm hipermetropia) no bizarro "I'm not there" biopic musical em que o cantor norte-americano é interpretado por seis actores diferentes.
As restantes vagas estão para deixar de vagar. O problema é quem as ocupará: "Atonement", que ou vai ser a grande surpresa dos Óscares, ou a grande desilusão (interessante paradoxo), tem três hipóteses, todas pela mesma personagem, interpretada em diferentes alturas da vida: Saoirse Ronan, de 12 anos; a jovem Romola Garai; e a veteraníssima Vanessa Redgrave; Tilda Swinton, por Michael Clayton, já leva alguma referências nesta tempoaradd e prémios, e o filme tem sido consensual; Ruby Dee, apesar de aparecer poucos minutos em "American gangster", como mãe de Denzel Washington, está aí para disputar o lugar de veterana com Redgrave; Catherine Keener, em "Into the wild", já foi nomeada para o SAG, o melhor indicador para esta categoria; e anda sobram Samantha Morton, normalmente amada pela Academia, em "Control" e Kelly Macdonald, em "No country for old men".

O alinhamento deverá ser este

Amy Ryan - "GONE BABY GONE"
Cate Blanchett - "I'M NOT THERE"Saoirse Ronan - "ATONEMENT"Tilda Swinton - "MICHAEL CLAYTON"Samantha Morton - "CONTROL"
Atenção a ultrapassagens na última curva por: Catherine Keener - "INTO THE WILD"

Contagem decrescente


Previsões: Melhor actor secundário


Um parêntesis: queria desculpar-me a todos aqueles que visitam este blog e não partilham a intensidade da minha paixão pelo cinema. Os próximos dias serão, provavelmente, aborrecidos, e reparem o avanço efectuado na escrita desta frase: está a conceber que eu considero que escrevo coisas que não são aborrecidas.

A corrida para os Óscares deste ano tem-se revelado atípica. Se normalmente, dois ou três meses antes, já teríamos o alinhamento quase completo de quem iria ser nomeado, neste momento, há muito poucas certezas definitivas. Os indicadores normais têm sido confusos e mesmo os Globos de Ouro, tantas vezes designados como a antecâmara do careca dourado, chegaram a encher categorias com seis e sete nomeados. Isto conduz-nos a um problema que já não é deste ano, um problema agradável que se tem verificado em anos anteriores: a elevada quantidade de bons filmes a competir. Ultimamente, os Óscares têm perdido em mediatismo, mas ganho em respeito intelectual, pois cada vez mais se tem verificado uma consonância entre aqueles que são os melhores filmes do ano e as fitas nomeadas. Basta lembrar a cerimónia de há dois anos, em que estavam nomeados "Munich", "Capote", "Brokeback mountain", "Good night and good luck" e "Crash", 5 bons filmes, e mesmo assim ficaram outros tantos de fora injustamente. 2007 apresenta um problema idêntico.
Ainda assim, uma certeza: "No country for old men", dos irmãos Coen, é um dado adquirido como grande candidato a filme mais nomeado. Tem sido vastamente aclamado como obra-prima e é um dado adquirido de que será inevitavelmente nomeado para filme do ano. É daqui que sai aquele que, de momento, parece ser o maior candidato ao Óscar de actor secundário: Javier Bardem, pela sua interpretação do sinistro assassino Anton Chigurh, que utiliza um compressor para matar as suas vítimas. Diz-se que é uma daquels tour de force que arrebata prémios. A partir daqui, os candidatos sucedem-se, uns mais certos que outros: razoavelmente previsíveis, estão Casey Affleck", em "The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford", intepretando este último, e Philip Seymour Hoffman, em "Charlie Wilson's war", um filme que tem vindo a crescer nas últimas semanas, por força da sua surpreendente performance no box office. Os restantes dois lugares estão abertos à disputa: se os votantes decidirem repetir a velha tradição de aproveitar esta categoria para honrar veteranos (como aconteceu o ano passado com Alan Arkin), será impossível deixarem de distinguir Hal Holbrook, como um homem que perdeu a família e tem a oportunidade de arranjar um neto emprestado, salvando-o de cometer a loucura de ir viver para o meio do mato apenas porque sim, em "Into the wild"; Tom Wilkinson tem uma actuação electrizante em "Michael Clayton", filme denúncia do ano, e que tem uma enorme legião de fãs na intelligentsia americana; Paul Dano, como ministro da fé improvisado no épico intimista muito aguardado "There will be blood" é outro; se "No country for old men" for realmente amado pela Academia, Tommy Lee JOnes pode ser o outro nomeado nesta categoria; e há ainda dois "dark horses": JOhn Travolta, num papel drag no musical "Hairspray", e Robert Downey Jr., em "Zodiac", que pode aproveitar a forte campanha que a Warner tem feito no último mês e meio, quando se apercebeu de que "Zodiac" fora considerado, a ver as pontuações dadas pelos críticos, o terceiro melhor filme do ano, e que estreá-lo em Março fora um erro enorme.
As minhas previsões para esta categoria são:

Javier Bardem - "NO COUNTRY FOR OLD MEN"
Casey Affleck - "THE ASSASSINATION OF JESSE JAMES BY THE COWARD ROBERT FORD"
Philip Seymour Hoffman - "CHARLIE WILSON'S WAR"
Tom Wilkinson - "MICHAEL CLAYTON"
Paul Dano - "THERE WILL BE BLOOD"

Ultrapassagem na última curva por : Tommy Lee Jones - "NO COUNTRY FOR OLD MEN"

terça-feira, janeiro 15, 2008

"Control"


Tomei a decisão de ir ver "Control" logo após ver o trailer. Não sou fã de Joy Division, ou da figura de Ian Curtis, simplesmente porque não conheço muito. Como qualquer pessoa que consegue distinguir os U2 dos 2Unlimited, sei da existência de "Love will tear us apart" e que Ian Curtis se matou. O meu conhecimento acaba aí. O que me levou a ver o filme foi a magnífica fotografia a preto e branco, a possibilidade de ver um excelente fotógrafo a fazer um filme (o que seduz, de imediato, o fascínio que tenho pela composição de planos num filme) e, pronto, a identificação óbvia com um tipo que passa a vida deprimido, julga que todos o odeiam e pensa que não tem qualquer talento, apesar de lhe dizerem o contrário.
O filme aborda principalmente a figura de Ian Curtis e a sua relação com a mulher Deborah, a que não será alheio o envolvimento desta como produtora de "Control". Acaba por ficar assim um pouco de lado a própria história dos Joy Division como banda, o que, na minha opinião, acaba por melhorar o filme, pois transforma-o num interessante estudo da pessoa de Curtis. O realizador aproveita, por isso, para se centrar na pessoa e não no mito. Tendo em conta que boa parte dos potenciais espectadores do filme são precisamente pessoas que endeusam Curtis, não deixa de ser uma decisão corajosa. Ao aplicar isto, Corbijn dá a que não conhece Joy Division a mesma oportunidade para gostar do filme: estamos a ver uma história, a evolução de uma personagem. Isto é o básico de um filme, seja ele qual for.
O suicídio de Ian Curtis é o corolário de tudo o que nos é mostrado e torna-se portanto tentador que o filme arranje uma explicação para o mesmo. Apesar de nos dar pistas, não os faz, o que obriga o espectador a ter em atenção os pequenos pormenores de Curtis e a arranjar a sua própria explicação. Curtis evolui de jovem com 16 anos extremamente auto-confiante, crente de que vai ser uma grande figura e seguro de si o suficiente para casar bem cedo para um homem despedaçado, cheio de dúvidas, egoísta, incapaz de tomar decisões, com um enorme medo de morrer (o que é paradoxal, visto que sabemos que ele se suicidará) e a temer o sucesso. Como é que um homem passa por isto e se trona num cobarde? Saltando fases de crescimento, talvez. O mito "Ian Curtis" tem os mesmos problemas que eu, o Zé, o Manel, o Vitó, a Maria e a Ana. De súbito, é um tipo como nós, apenas num nível muito mais elevado artisticamente. Mais do que a música que ele fazia, foi precisamente isso que me manteve o interesse nele. Curtis foge de um lado para o outro, não se sabe bem de quê, talvez da responsabilidade; e quando foge para a música, toca nas pessoas, transcende-se e sem o querer, transforma a vida dos outros. É o clássico exemplo do artista torturado, algo a que Corbijn foge habilmente: se Ian Curtis não fosse músico e o filme existisse na mesma, sentiríamos o mesmo. Esse é o grande trunfo do filme. No entanto, por vezes, Corbijn não resiste e joga com as nossas expectativas. numca cena em que Bernard Summer, o guitarrista dos Joy Division, hipnotiza Curtis, este, em estado de transe, relembra alguns dos diálogos que já ouvimosdurante o filme, e pelo meio, subliminarmente, Corbijn não resiste a enfiar duas imagens de uma corda de roupa. O mito do suicida cruza-se com um momento intimista que não rpecisava de todo disso. Por aquela altura, acho que qualquer espectador inteligente conseguira entender o estado de espírito de Curtis.
A destacar está, claramente, o desempenho de Sam Riley, muito credível como personagem, e, como constatei mais tarde, um imitador perfeito de Curtis na performances em palco. Riley, que não é actor, caracteriza o ar frenético do vocalista dos Joy Division e tem o desafio de mostrar quase uma carcaça vazia de emoção, algo que sabemos não ser verdade, porque quem escreve as músicas que ele escreveu, devia sentir alguma coisa. Essa dualidade é transmitida por Riley na perfeição. No entanto, é Samantha Morton, que tem sido pouco destacada, que agudiza toda a situação que Curtis vive. O facto de nos apercebermos, enquanto o filme decorre, que Deborah é o contrário daquilo que Curtis quer, e ao mesmo tempo não cedermos à tentação de a vilanizarmos por iss e compreendermos até o sue drama, é completamente mérito de Morton, que nos faz entender Deborah Curtis, sem que tenhamos necessariamente que torcer por ela. Destaque também para a bela Alexandra Maria Lara como a amante de Curtis, ingénua e consciente ao mesmo tempo e com medo de se apaixonar. Haja alguém que confesse esse medo... A realização de Corbijn é a de um fotógrafo: planos muito lindos, semelhantes a fotografias e um trinfo nas ecenações de palco, mas ainda assim, parece faltar qualquer coisa de ritmo ao filme. No entanto, é a sua primeira obra, e louvável por isso.

Um filme para espectadores que gostem de filmes que se demoram nos seus intentos, mas claramente, uma experiência muiot mais gratificante para quem já gosta de Joy Division e tem interesse em Ian Curtis. É uma boa obra, embora não chegue a ser excelente, que é uma das biografias musicais mais interesantes dos últimos anos.

Fashion victim


Sofro de um mal interno que me impede de ser normal e que devia ser contemplado na lei portuguesa, naqueles artigos sobre pessoas com necessidades especiais, um eufemismo poiliticamente correcto e parvo com que o establishment decidiu brindar os cidadãos com deficiência. Porque deficiência é uma palavra muito feia e não soa bem. Mas não é esse o assunto.
A minha doença é a incapacidade quase total em comprar roupa. Não porque goste de andar nun. Aliás, até gosto, em certa situações é totalmente aconselhável, mas o verdadeiro motivo é a minha falta de gosto em moda. Coloquem-me numa livraria e estou em casa; ponha-me numa loja de DVD e eu oriento os clientes todos enquanto resolvo um cubo Rubik. Soltem-me num entreposto de roupa e sentem-se, enquanto esperam pelo desastre a acontecer. Tenho uma crónica falta de conhecimento do assunto. Não me interpretem mal: sei o suficiente para não entrar na Oysho à procura de vestuário para mim, mas sou tão burro que só me apercebo que passei da secção de homem para mulher numa loja de roupa quando chego às coisas mais óbvias que me recordam que já não vejo um par de mamas ao vivo há algum tempo.
Por isso, tenho medo de comprar roupa. Isto explica o facto de o meu guarda-roupa não sofrer uma revisão consistente há mais de cinco anos. Por isso, uma das minhas decisões para 2007 foi então proceder a essa revisão. Tarefa penosa, mas eu estou habituado a isso: todos os anos digo a mim mesmo que hei-de arranjar uma namorada.
As boas notícias é que consegui cumprir 90% dos meus objectivos sem grande dificuldade. O principal, tomar decisões autónomas relativamente ao que comprar, foi cumprido com inesperada desenvoltura e juro que, algures, quando vi um homem a segurar uma camisola com ar de quem a ia experimentar, pensei: "Meu, isso fica-te tão terrivelmente mal!". Eu a mostrar uma opinião sobre moda, a sério. Penso que co o que comprei, posso passar mais um ano, em diferentes combinações, a enganar as pessoas e fazê-las pensar que aquela camisola preta não foi estreada em 1999. Ou então, não.
Um último apontamento: como cliente e consumidor, cabe-me lançar um alerta aos comerciantes da indústria do vestuária para um factor importante no acto de venda. Falo das cabines, vulgarmente designadas de provadores. Existem elementos importantes para quem lá vai experimentar o produto que quer comprar. Nâo adianta terem só cabides e espelhos. Os cabides são muito úteis para casacos e calças com cruzetas agarradas, mas quem quer tentar camisolas tem de desafiar as leis da lógica para poder pendurar lá a sua. Algumas lojas, um númeor reduzido, têm o bom senso de colocar um banco, que para além de servir para nos sentarmos se formos mesmo muito, muiot indecisos na escolha de uma peça de roupa, está mesmo a jeito para colocarmos o que não podemos deixar nos cabides. Faz a diferença. O mesmo se diz com um espelho duplo, que nos permite ver a parte de trás e da frente em simultâneo. Dois serviços mínimos que podem fazer muito pela relação vendedor/consumidor.
Fica a dica de um leigo, com tudo o que isso vale.

domingo, janeiro 13, 2008

Cinema em 2008: os Blockbusters de metade do ano

Se 2007 foi o ano das threequels, e da quase total desiulusão que trouxeram (com a excepção a ser o magnífico, "The Bourne Ultimatum", 2008 não nos traz grandes novidades nas produções de grande orçamento. A moda este ano está em heróis de BD, adaptações de séries de TV e o recuperar de sagas que se julgavam extintas. Basicamente, o talento para Hollywood fazer uma reciclagem das suas próprias ideias e valores continua bem vivo. Se quiseremos procurar algo de novo nos EUA, temos de nos virar para o cinema independente, ou então aguardar os raros blockbusters de qualidade. Eles existem: só temos é de saber descobri-los.


"Cloverfield" - Provavelmente, o filme mais misterioso e secretista do ano. J.J Abrams, Drew Goddard e Bryan Burk, arugumentistas e produtores de "Lost", inventaram uma estranha história onde Nova Iorque é invadida por um monstro do qual não conseguimos ainda divisar quase nada. Tudo filmado numa camcorder, pois os personagens do filme, na sua maioria actores desconhecidos, são jovens que se encontravam numa festa e que ao ouvirem barulho, saem à rua e vêem a cabeça da Estátia da Liberdade a passar à sua frente rebolando. A ver vamos se o efeito hype resulta no box-office.


"Rambo 4" - Depois do inesperado sucesso de "Rocky Balboa", onde, esperemos, terá dado a extrema-unção ao personagem do "Italian Stallion", todos sabíamos o que Stallone nos reservava ao virar da esquina: o regresso de John Rambo, homem-exército e candidato a Chuck Norris nas horas vagas. Rambo é agora um pacifista, Rambo's way: vivendo feito eremita, recusa-se a acompanhar um grupo de missionários ao Myanmar(tendo escrito isto antes da confusão que lá houve este ano, Sly revela olho para a polémica). Entretanto, estes são pariosionados por um general brutalista e mau como as cobras. O que há a fazer? Deitar o pacifismo pela janela e pegar em armas, pois claro. Quando ouvimos Rambo a debitar pérolas de sabedoria como "When you're pushed, killing is as easy as breathing", só ingénuos podem pensar que vão ver a sequela de "Driving miss Daisy".


"Jumper" - A dupla responsável por "Mr. and Mrs. Smith", Doug Liman a realizar e Siumon KInberg a escrever, volta à carga, sem o star power de Angelina Jolie e Brad Pitt. Isto não quer reduzir o talento de Liman, autor do primeiro Bourne e de uma pérola indie e pouco conhecida chamado "Go" e, claro, de "Swingers". Mas é um desafio ao talento que Liman tem para faezr dinheiro mesmo mantendo a sua marca autoral e o seu mau feitio nas rodagens: o actor mais conhecido de "Jumper" é Samuel L. Jackson e faz de vilão, que persegue dois jovens, Hayden Christensen (aka young Darth Vader) e Jamie Bell (aka Billy Elliot), que têm a habilidade de se teleportarem quando querem, para onde quiserem. São jumpers. Efeitos visuais caríssimos e trepidação podem fazer deste filme uma máquina de dinheiro.


"Iron man" - Depois de ter ficado provado que podia rentabilizar grandemente com a colocação dos seus heróis no cinema, era uma questão de tempo até a Marvel decidir resgatar outras figuras icónicas do seu panteão que ainda não se tinham espraiado no grande ecrã. O Homem de Ferro é o senhor que se segue e o casting do personagem abre boas perspectivas: o grande Robert Downey Jr., ex-pária transformado em actor da moda, é Tony Stark, e por arrasto o seu alter-ego ferroso. O restante elenco do filme não lhe fica atrás. Gwyneth Paltrow, Jeff Bridges, Terrence Howard e o ubíquo Samuel L. Jackson num cameo como Nick Fury enrquecem esta adaptação de Jon Favreau, que pelo que já foi dado a ver, é candidata a ser uma das fitas mais cool do ano.


"The chronicles of Narnia: Prince Caspian" - Quem viu o primeiro, tem aqui o segundo volume da saga de 7 livros do escritor C.S Lewis. Quem não viu... é bom que goste de épicos light, ou então vai dar por mal empregue o dinheiro gasto no bilhete

"Speed racer" - A última vez que víramos os Wachowsky, estes entretinham-se a destruir o seu próprio bom trabalho (com duas sequelas, uma mal amanhada e a outra uma catástrofe completa, um dos poucos filmes de que me apeteceu sair a meio) em "Matrix". Depois de restaurada parte da sua mística com a escrita do argumento de "V for Vendetta", eis que regressam com "Speed racer", adaptação de uma série de animação que mete corridas de automóveis. Emile Hirsch (um nome que convém fixar para este ano), Christina Ricci, Susan Sarandon, John Goodman e Matthew Fox (que continua misterioso como Racer X) participam neste filme, que pelo que já deu para ver, parece um jogo de computador metido em filme.
Faz-me lembrar um outro...


"Indiana Jones and the kingdom of the crystal skull" - O que se pode dizer sobre o filme mais aguardado de 2008? Apenas que as expectativas estão demasiado elevadas para que possam ser cumpridas. Com a pandilha reunida (Spielberg, Lucas, Ford), recupera-se Karen Allen como Marion Ravenwood e lançam-se para a confusão Shia Labeouf, que pode ser o filho de Indiana Jones, e Cate Blanchett como uma vilã com visual de dominatrix. Da história, pouco se sabe. Mas o mito perdura...


"Sex and the city: the movie" - O grande filme religioso do ano. Não leram mal: muita rapariga fez desta série a sua bíblia, de Carrie Bradshaw a messias das relações, e de Miranda, Charlotte e Samantha profetas de diferentes formas de viver a condição feminina. Um mimo! Aparentemente, Carrie vai-se casar com Mister Big e pelo trailer, continua a envergar vestidos foleiros, mesmo que sejam muito fashion. A série estava bem escrita. A dúvida é se resultará em formato de longa-metragem.


"The happening" - Depois da polémica de "Lady in the water", M. Night Shyamalan viu o seu (justificado) estatuto de wonder boy abalado. Foi acusado de 300 coisas, entre as quais egocentrismo artístico. O seu novo filme soa a um regresso ao seio da indústria e por isso, um pedido de desculpas: plantas atiram para o ar neuro-toxinas que levam as pessoas a cometer suicídio de forma violenta. Mark Whalberg e Zooey Deschanel são um casal que tenta fugir a esta praga. Um thriller ambiental? Parece que sim. Se Shyamalan conseguir gerir este cenário apocalíptico como o fez em "Signs", este é um candidato imediato a melhor filme do ano.


"The incredible Hulk" - Depois da incompreendida, mas extremamente interessante, versão do sempre experimental Ang Lee, a FOX decidiu fazer um reboot da personagem; portanto, baralhou e voltou a dar: em vez de Eric Bana, temos Edward Norton (que também ecsreve o argumento); em vez de Jennifer Connelly, temos Liv Tyler; e em vez de Ang Lee, temos Louis Leterrier, um tarefeiro de filmes de acção. Tendo em conta as descompensações de talento envolvidas, pode estar aqui um dos filmes mais bizarros de 2008.


"Wanted" - Na tradição recente de chamar realizadores estrangeiros que dão provas de rentabilidade, Hollywood virou-se para o Timur Bekmambetov, obreiro da saga de maior sucesso do cinema russo: "Nightwatch" e "Daywatch", excitante e inteligente trama que envolve o Bem e o Mal em disputas por Moscovo, com aspecto opulento, mas feita com um quarto do orçamento habitual das grandes-produções norte-americanas. Tendo como pano de fundo uma irmandade de assassinos que trabalha para o bem (um conceito paradoxal) e Angelina Jolie como femme fatale, Morgan Freeman como mentor e James McAvoy como o herói a contragosto, temos um blockbuster incógnita: tem muito bom aspecto, mas a performance é imprevisível.


"Hancock" - Um super-herói alcoólico que só faz merda. O quê, é um conceito que não leva a lado nenhum nas bilheteiras? Esperem, esqueci-me. Tem Will Smith; e Will Smith = dinheiro em caixa.


"Hellboy II: The golden army" - O primeiro "Hellboy" era um excelente filme, que passou algo despercebido quando estreou: sem grandes estrelas e baseado numa BD underground, Guillermo del Toro fez um filme à sua maneira, com o arsenal visual a que nos habituou, mas isso não se traduziu nas bilheteiras. Houve o risco de esta sequela não existir. Mas agora, está na moda gostar de Del Toro. Ron Perlman regressa como o vermelhão e isso significa coolness, claro está.


"The dark knight" - Christopher Nolan tem em mãos uma tarefa difícil: em primeiro, suceder ao Batman anterior, também seu, que foi um sucesso em toda a linha; depois, ter Joker como vilão deste filme (e aqui, Heath Ledger toma o papel de Jack Nicholson); e depois, apesar dos louvores, o fantasma de Tim Burton con
tinua a pairar sobre a saga. Christian Bale continua o Homem-Morcego, Maggie Gyllenhall substitui Katie Holmes e ao que parece, o Two-face também vai surgir na pessoa de Aaron Eckhardt.


"Untitled X-Files sequel" - "Ficheiros secretos encerraram há 5 anos, mas após igual tempo de silêncio, Chris Carter, deus em forma humana e criador de séries geniais na shoras vagas, decidiu que estava na altura de tentar um segundo filme. Está provado que resulta, pois o primeiro filme foi um sucesso. David Duchovny e Gillian Anderson levam ao júbilo milhares de fãs, voltando a emparelhar como Mulder e Scully e aparentemente, este segundo filme nada terá a ver com conspirações, mas sim com um caso paranormal solitário. The truth is out there again...