terça-feira, janeiro 29, 2008

Os parvos


Quem lê este blog, sabe que sou escuteiro. Gosto de o ser, por razões pessoais, mas sou bem capaz de apontar o dedo a falhas no movimento e pessoas dentro do movimento, como também já o fiz aqui várias vezes. Também tenho sentido de humor. Já brinquei com o escutismo e já me ri com brincadeiras acerca do escutismo. De facto, acho que o famoso sketch "A minha vida dava filme indiano", do Gato Fedorento, é brilhante a convocar o estereótipo generalizado acerca do escuteiros para conseguir uma piada muito bem conseguida, que nada tem a ver com uma crítica ao escutismo. E até podia ter a ver: critiquem o escutismo, não me afecta pessoalmente. Continuarei lá até me sentir satisfeito e em simultâneo, usarei o adjectivo mirim e rirei de algumas parvoíves que alguns escuteiros fazem.
Uma cadeia de lojas, a Media Markt, decidiu faezr um anúncio baseado no conceito "quem não é parvo, compra nas referidas lojas". Para isso, reúne vários estereótipos da parvoíce: a Miss loura; o militar, o político; e o escuteiro. Como sempre, o escuteiro é o parvo. Mas se nos três primeiros casos eu compreendo como surge a associação básica e primária com a parvoíce, gostava de saber onde isto entronca na condição escuta. Vejamos: a sociedade em geral reconhece-nos desembaraço manual, certo? Certo; a sociedade em geral reconhece que somos um grupo com valoes definidos e bem ordenados, logo supostamente coerentes (reparem no supostamente)? Reconhece; temos dezenas de milhares de pessoas nas nossas fileiras, certo? E seria uma idiotice estatística considerar que são todas parvas, certo? Certo.
Portanto, sobram-me várias hipóteses: os escuteiros são, por norma, religiosos. A minha opinião sobre a religião é por demais conhecida, mas se é essa a razão pela qual somos parvos, a Media Markt parece desconhecer que mais de 90% da população partilha essa fé e, claramente, vão fazer um mau negócio aqui. Há também a farda. Sim, é cómica, mas já alguém viu o equipamento das selecções de rugby? Alguém goza com eles? Não; é por cantarmos? A música é uma coisa parva? Porque se for, não quero viver neste mundo.
Se me conseguirem explicar qual a origem do estereótipo da parvoíce e ele me parecer lógico, estou à vontade para concordar com toda a gente que sorri quando se fala nos escuteiros. A sério. Eu nem me sinto ofendido pelo anúncio: não adianta nada à ideia generalizada que há sobre o escutismo, e posso garantir que há escuteiros mesmo parvos. Eu sou, obviamente, um deles, mas há quem me supere. Na realidade, pelo facilitismo com que se pega na figura do escuteiro, o maior parvo acaba por ser a empresa que contratou os publicitários que idealizaram o anúncio. Qualquer escuteiro parvo faria uma coisa daquelas num Fogo de Conselho, e sem ser pago.

3 comentários:

João Almeida disse...

Não posso deixar de concordar com o k escreveste, e inda assim, acredito k te tenhas contido uma vez k os exemplos de k n somos um movimento de parvos é enorme.
No entanto, e porque me toca em particular, n posso deixar de achar descabida a foto escolhida, mas pior do que isso foi verificar ao clicar na mesma que a sua dimensão n tinha sido alterada antes de publicada, puk os 640x480 pixels são mais k suficientes!! Atenção a isso pa próxima!

Vítor H. Silva disse...

Até concordo, mas...
In a dog eat dog world, ser escuteiro... (ser corajoso ou sonhador - e vejamos por que se movem os seus elementos)

LC disse...

Obviamente concordo com o que disseste!

E por concordar até posso dizer que sou um parvo ao quadrado! Para além de escuteiro sou militar e orgulho-me das duas em igual medida.

Infelizmente, nos dias que correm, usar uma farda, TER e DEFENDER valores é uma parvoíce.

Abr

Tiago