segunda-feira, outubro 17, 2005

The man...



Os meus gostos musicais e o country, estilo de música tradicionalmente querido dos chamados Red States norte-americanos são dois campos que não podiam estar mais longe um do outro. A melosidade das baladas, os cantores tipicamente rústicos, o glorificar dos estilo de vida redneck e o empunhar da bandeira dos valores americanos old-fashioned são características que apesar de não despertarem em mim repulsa, chegam para pegar nos CD's dom Tim McGraw, da Faith Hill e afins e queimálos alegremente no meu quintal, enquanto ouço o tema "American Idiot" e digo com todo o orgulho o verso "I'm not a part of a redneck agenda".
No entanto, e como em tudo na vida, há uma excepção no Country que confirma a regra e ainda hoje me admiro como consigo gostar das músicas desse homem, pois até é um dos símbolos máximos deste estilo de músic,a muito embora, e esta é a minha opinião, a sua alma não podia estar mais longe do Country. Johnny Cash e a sua saga recente de discos, que dá pelo nome de American Recordings, encantam-me a cada audição. Os American Recordins são 4 álbuns, equilibrados entre temas originais de Cash e versões de canções conhecidas de outras proveniências, como por exemplo "One", dos U2, "Hurt", dos Nini Inch Nails" ou "Mercy Seat", de Nick Cave and the Bad Seeds. Sabendo-se que o homem estava já no final da vida e ainda assim compunha com esta vpracidade e qualidade é espantoso; e nota-se que Cash sentia já o sabor da morte: o tema "The man comes around" é uma descrição bem ácida do Dia do Juízo Final, por ele cantada com a plena convicção de que esse dia chegaria e que também ele iriai estar na berlinda dos julgados; e em "Hurt" (que Mark Romanek transformou num dos mais tocantes videoclips dos últimos anos) a pungência (e simplicidade, algo que sempre marcou as suas canções) da dor, da auto-consciência dos seus próprios erros e da penitencia perante a mulher, June Carter, chegam a ser quase palpáveis. É por isso que Cash comete a rara proeza de construir versões que são realmente melhores que o original e tem o condão de escolher temas em que a sua voz grave encaixa como uma luva e lhe dá outra dimensão.
Johnny Cash continua, por isso, a tocar no meu computador. Neste momento, soa "Mercy Seat". teclas e o dedilhar de cordas de uma guitarra: arrepia.

Sem comentários: