domingo, dezembro 30, 2007

Designação


Todos os anos têm uma designação: Ano do deficiente, ano da luta contra os caçadores de focas, ano internacional de sodomização de castores... Todos querem que todos os anos sejam importantes. O ano de 2008 não será excepção e pelo menos no meu caso, tem já um título que penso ser apelativo.
O ano orgasmo.
Perguntam-se porquê? Let me enlighten you.

5ª e última season de "The wire"
4ª season de "Lost"
Novo álbum dos Green Day
Uma nova série documental sobre OVNI em Portugal coordenada por el grande master professor Joaquim Fernandes
"Indiana Jones and the kingdom of the crystal skull"
Novo filme de "The X-Files"
"The curious case of Benjamin Button", de David Fincher

Quem se matar em 2008 vai parar directamente ao Inferno, sem apelo.

Erro


Gostei deste ano.
Não, não é engano. Leram mesmo bem: escrevi que gostei de alguma coisa relacionada com a minha vida em geral. Será vírus? Será doença? Não sei. Este é um daqueles posts que pode projectar este blog para lá da aura de "blog queixinhas" que já tornou folclore para quem o lê.
Experimentei coisas novas, o que é raro; consegui superar alguns momentos bem depressivos com alguma classe e voltar ao mais alto nível. Deu tempo até para conhecer pessoas novas.
Engraçado.
2008 pode ser ainda mais engraçado, penso.

Sem preço

Passarmos tempo ao paleio com pessoas com quem gostamos de estar e falar.
Quer dizer, vale 1,50 + 75 c... É fazer as contas.

terça-feira, dezembro 25, 2007

Publicidade

Queira apenas destacar um dos melhores slogans que aí anda. Entenda-se que seria o melhor na categoria "slogan que não se deve ouvir enquanto se está a comer".
Falo do anúncio a umas saquetas chamadas Imodium, que combatem esse flagelo que aflige alguns de nós ocasionalmente e que se acusa de diarreia.
O slogan é "Pare a diarreia antes que a diarreia o páre a si".
Simples, directo, estapafúrdio.
Português, pois claro.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

O livro esperado

Na ronda que faço pelas livrarias, buscando prendas de natal que de ano para ano se tornam uma espécie de caixa de brasas sobre a qual eu tenho de andar e esperar não me queimar nas chamas das minhas próprias dúvidas, reparo que há um número cada vez maior de livros que querem contar a história secreta dos Templários.
Acho que me pronunciou em nome de um grande número de pessoas quando digo: estamos fartos.
Exijo que alguém escreva a história pública dos Templários, que, no meio de tantas teorias da conspiração, está a ser violentamente ostracizada e esquecida. Quandoe ssa obra for publicada, eu me declaro como mais que provável comprador. De certa maneira, será o meu Graal pessoal.

sábado, dezembro 22, 2007

Contagem decrescente

"Lost" retoma ao serviço dia 31 de Janeiro. Estas são as boas e as más notícias. Os argumentistas que se ponham a pau com a greve, senão quem~os põe a pau sou eu.
Ora bem, para marcar o tempo que falta para o evento que vai tornando o Natal nesta terra menos deprimente do que é costume, postarei aqui, todas as semanas, duas das novos fotos promocionais desta 4ª temporada.
Comunguem comigo deste espírito.



quinta-feira, dezembro 20, 2007

Blogas

Um dos fenómenos mais fascinantes da Internet é a blogosfera feminina. Não estou a falar em termos gramaticais, claro, pois a palavra blogosfera é do género feminino. Aliás, facto curioso que partilha com o vocábulo "escrita", e o facto da actividade de encadear letras ter estado até muito recentemente fora do alcance das mulheres.
A blogosfera feminina está recheada de blogs interessantes. Neles, podemos encontrar mulheres que são inteligentes, espirituosoas e falam de temas da actualidade com leveza e estilo. Apresentam um à vontade com o sexo que de tão natural que é, quase prescinde a utilização da expressão "à vontade". Reconhecem que se enganam e que erram. E é isto o que há de fascinante neste ambiente: estas mulheres praticamente não existem na realidade.
Para fins argumentativos, isto não é uma daquelas falácias que pretende provar o seu oposto: ninguém está aqui a dizer que, precisamente, os homens reaus são tudo aquilo que está em cima descrito. Nem mesmo a parte do sexo. Mas é curioso como é tão raro encontrar na vida real mulheres assim. Há váriasrespostas para este enigma: o primeiro é que, decididamente, não conheço as mulheres certas. É possível. Algumas das raparigas mais interessantes que conheci fi-lo nos últimos anos, fora do meu ambiente natural. A segunda é a de que a Internet é, de facto, uma óptima máscara para quem tem um certo problema com a sua verdadeira personalidade e encontra ali um lugar seguro para ser quem bem lhe apetece. Também é provável.
A terceira hipótese é a de que este blog, um blog escrito por um homem, com temas másculos e, muito frequentemente, mariquinhas, é profundamente chato e aí sim, a história da comparação é válida, porque esses blogs de mulheres são infinitamente mais sumarentos em comparação.

Retiro o que disse. Na verdade, e quem é cliente habitual sabe-o, tenho tantas nóias como uma mulher normal, estado normal. Uma mulher normal com SPM era bem capaz de mastigar este blog e deita-lo fora com uma baforada de fogo se aqui escrevesse.

Regresso


Deixem-de desde já sossegar-vos, ou fazer uma dsfeita, conforme o caso específico: esta ausência não se deve ao facto de ter visto a luz (vulgo Jesus Cristo, ou aquela voz na cabeça da Joana Solnado quando ela se esquece de tomar os mdedicamentos para a Tourette). A escrita no blog tem sido, como devem notar, mais espaçada. Moleza, falta de temáticas, fraca participação do 12º jogador nas discussões que se lançam: qualquer uma dessas razões está certa e errada em simultâneo, como quase tudo o que nos preenche a vida.
Quanto ao fim de semana, aos que se preocuparam em verificar como ia o meu processo zen de "Vive la resistance", foi interessante. Eu gosto de conhecer pessoas novas, enquanto tenho tendências de eremita, mas quem aqui passa, sabe que sou cheio de paradoxos. Logo, foi uma oportunidade de ver homens e mulheres a reagir ao que era ançado, de maneiras diferentes, com sentimentos variados. Passei a respeitar mais as pessoas que, ao contrário de mim, crêem no Deus católico, pois encontrei casos de gente que acredita sinceramente em algo, e sente as coisas, ao ivés de debitar lugares comuns e dizer que coisas só porque são bonitas ou porque fica bem ouvir; gente que diz que sim, que acredita em Deus, mas só porque não acreditar não é bem a onda deles. Portanto, à falta de melhor, o contrário tem de servir.
Num curso que, final, também faz parte do escutismo, foi curioso encontrar muita gente que nunca tinha sido escuteira e que olhava para mim, que tenho 16 anos de mirim fardado, como quem espera ouvir palavras sábias e conselhos, algo que definitivamente não é o meu papel. Na verdade, eu sei pouco disto e não tenho nada o perfil de sapiente e grande chefe. Eu sou mais o agent provocateur. Indirectamente, oq eu aquelas pessoas me vão dizendo é que está na altura de crescer mas é, e deixa de ser fogareiro. Foi como eu disse: aprende-se sempre algo nestas coisas, e o importante é não ter medo da novidade: apenas aceitá-la ou bater-lhe, conforme a situação.
E sim, vou continuar a fazer humor com a religião. Por alguma razão passei o fim de semana inteiro e fazer cenas de "A vida de Brian".

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Oscar season





O anúncio das nomeações para os Globos de Ouro marcam o arranque a sério da época de adivinhação e profecia que rodeia os Oscars. Na verdade, a publicação dos prémio do National Board of Review já levantara alguma poeira, mas só agora os oráculos do careca dourado podem entrever o futuro com o um pouco mais de clareza. Mas só um pouco mais, porque neste negócio, como é sabido, ninguém sabe de nada; e este ano tudo está turvo. Por esta altura, na edição anterior, tínhamos já praticamente certezas de vencedores. Este ano, as nomeações são uma corrida em campo aberto.
Em Melhor filme, por exemplo, há talvez duas certezas: "No country for old men", o western dark dos irmãos Coen,está lá. O mesmo podemos dizer de "Sweeney Todd", musical de Tim Burton que saltou da Broadway para o cinema e tem conquistado a crítica. A partir daqui, especulação: poderá "There will be blood", o longo filme de 3 horas de Paul Thomas Anderson, entrar? Conseguirá "American gangster" vencer o cepticismo geral relativamente à sua qualidade? "Será que "Michael Clayton", thriller de advogados de Tony Gilroy surpreender? E "Atonement", o correspondente de 2007 a "O paciente inglês"? POderão filmes estrangeiros como "The kite runner" e "The diving bell and the butterfly" ter hipóteses? E o surpreendente "Juno", comédia independente e critical darling deste ano?
É o velho jogo de previsões. Mais para o início do ano, um esmiuçamento mais específico surgirá. Aguardai e sereis recompensados com mais uma odse de incerteza.

Fim de semana alucinante

Pela primeira vez desde há muito tempo, vou faltar a uma actividade de escuteiros do meu agrupamento. Isto para ir a outra: um fim de semana que emula um retiro espiritual e tenta que os seus participantes sintam uma presença qualquer, quiçá uma mão fria na nuca, o que é, convenhamos, desagradável.
É melhor parar com estas piadas. Ainda alguém lê isto e me denuncia aos organizadores.
Já fugi de incêndios, já fiz rappel e slide, já desci escarpas e mergulhei e lagos gelados. Coisas radicais e perigosas. No entanto, nada me desperta este temor como este fim de semana. Respiro fundo e entro num estado zen. Porque claramente, fins de semana espirituais e o meu actual estado de espírito têm tanto a ver como o fair-play com o Futebol Clube do Porto.
Mais uma vez, é melhor calar-me.
Um último desejo: que Deus no guarde, saúdinha e tenho a ligeira impressão de que tudo isto, afinal, me vai faezr algum bem. Não sie qual, mas vai. Acontece sempre que estou com medo de alguma coisas.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Paleio

Estar à conversa até às 4 e tal da manhã. Acho que a última vez que me aconteceu, falava-se aí de uma revolução qualquer contra os espanhóis, encabeçada pela casa de Bragança.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Os 10

As Produções Fictícias estão a promover uma votação de algum interesse: os cinquenta melhores programas de sempre da televisão portuguesa. Entenda-se que têm de ser de produção portuguesa. Ao início, sorri de mim para mim, pois pensei que, se calhar, dez bastavam. No entanto, ao pensar no assunto e ler as diversas opiniões, dei-me conta que estav errado. Mesmo arranjar 10 para fazer este post foi complicado, pois escolher um top próprio é sempre difícil: é uma tarefa de relativismo e temos semprede estabelecer os nossos critérios. No meu caso, acho que não existem critérios fixos. Antes de me chamarem qualquer nome, lembrem-se que a frase que acompanha este blog é "I'm a complex guy, sweetheart".
Os programas seguem sem nenhuma ordem em especial.



"Herman Enciclopédia" - Toda a gente ainda utiliza hoje uma ou outra expressão retirada dessa Herman Enciclopédia. Tinha um elenco como nunca mais se reuniu num programa de comédia (para além de Herman, Miguel Guilherme, José Pedro Gomes, Maria Rueff, Joaquim Monchique, Lídia Franco, Vítor de Sousa...) e personagens de charneira: Diácono Remédios, Henrique Melga, os organizadores da Expo 97... Quando vejo Herman a fazer algo de mau, lembro-me que ele um dia fez isto. E convenhamos: para quem lhe quer dar pontapés nos tomates por isso, a "Herman Enciclopédia" é o maior protector de tomates que existe.


"O tal canal" - O primeiro Herman, um programa cómico que rebentou com o que se fazia na altura e cuja trepidação ainda hoje se faz sentir na televisão. O nosso correspondente à estreia dos Monty Python em Inglaterra. Os Gato Fedorento nunca existiriam se um dia um senhor chamado Herman Kripahll não se tivesse lembrado de criar o menino Nelinho, o Estebes, o Tony Silva e esse senhor incontornável dos media que é Professor doutor Oliveira Casca. O país reflectido num programa de comédia.

"Polícias" - Em 50 anos incrivelmente pobres no que toca à ficção dramática nacional, esta série destaca-se com naturalidade como a melhor coisinha que foi feita por cá. Uma variação da estratégia da RTP da série de ficção histórica, esta passava-se nos nossos dias e acompanhava polícias do final do século XX. Curiosamente, também era escrita por Moita Flores! Vítor Norte, João Lagarto, Maria João Luís, Luís Esparteiro, António Pedro Cerdeira... Tudo o que é bom; e foi o mais próximo que tivemos de diálogos bem construídos e escorreitos.

"Horizontes da memória" - Não sei se foi ele que me fez gostar de História, mas apesar de não apreciar muito José Hermano Saraiva como historiador, é inegável a categoria dos seus programas, e também os dotes naturais de comunicador que tem. Apesar de ultimamente os seus programas serem pouco mais do que a divulgação turística de alguns locais, ainda me lembro quando era mais "piqueno" e me sentia fascinado com as exlicações do professor Saraiva.



"Duarte e companhia" - Uma das nossas grandes séries de culo, daquelas que eram más de propósito, porque só assim é que eram boas. A prova é que, anos depois, ainda vibramos com o dois cavalos vermelho, a Joaninha, o Rocha, o Átila, o Padrinho...A nossa grande referência de pop-culture televisiva, e o upgrade necessário a outra grande série que não podemos de maneira alguma olvidar: "Zé Gato".
E fujam, que vem lá a mulher do Duarte.


"Rua Sésamo" - Sem ela, a nossa infância teria sido uma pasmaceira. E basta isto.

"Fenómeno" - Um programa que passava na RTP 2, praticamente ignorado pela generalidade do público, mas uma grande bomba, um cruzamento entre trabalho jonralístico, documentário e ficção, dedicado à temática do paranormal em Portugal. Apresentando provas, casos, e não crenças, "Fenómeno" não nos dava soluções: apenas nos questionava sobre a possibilidade de sequer haver soluções. Para além disso, tinha como host um dos actores mais subaproveitados que cá temos, cara habitual dos anúncios da Yorn: Alfredo Brito



"Gato Fedorento - Série Fonseca" - Um OVNI na altura em que estreou: ainda me lembro de contar sketches a amigos meus e estes não se rirem, nem acharem piada. Passados uns meses, a coisa rebentou e andava em todo o lado. As outras séries que fizeram têm coisas muito, muito boas, mas esta foi a novidade absoluta quando estreou.

"Claxon" - Mais uma série ignorada, com o grande António Cordeiro a fazer o personagem homónimo, Margarida Reis (lembram-se?) como mulher fatal e Ricardo Carriço a iniciar a carreira, numa série noir à portuguesa. Pormenor: o inspector de polícia chamava-se Bob Caroço e todos os episódios, repetia a frase: "Eu é que sei desta merda toda!!!" Carriço viria a fazer a inovadora série "Major Alvega" uns anos mais tarde.



"Palavras ditas" - Mário Viegas era espantoso, e conseguiu transformar a poeisa em algo de acessível e cool. Um programa que estava uns anos à frente do seu tempo e que ainda hoje faria sentido. Há pouco tempo, houve um upgrade interessante, também na RTP, com "Voz".

Ok, 10. E faltam aqui alguns, de certeza. É a vossa parte: quais são, para vós, os 10programas portugueses de sempre?

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Um triunfo do ensino

O Governo já veio a terreiro congratular-se com o facto de no passado ano lectivo apenas aterem sido agredidos 185 professores ou funcionários nas escolas lectivas, pelo que constitui um decréscimo relativamente a anos anteriores. Acho que alguém no executivo de Sócrates leu o meu post comparativo entre humoristas e jornalistas e ordenou aos assessores de imprensa que fizessem um texto humorístico para provar que a realidade pode ser engraçada. Só assi consigo entender esta congratulação: como se fosse uma piada.
De facto, que alguém ache um avanço que mais do que zero professores levem bofetões dos alunos é um mistério. Enquanto aluno, nunca bati em nenhum professor e embora fantasiasse com isso durante um ou outro intervalo; enquanto professor, nunca fui agredido, nem nunca estve perto disso. Mas também, tenho 1,88m e barba, o que me faz mais bad boy do que realmente sou. As teorias educacionais habituais de que as crianças são bondosas inatamente e que os professores serão sempre respeitados porque são rpofessores não funcionam comigo. Enquanto este estado de coisas assim andar e os alunos até passarem de ano porque os professores quase o são obrigados a fazer, estamos bem. A desproporção de forças continuará.
E para o ano, o número descerá certamente. Assim como assim, o número de alunos também diminiu anualmente.

Tony Blair canta... The Clash!

A sério! Bem, não tão a sério...

Apontamentos de uma ida ao shopping

Senhores da Taschen: eu gosto muito dos vossos livros sobre pintura. A qualidade de impressão é de realçar e as palavras dedicadas aos pintores e períodos artísitocos neles abordados são de quem entende da coisa, não querendo ser inacessível. No entanto, gostava de chamàr a vossa atenção para para o seguinte facto. Picasso, Dali, Miró e Van Gogh não são os únicos pintores da História da Humanidade. Outros homens do pincel igualmente bons também se entretiveramk a rabiscar umas coisas e têm uma história de vida tão ou mais complicada. Por isso, dêem a este leitor a benesse de editar dois brutais calhamaços dedicados a Chagall, como o fizeram para os senhores atrás referidos. Está na altura de acabar com o monopólio dos gostos artísticos. Fica a nota.

Descubro o maior drama estético das mulheres com o vestuário do Inverno: manterem-se quentes e confortáveis, enquanto tentam não parecer terem 10 anos a mais.

A Sony, que editou todas as temporadas de "Seinfeld", devia levar uma malha das antigas, porque arranjou maneira de encaixotar todo o material Senfeldiano numa caixa apetecível, que inclu um coffee-book table (piada da série), um livro com descrições de cada episódio e toda a reunião do elenco 9 anos após a série ter acabado. Tudo isto mais barato doq ue se com´prássemos as edições individuais. Estou a deixar de ser master of my domain.

Eu tenho um sério problema em comprar roupa. Já o sabia, mas acho que está a ganhar contornos de fobia. Acho que já não faço uma revisão ao meu guarda-roupa há uns 5 anos. Este Dezembro, está na altura de enfrentar medos.

O Natal não é, definitivamente, a minha época do ano. Prefiro os outros meses em que as pessoas não têm de disfarçar o cinismo.

Porque há miúdas giras que estão sentadas em mesas com o olhar mais solitário deste mundo? Acho que estou a ser ignorante e ofensivo em simultâneo sem o saber.

Girls. Ponto final e adenda ao parágrafo anterior.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Humoristas = jornalistas?


Acho que uma das questões que tem sido mais imperceptíveis neste início do século XXI é a forma como o humor se vai transformando, lentamente, num órgão de informação mais fiável que os órgãos de informação efectivos. Parece estúpido e irresponsável dizer as coisas assim, mas quando os media se recusam a ser imparciais e independentes e estão ao serviço de alguém, temos de nos virar para algum lado.
Apesar de escrever isto após ter visto um brilhante sketch do Gato Fedorento onde Ricardo de Araújo Pereira e Zé Diogo Quintela entrevistam José Sócrates de uma forma tão descaradamente teatral como as entrevistas reais que lhe fazem, esta ideia vem crescendo em mim desde que que comecei a ver com regularidade "The daily show", que é o melhor exemplo do humor ao serviço da democracia que eu conheço. A forma como desconstrói a máquina propagandista em redor de George W. Bush, desde os seus assessores de imprensa até toda uma rede de cadeias de televisão que mostram o que acontece através do ponto de vista ideológico de quem governa é, em efectivo, a maneira mais exacta de mostrar o que realmente se passa e uma lambada na nossa cara a ver se acordamos. As notícias devem ter esse condão: mostrar a realidade e quando ela é má, faze-rnos sentir isso. Por isso o humor é tão importante nos dias que correm: mais ninguém se atreve a dar um pontapé no rabo do quarto poder. Excepto um político num cargo importante que tenha sido exposto por algum dos raros jornalistas a sério que ainda existem.
No sketch envolvendo José Sócrates, os dois humoristas atiram-lhe todas as perguntas que gostaríamos que Sócrates respondesse sem uma conversa fiada que cheira a bafio, nem um pretenso sentido de estado que quer apresentar quando recebe governantes estrangeiros. Por incrível que pareça, todas as respostas falsamente conseguidas através de uma engenhosa montagem soam reais, como se, pela primeira vez, ouvíssemos Sócrates a dizer a verdade sobre alguma coisa. Isso, pelo menos a mim, contribui dez vezes mais para compreender o lado negativo da acção deste governo PS do que ver uma hora de telejornal, onde nos podemos aperceber, a sermos perspicazes, do mesmo que o humor os impede. Mas é mais fácil chamar a atenção das pessoas com uma martelada na cabeça do que com um toque no ombro.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Experiências com a morte


Objectivamente, a pior experiência que já vivi, muito mais do que coisas amorosas ou relacionais, muito mais do que notas de faculdade ou problemas com os pais, foi quase ter sufocado até à morte. É, por muito que blogs EMO e gente propensa a lançar alertas de suicídio queria enraivecer os seus sentimentos, a segunda pior coisa que nos pode acontecer, apenas suplantada pelo acto efectivo de falecer.
Isto deu-se há uns anos, era um jovem já com pêlos no peito e tinha 15 anos. Numa caminhada nocturna que se deu numa actividade de escuteiros, fugíamos de um fogo, embora não fosse isso que me pusesse em perigo a vida. Quer dizer, se em vez de andarmos, tivéssemos ficado deitados, já era um caso diferente. Mas decidimos andar, atabalhoadamente, sem grande nexo. Isto, claro, deu alguma bronca. No meu caso, que estava desidratado, descambou para o pior. Nervoso, deu-me para vomitar. O problema é que o meu corpo estava em modo de escassez de líquidos, o que fez com que o vómito, perdoem-me o grafismo, ficasse preso na minha garganta. O resultado lógico, está claro, foi a minha total incapacidade em respirar. Para quem nunca experimentou, nem tente imaginar, porque não vale a pena. É cem vezes pior do que imaginam: a impotência em não conseguirmos fazer nada, a sensação de que podemos ficar ali e acabou e a cara das pessoas à nossa volta, cujo terror triplica o nosso. Não é bonito. Felizmente, um dos escuteiros que me acompanhava percebia uma ou duas coisas de primeiros socorros e aplicou-me com sucesso a manobra de Heimlich, provavelmente um dos únicos tipos alemães de que gosto a sério. Consegui expelir o monte de vómito duro e após ter bebido alguns goles de água, pude seguir o meu caminho, porque, enfim, dizem que o fogo pode queimar. Era uma teoria lançada na altura que ficou comprovada este ano na Califórnia.
Nunca me esqueci disto. Esperava nunca mais a repetir. Mas o que é certo, é que já vivi algo de próximo depois. Várias vezes. Ao acordar, o que torna a coisa ainda mais poética, porque se acordar é o mais próximo que podemos ter de ressuscitar numa vida normal, ressuscitar para sentir a morte logo a seguir é incrivelmente frustrante. Embora não seja frequente, acontece-me dormir com os braços debaixo do meu peito, virado de barriga para baixo. Quando isto me dá, durante o sono, tenho um despertar incrivelmente assustado: abro os olhos, o ar não entra nem sai, não me consigo mexer, não consigo falar. Sou um cadáver, com a diferença de que os cadáveres normais não sentem metade da aflição que esses pequenos segundos me provocam. Depois, com alguns truques que fui aprendendo, vou desentorpecendo, e alguém parece girar a chave de ignição para que o meu corpo funcione mais uma vez.

Penso nesta pequena experiência quando não me sinto bem com a minha vida e me sinto triste. Porque se eu tenho a capacidade para "vencer" essa morte, de saltar sobre ela e ter a oportunidade de experimentar a vida, porque me hei-de sentir tão triste e cabisbaixo naquelas ondas que são como as monções, que me assolam o interior e me inundam numa coisa triste que eu nunca sei o que é, só sei que não é tristeza? Não sei, mas também me faz morrer um pouco.
No entanto, da próxima vez que "vencer" a morte, sei que vou ressuscitando esse pouco que morreu. Porque a minha alegria é feita de esperanças parvas.
E nesta frase, em vez de complexo, sou um humano normal.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Actualizadela

Os últimos tempos não têm sido fartos em posts. Como também não o têm sido em novidades, penso que o parágrafo das justificações pode encerrar aqui.
Ora bem... Dia 22 de Novembro, fez anos Scarlett Johansson. Um dia antes de um camarada de outras aventuras, el señor Juan Pedro. Como ele é, quase certamente, o grande criador teórico da ciência dos pretextos, aproveito-me dos seus ensinamentos e uso estas breves demonstrações para justificar isto

Pronto. Já está
Cinema: mantendo uma regularidade que já não conhecia há muito, muito tempo, voltei a ir ao cinema na semana passada. Saí delá extremamente satisfeito e convencido de ter visto aquela que é, provavelmenbte, a coisa mais tresloucada cinematograficamente falando deste ano. A única concorrente de "Planet terror", de Robert Rodriguez, neste cobiçado prémio é "Shoot'em up", um delirante filme de acção de imagem real com o espírito dos cartoons da Warner, em dose ultra-violenta.

A história, voltando ao catedrático J.P, é um mero pretexto: um desconhecido assiste uma mulher a dar à luz, enquanto despacha uns quantos tipos ao tiro. Esse bébé parece ser importante e é perseguido por um tenaz e desequilibrado capanga, que tudo faz para aniquilar o herói e a criança. O herói pede ajuda a uma prostituta com um problema hormonal que lhe permite deitar leite pelas mamas quando quer e a perseguição continua.
Estes frágeis pedaços de argumento são colados pelo que é, afinal a base e única razão de ser do filme: as cenas de acção tão over the top que são, em simultâneo, homenagem e paródia a um género que, salvo raras excepções, já é de si memso auto-paródico: o cinema de acção. Temos coreografias e situações de um absurdo estapafúrdio tal que provavelmente nunca foram tentadas no cinema pelo pouco bom senso que ainda costuma imperar no género. Neste filme, o filtro foi tirado e o bom senso fugiu para nunca mais ser encontrado. Para além do referido tiroteio enquanto uma mulher está a dar à luz, temos outro no meio de uma cena de sexo (que, temos herói, vai decorrendo no meio da troca de tiros); outra em descida de pára-quedas; outra depois de terem partido os dedos ao herói; e por aí fora...
E esqueçam lá Denzel vs Crowe: o duelo interpretativo do ano está aqui, com um Clive Owen cada vez mais a exigir um combate pelo papel de James Bond (e tendo em conta que Craig já é quase perfeito, que grande concurso seria esse!), com uma mistura de fleuma e sarcasmo nos one-liners e com incríveis tiradas que começam sempre com "Do you know what I hate?" e que acabam sempre em acções inverosímeis, como atirar um condutor fora da estrada num ciade apenas porque este não usa o pisca-pisca quando ultrapassa, ou dar palmadas no rabo de uma mãe que ameaça bater no filho num museu; e Paul Giamatti, mastigando as suas linhas de diálogo como só um verdadeiro actor de comédia ácida sabe (vejam "American Splendor", onde Giamatti interpreta Harvey Pekar, o cartoonista norte-americano, e vejam se não é verdade) e combinando num só papel o impiedoso assassino e o homem de família que tem de chegar a tempo à festa de anos do filho. Owen e Giamatti entram no espírito anárquico da fita e a coisa ganha contornos de um confronto entre Bugs Bunny, pois o Mr. Smith de Owen passa o tempo a comer cenouras (que no intermédio são usadas como armas também), e Elmer Fudd. A certa altura, Owen vira-se para Giamatti e pergunta: "What's up, doc?" É uma piscadela de olho tão óbvia que é impossível não nos deixarmos contagiar.
Em suma, há já algum tempo que não me divertia assim a ver um filme. Fez-me lembrar "Kiss kiss, bang bang", embora, claro, sem o refinamento do argumento brilhante de Shane Black, um dos cardeais do tipo de filme de acção que aqui é parodiado. Michael Davis, realizador e argumentista, é extremamente competente, principalmente no argumento (que são praticamente one-liners uns atrás dos outros), mas na realização, dei por mim a pensar no que seriam estas espectaculares coreografias através do olhar de um John Woo ou um John McTiernan, realizadores do género, mas sempre dispostos à paródia, principalmente McTiernan, que já o experimentou nessa obra-prima que é "The last action hero", onde consegue misturar Schwarzeenneger, Ingmar Bergman e Shakespeare. Não acreditam? Vejam.
E no entratanto, dêem um salto ao cinema e vejam este filme. O Mr. Smith de Clive Owen ia detestar que não o vissem. E vocês não querem definitivamente saber o que acontece quando Mr. Smith detesta alguma coisa.

P.S Monica Bellucci entra. E como em Scarlett Johansson, penso que as palavras são escusadas.

quinta-feira, novembro 22, 2007

Pontos de vista

Neste anúncios, algumas raparigas verão uma mulher bonita a ser explorada pela gigantesca máquina comercial da indústria de lingerie; alguns homens elogiarão uma fêmea a que não medo de explorar e brincar com a sua sexualidade; eu vejo a Heidi Klum, a fazer piadas com as mamas e a brincar com elas para gáudio de alguns. Nos quais me incluo.

quarta-feira, novembro 21, 2007

O politicamente doente


Os Estados Unidos são um país com duas camadas, no que à cultura diz respeito: por um lado, têm algnuns dos artistas mais brilhantes do showbiz a criarem coisas magníficas, que fazem parte da nossa mochila cultural interior e se inserem no nosso DNA de referência automàticas; por outro, criaram grupos de escrutínio dos media, que re-aarranjam essas mesmas oras brilhantes de modo a que correspondam a padrões de politicamente correcto e de aceutável pelas normas vigentes daquilo que não se deve incomodar. Com a proliferação de lobbys de defesa de determiandos grupos étnicos, religiosos, ideológicos e sexuais, os artistas ficam sempre a perder: cenas de sexo, memso importantes para o desenrolar de uma história? Esqueçam; o uso de palavrões que pode definir o carácter de um personagem? Usem outra coisa!; alguém pegar em duas pistolas e massacrar 20 gajos? Já pode ser.
No entanto, nada me preparou para a última vítima de revisionismo histórico. O caso de "E.T", em que Steven Spielberg apagou pistolas de agentes do FBI para as substituir por lanternas foi largamente discutido. "ET" é um dos marcos da infância de muita gente, onde me incluo, e um filme marcante para aquele que não eram crianças quando o viram. Mas o que é "ET" comparado com "Rua Sésamo"? Este é O programa infatil por excelência. Conhecemos a música, os personagens, aquele mundo foi em determinada altura o nosso, onde podíams ir a casa da Avó Chica comer um doce, comprar um saco de mação na mercearia do senhor Almiro, ouvir o Zé Maria ler-nos uma história na sua livraria, perguntar ao André o que poderia ele fazer relativamente àquela nossa estante que estava estragada ou simplesmente sentarmo-nos num banco à espera que a Guiomar passasse.
Os produtores da versão origal norte-americana, idealizada pelo grande Jim Henson, estão prestes a dar uma machadada nas memórias das crianças do lado de lá do Atlântico, com a intenção de atenuar alguns pormenores da versão original que podem ferir susceptibilidades hoje. Primeiramente, sou contra estas coisas, mesmo que as razões possam ser muito boas: os objectos culturais são o espelho do seu tempo. Nunca me ouviram pedir que se queimem ou guardem para que ninguém possa ver os documentários de Leni Riefenstahl acerca das comemorações nazis. No entanto, os responsáveis pela Rua Sésamo desencantam motivos que não lembram ao careca. Recordam-se do Monstro das Bolachas? Sim, destrambelhado, guloso e fofinho. Pois na edição em DVD das primeiras seasons, a ser lançada este mês, boa parte dos sketches em que ele come bolachas e doces afins vão desaparecer, pois são considerados uma apologia às diabtes.
O Ferrão, aquela criatura mal-disposta, rezingona, sarcástica e misógina? Leva outro corte porque, segundo os produtores, é um personagem em depressão e as crianças não toleram personagens deprimidos. E o mesmo se aplica ao Becas, que raramente é visto bem disposto e tem um ar perpetuamente carrancudo. Já o Egas via levar um jeitinho porque parece um atrasado mental. Estes dois, aliás, eram uma relação gay nunca assumida, na visão dos produtores. E há mais: cenas campestres não podem incluir agricultores a carregar baldes de comida sem luvas e as vacas devem comer relva, não ração com hormonas; um skecth onde dois perosnagens encetam uma luta de almofadas é cortado porque há o risco sério de poder levar a lesões na cabeça, caso seja tentaod em casa; e o Poupas, o simpático e amigo Poupas, verá as cenas em que ele vê uma criatura imaginária que mais ninguém vê retocadas, porque dão dele a imagem de um maluco.
Caramba... Só nestas linhas, percorri uma parte da minha infância e começo a pensar se algumas das razões pelas quais não bato bem da cabeça se prendem com essa série papão e molestadora de criancinhas que é "Rua Sésamo"...
Quem, como eu, acha este politicamente correcto perfeitamente estúpido, grite "Peixe, peixe, peixe!".

sábado, novembro 17, 2007

"American gangster"



Este filme tinha tudo para ser o melhor do ano a seguir a "Zodiac": Denzel Washington e Russel Crowe protagonizam; Ridley Scott realiza; Steven Zaillian escreve; uma equipa técnica absolutamente intocável; uma história verídica de criminalidade com o pano de fundo da Nova Iorque da década de 70, fazendo lembrar "The french connection". O que podia falhar?
Ainda não sei bem o quê, mas alguma coisa falhou. Quero que percebam: o filme é bom. Mas não devia ser só bom, tinha potencial para ir bem para lá disso. O filme retrata, para quem não sabe, a história da ascensão e queda de Frank Lucas, o primeiro grande gangster negro dos Estados Unidos, que conseguiu o que ninguém antes conseguira: trazer droga directamente da Ásia e assim antecipar-se à Máfia, controlando o mercado de dorga de Nova Iorque. Lucas tem no seu encalço Richie Roberts, um dos únicos polícias honestos e incorruptíveis de Nova Iorque. Está aqui o material de que se fazem fitas míticas.
E nalgumas coisas, temos o que nos é pedido: Denzel Washington nunca consegue ser não-carismático, mesmo que lhe pedissem, e encarna Frank Lucas como um ícone, uma figura maior do que a vida, com toda a gravitas natural que uma interpretação denzeliana pode trazer. O filme foca muito a temática familiar e é perceptível porque é que todos seguem Lucas, mesmo quando as suas acções são reprováveis. A mulher, a mãe, os irmãos... O que ele faz, deve estar certo. Nós acreditamos em Denzel, e por arrasto cremos nisso. No entanto, e esse é um dos pequenos segredos omitidos nas críticas que li, Russel Crowe, num exercício de contenção minimal, que na sua carreira apenas encontra paralelismo em "O informador" é o centro estóico da história, o fio condutor que nos faz seguido, encarnando um polícia que louvável em todos os seus valores profissionais, na sua irredutibilidade como polícia e homem, mas que é incapaz de combater as suas próprias falhas: a falta de dedicação à família e o adultério que nele é tão natural como respirar. Ao opôr um homem imoral nos actos, mas recto nos valores, e outros que é o seu opoosto, principalmente quando o primeiro é gangster e o segundo polícia, Ridley Scott podia ter conseguido aqui uma fita verdadeiramente poderos, num duelo moral para o qual estava servido de espectaculares actores.
No entanto, este é um filme também de Brian Grazer, o produtor, e por isso a intriga cirminal nunca pode ser perdida de vista. O argumento envolve um grupo de polícias altamente corruptos, a relação de Lucas com um Don mafioso e as relações entre o crime e as foguras públicas do entretenimento. É aqui que o filme começa a ter demasiadas cordas para dedilhar e algumas delas acabam por ser só meio dedilhadas, fazendo o filme perder força. Os dilemas morais dos dois personagens principais estão lá, mas, à excepção da amizade de Roberts com o seu melhor amigo, que por acaso é sobrinho de um mafioso, nunca são convenientemente explorados e fica-nos mais uma narrativa escorreita, interessante de seguir, mas que não ressoa devidamente os grandes temas que o filme se propunha explorar. Nisso, é um filme falhado.
Tecnicamente, Scott passa o tempo a fazer uma compilação dos nossos filmes de gangsters preferidos: "Scarface", Goodfellas", "O padrinho" e por aí fora, adicionando-lhes a experimentação técnica que lhe é costumeira, embora nunca chegue aos calcanhares da demência do irmão Tony, que faz de cada filme sue uma experiência indicada para quem tem epilepsia e quer ter vários ataques seguidos. A fotografia de Harris Savides é soberba (superior talvez ao sue trabalho em "Zodiac", e isto é dizer muito) e o sempre excelente Pietro Scalia orienta-se nas convulsões técnicas de Scott, que, apesar de tudo, não deixa a sua marca neste género cinematográfico. Sendo parcial, dei por mim, a certas alturas, a suspirar por um cameo de Scorsese na realização.
"American gangster" podia ser um Don, mas acaba por ser apenas um capo, que tem agum poder, mas nunca se superioriza relativamente aos padrinhos.

"The golden age"



Mais do que a sequela de "Elizabeth", é a continuação normal da história. Confesso que não vi o primeiro, por isso não sofro do síndroma de comparação que alguns conhecidos exibem quando falam desta segunda visita ao reinado de Isabel I. Desta vez, o ponto fulcral é o confronto entre aquele que, no período em que decorre o filme (final do século XVI) , era o maior império do mundo, a Espanha, e o reino de Inglaterra, liderado por uma soberana que tem os seus próprios problemas internos, sob o pano de fundo geral europeu da guerra entre Católicos e Protestantes: a prima, Maria Stuart, presa sob suas oprdens na Escócia, e um barril de pólvora à espera de lhe rebentar na cara. Pelo meio, há ainda o problema de arranjar um marido à monarca e um breve flirt com Walter Raleigh.
"The golden age" é, antes de mais, um "Cate Blanchett show", em redor de uma actriz que por vezes parece enorme demais mesmo para um ecrã de cinema, tal a forma como a sua força quer rasgar a tela e não pode. Para mim, ela foi o melhor do fuilme e arrasou-me por completo, mesmo estando à espera disso e sabendo que Cate é só um das melhores actrizes de cinema da actualidade. Por detrás dela, há um elenco de excelentes valores (Geoffrey Rush, Clive Owen, Abbie Cornish, Samantha Morton), mas os seus personagens ficam esquecidos em detrimento da rainha. Cada um tem o seu pequeno drama pessoal, mas tudo a traço esparso sem grande demora. A meu ver, o filme peca por isso: esquecendo-se dos personagens fundamentais da época isabelina (Francis Walsingham, Walter Raleigh e mesmo Francis Drake aparece como que num inspirar e expirar), o filme perde força e presta um mau serviço à grande história que quer contar e que culmina num dos maiores feitos militares da História: a derrota da "Armada Invencível" espanhola que se aprestava a invadir Inglaterra. Shekhar Khapur eleva o nível do cenário, do vesturário e do visual e até tenta ensaiar uma pequena mistura entre Jesus de Nazaré, Joana d'Arc e D. Sebastião quando Elizabeth surge aos seus soldados perto do final num cavalo branco e enceta um discurso que parece uma imitação da pré-batalha de Agincourt do "Henrique V" de Shakespeare, mas ao perder de vista a profundidade dos secundários, perde algo do espectador. Perdeu-me a mim, pelo menos.
E claro, há erros históricos, mas isso há em todos os filmes. No entanto, seria necessário transformar um dos maiores monarcas da História Europeia, Filipe II de Espanha, num tolo maluco, com andar de corcunda, como marioneta de padres e que, com voz maviosa, ordena o esmagamento de Inglaterra como se fosse Blofeld? Acho que não!

"Rescue dawn"



O novo de Werner Herzog proporcionou-me a rara experiência de ver um filme europeu no cinema, apesar de ser falado em inglês. Christian Bale interpreta o personagem principal, Dieter Dengler, um piloto norte-americano de origem germânica que se despenhou no início da guerra do Vietname em território asiático, sendo preso. Mas essa é só a primeira parte da história; a segunda é uma fuga destemida de um campo de prisioneiros no meio da selva, que Dieter partilha com Duane, um homem que já se encontrava no campo quando Dengler chegou, interpretado por Steve Zahn.
Herzog não desiste desta história, que já tinha até abordado num documentário intitulado "Little Dieter needs to fly". É fácil de ver qual a obsessão do realizador com Dengler: os pormenores da sua narrativa abordam dois dos temas que percorrem a sua obra, a imponência, dureza e majestade do factor natural e o correspondente esforço e engenho incríveis de homens que se propõem a enfrentá-lo. Boa parte da filmografia de Herzog parte dessa dinâmica conflituosa ("Aguirre", "Fitzcarraldo", e o recente documentário "Grizzly man" são os melhores exemplos) e os filmes pelo qual o recordamos. Herzog sabe como poucos filmar o estado natural dos elementos e tem uma enorme paleta com que trabalhar nos arrozais e florestas densas do Vietname. O filme é poderoso num ecrã de cinema, porque ficamos obviamente reduzidos à nossa condição perante a Natureza de Herzog.
Mas "Rescue dawn" deve parte do impacto que tem à intrepretação de Chirstian Bale, física como quase todas, naquilo que já se vai tornando imagem de marca no actor. Como interpretava alguém exposto a um duro cativeiro, perdeu perto de 40 quilos, o que é de valor, ficando ainda assim longe da holocáustica figura que exibe em "O maquinista". No entanto, Bale não se limita a isso: longe de envergar clichés de prisioneiros (como faz Jeremy Davies no filme, o eterno cobardolas em cenários de guerra), Bale é como um puto que aterrou num território novo, tendo o azar de ter uns vizinhos que por acaso o torturam ocasionalmente. A sua amizade subtil com Duane, numa outra interpretação a destacar de Steve Zahn, mantém o fime seguro e o calor humano no espectador.
Tem, talvez, um final demasiado up-lifting, algo atípico em Herzog, mas é ainda assim uma obra de grande interesse.

sexta-feira, novembro 16, 2007

O que a vista alcança

Como em tudo na minha vida, não há fome que não dê em fartura. Depois de alguns meses sem ir ao cinema, eis que em três semanas, igual número de filmes se submeteram ao escrutínio atento e apurado da minha urgência de olhar. Por outras palavras, não tinha que fazer e fui ao cinema.
Pela primeira vez em algum tempo, vi uma série de fitas seguidas em que nenhuma das quais se encaixava no meu grau mais alto de salivação. De diferentes maneiras, eram fitas que me apeteciam ver, mas apenas e só porque seriam interessantes, nada mais. Não que tenha perdido essa centelha que inflama de cada vez que me põem a falar de filmes (por esta altura da vida, com outras centelhas apagadas em mim, se a do cinema se apaga, é como se me transformasse num zombie de George Romero), mas fui ver um filme com a pura intenção de me pôr na pele do espectador comum, aquele que vai aocinema apenas e só como entretém, e não desespera pela estreia de certe e determinada obra. Foi engraçado. Dápara perceber porque é que há pessoas diferentes de mim, que não se entusiasmam com coisas algo supérfluas: têm contas para pagar ao fim do mês, namorado/a e objectivos na vida. Mas nós cinéfilos, geeks, cá andamos, porque sem nós, haveria muito boa gente desempregada, e uns outros quantos sem conhecer o poder de determinados filmes, a capacidade de realizadores que os media não se querem dar ao trabalho de apresentar ao público. Como já tenho levado alguns desses filmes (e nalguns casos, séries) a pessoas que conheço, de alguma forma sinto-me útil. Uma utilidade (f)útil.m Mas ainda asism utilidade.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Dívida paga


Norman Mailer morreu este fim de semana, um dos eternos membros da antecâmara do Nobel, o grupo de escritores que todos os anos vão ganhar o prémio, mas que nunca conseguem. Lobo Antunes também por lá costuma parar, uma vez por ano. Mas enquanto o português ainda pode esperar qualquer coisa, Mailer já não, por motivos que a generalidade da crítica considera imbatíveis.
Relembro Norman Mailer por razões estranhas. Embora o ache um excelente escritor, não sou um especialista ou fã acérrimo. Só li dois livros da sua lavra, "Os nus e os mortos" e "A canção do carrasco". É uma personalidade fascinante, em toda a sua misoginia, provocaçao gratuita e desafio constante das normas vigentes, para além do seu comportamento em sociedade ser pouco menos que excessivo. Fundou o "Village Voice", megafone da inteliggentsia norte-americana, e pelo caminho, tornou-se um dos clichés das décadas de 60 e 70: o judeu revoltado. Mailer, no entanto, é tudo menos um cliché: bruto como as casas, intenso, enfant terrible e genial. Talvez tenha sido por tudo isto que nunca ganhou o Nobel, e que Saramago ganhou: não discutindo os seus méritos ou deméritos artísticos, o Saramago personalidade é chato e nem o facto de estar ligado a um partido de oposição clandestino numa ditadura lhe dá uma aura carismática ou especial. É um tipo que foi viver para Espanha e de vez em quando, diz barbaridades. Figo também era assim.
Então porque estou a lembrar Mailer? Porque lho devo. Há anos que estou para acabar de ler uma obra do escritor e sinto-me mal com isso. Não falo de dois ou três anos: é um espaço intemporal vergonhosamente mais extenso, tão vergonhoso que não o vou revelar aqui. Em minha defesa, posso dizer que a obra, "O fantasma de Harlot", é um monstro com a modéstia de 1361 páginas, o que, tendo em conta que tenho mais livros para ler e costumo abocanhar vários ao mesmo tempo, é de respeito. Mailer tem uma escrita cativante, mas outros escritores também, e esses escritores são mais comedidos na extensão do que têm para contar. Logo, ando a pousar e levantar este livro num movimento perpétuo de leitor que embora não desistente, tem um déficit de atenção extremo.
Mas fica aqui prometido, em público, que o relato de Mailer da história da CIA não será esquecido na minha agenda cultural. Antes que o fatntasma de Mailer me enfie "O fantasma de Harlot" pelo olhos. O homem que esfaqueou a segunda mulher numa festa da sociedade era homenzinho para isso.

sexta-feira, novembro 09, 2007

O tempo


Fiz há poucos minutos 25 anos.
Nada mudou, penso.
Esperem, acho que a Monica Bellucci está a entrar...
Não, é o vento.
Os 25 estão iguais aos 24.

quinta-feira, novembro 08, 2007

O reencontro de dois monstros


Al Pacino e Robert de Niro em "The righteous kill"

terça-feira, novembro 06, 2007

Modas


O Moleskine é o caderno da moda. Capa preta dura, fitinha de elástico negra para melhor prender as páginas, compartimento para guardar as folhas soltas: enfim, o próprio Macgyver certamente usava um. Nós é que nunca o vimos.
Com os Moleskine vem um papelino a contar a enda do caderno, que não envolve dragões, nem sequer Leonardo da Vinci, mas ainda assim lá adiantam que Vincent van Gogh e Ernest Hemingway usaram esse mítico canhenho. Van Gogh deu um tiro no próprio peito; Erneste Hemignway abocanhou uma caçadeira e disparou. Ou seja, ambos se suicidaram. Isto deverá animar os utilizadores.
Por enquanto, não penso em Moleskines. Não é que eu seja anti-moda: sou mais um fora de moda. Na verdade, acho que a minha criatividade já não funciona sem os míticos cadernos de capa preta de cartão do Continente. Custam menos de 1 euro e também se pode lá escrever. Penso que Belmiro de Azevedo já os terá utilizado; e estamos a falar de um tipo que está na lista da Forbes dos 500 mais ricos do mundo.. Não escreveu o "Adeus às armas", mas também não está mal.

O cansaço das palavras

Enquanto insultava Paulo Coelho (sim, podem-me acusar de falta de imaginação) e percorria alguns blogs, perguntei-me quando é que as palavras começam a ser banais. Quando é que as expressões que usamos para transmitir aquilo que é sempre intransmissível perdem o poder e passar a ser letras escritas ou sons falados. Onde estará o momento em que poder poder mágico de um vocábulo é desvendado e assim apagado? É uma pergunta pertinente, porque provavelmente depende de nós. Acho que as palavras são, de tudo o que temos, aquilo que mais directamente depende de nós. Passam de uns para os outros. Na minha boca, esta é fraca; mas na tua é forte, naquela relação que tens com o outro.
Fascinam-me as palavras. Aborrece-me quando começamos a usar as mesmas palavras em situaçõe semelhantes, como se as pessoas fossem iguais para nós. Como se todas no fizessem sentir a mesma coisa. Devíamos ter palavras diferentes, frases diferentes, para que cada pessoa se pudesse sentir especial, mesmo quando o mundo parece ser tudo menos isso.
Já alguma vez uma palavra vos conseguiu fazer passar de um monte de esterco a um prato de arroz doce quente? A mim já. Algumas vezes. Mesmo que a pessoa do outro lado não soubesse que palavras abriam a minha fechadura.
Serão as palavras também intimidade? E que intimidade têm outras elas?
As palavras sabem o nosso limite quando as usamos. Por isso anunciam o génio de quem as sabe usar, mas também denunciam os impostores que querem ser mais do que são através delas.
Por isso gosto das palavras. De um modo secreto, elas são quem as escreve. Mesmo que se tenha de ler nas entrelinhas. Porque aí também existem palavras.
Nós é que não as vemos à primeira.
E não esquecer que as pessoas também têm entrelinhas. Mas estas já são mais complicadas de se ler.
Chegado este ponto, estas palavras estão cansadas. Ou apenas aborrecidas. Imploram-me que páre. Ponto final.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Greve

Para quem ainda não sabe, o Sindicato de Argumentistas norte-americano colocou todo o mundo do entertenimento audiovisual em cheque, entrando em greve. Após uma primeira fase onde avisaram das suas intenções e tentaram chegar a um acordo com a Associação de Produtores, com as reinvidicações de maior controlo criativo sobre os seus guiões e um aumento das percentagens no que toca às receitas de venda de DVD. Os produtores, no entanto, não atenderam às exigências, pensando que a greve era um bluff; mas não é; e a greve começou hoje: nninguém que ecsreva para televisão ou cinema vai, até novas ordens, escrever ou teclar o que quer que seja para qualquer produção cinematográfica ou série, o que já está a levar à paragem de vários projectos, e também a afectar a sequência de episódios de programas que estão no ar e outros que ainda não estrearam.
Acho que de súbito, e à força, alguém se lembrou da importância do argumentista. O que está em questão parece-me justo: aquela que, na minha opinião, é a posição mais importante na criação de um filme ou uma série está a ser mal paga, se tivermos em conta no quanto, por exemplo, as séries actuais devem a brilhantes argumentos. O director da Associação de Pordutores veio dizer que acha até que quem escreve é muioto bem pago: 200.000 dólares por ano. Parece muito. Quando confrontado com quanto, em média, um produtor ganha no mesmo espaço de tempo, dispara: "20 milhões... e se for despedido, até pode ganhar mais." Como alguém que quer seguir esta ocupação, estou plenamente solidário com os homens da caneta. Os cabecilhas dos estúdios sabem que o dinheiro não se ganha sem a massa criativa, portanto, inevitavelmente, terão de ceder alguma coisa para que as coisas voltem à normalidade.
Como espectador, no entanto, acho que estes escritores são uns filhos da mãe. Tudo isto vem atrasar belas coisinhas que vão estrear no ano que vem. Se bem que a 5ª e última temporada de "The wire" já está completamente gravada, o memso nao se plica à 4ª de "Lost". POrtanto, vejam lá isso, porque não se brinca com estas coisas, ok? Querem chatear os produtores, tudo bem, esses gajos são uns chupistas. Agora, eu não tenho culpa e já esperei 7 meses por novidades da ilha. A ver vamos se temos de nos chatear...

sexta-feira, novembro 02, 2007

Já alguém ouviu...

...Rui Nova, o Mika português?

quinta-feira, novembro 01, 2007

"Pushing daisies"


Apesar de ver muitas séries e de gostar de um número razoável delas, não é muito fácil ser conquistado de chofre por uma. É como quando me apaixono por uma rapariga: há um período em que vou ficando embruxado, não me lembro de alguma vez ter visto uma miúda e imediatamente me ter apaixonado por ela. Por isso não acredito em amor à primeira vista. Já com séries, lembro-me que aconteceu apenas 3 vezes: "Lost", "Millennium" e, óbvio em alguém que é vidrado em fenómenos paranormais, "The X-Files.
Aconteceu novamente esta semana. Não a coisa das miúdas, mas uma série: "Pushing daisies", um OVNI (ainda a remeter para "The X-Files") no meio televisivo actual, o que tendo em conta o eclectismo actual, que vai desde a mais normal "Greys anatomy" à bizarria de "Lost", do esquematismo de "House" ao ulta-realismo de "The Wire", é dizer bastante. O ponto de partida não é novidade: Ned é um miúdo descobre que tem o poder de, com um toque, ressuscitar o que está morto; no entanto, se os ressuscitados alguma vez lhe voltarem a tocar, morrem instantaneamente. Já adulto, e dono de uma loja de tartes, ele usa este poder, algo a contra-gosto, para ajudar um detective privado a resolver homicídios falando com as testemunhas mais fiáveis: as próprias vítimas, que um minuto depois de Ned lhes tocar, voltam á sua condição. Esse minuto é importante, porque se Ned não os devolver À sua condição defunta, alguém nas proximidades morre.
Entretanto, uma das vítimas é o amor de infância de Ned, Chuck (é mulher), e Ned não resiste: ao invés de a reverter à sua situação, mantém-na viva, meesmo sabendo que nunca mais se poderão tocar. Tendo em conta que bastam cinco segundos para o espectador se aperceber que entre Ned e Chuck existe voltagem suficiente para iluminar todo o Parque das Nações durante meses, temos aqui um engraçado imbróglio romântico. A série podia ficar-se por aqui, que um romântico sensível como eu já a seguiria até ao final. Mas não: todo o tom é uma fusão entre "O fabuloso destino de Amélie" e o design da fábrica de Willie Wonka de "Charlie e a fábrica de chocolate". Numa época em que se louvam os grandes dramas pela carga profunda de análise psico-analítica que trazem, sabe bem ver uma série pelo simples prazer de vermos contar uma história que apela ao lado mais soft que há em nós. E todos temos um...
Que isto venha de um dos argumentistas de uma série mediana como é "Heroes", surpreende. Um dos produtores executivos é Barry Sonenfeld e a série é um mimo visual e o contraponto ideal para as agruras do nosso dia-a-dia. Apenas uma preocupação: duvido que os próximos episódios mantenham o altíssimo nível do primeiro. Mas estarei cá para confirmá-lo. Gulosamente.

Um bar alternativo


Há um bar em Lisboa que deve ser a coisa mais alternativa que por lá anda. Não sei onde é, mas hei-de lá ir. Ouvi dizer que passam Fred Ferdinand, Arcaid Fire e Nick Wave...

quarta-feira, outubro 31, 2007

Do outro lado da série B

Um mimo


A double feature "Planet terror/Death proof", que compõe a obra "Grindhouse", realizada a meias por Robert Rodriguez e Quentin Tarantino, é um verdadeiro regalo e cumpre os propósitos a que se propõe: homenagear o cinema série Z, de exploitation e de desvario que povoava os drive-in e sessões de meia-noite norte-americanos nas décadas de 60 e 70. Não vou fazer aqui uma review do filme (vão a www.a-sequela-do-remake.blogspot.com e pode ser que encontrem algo de parecido), mas gostava apenas de referir que estas celebrações da memória do cinema parecem-me cada vez mais necessárias, num mundo que se bipolariza entre os intelectuais e as massas. Fazer este tipo de crossover (e acreditem, tem de tudo para agradar a um grupo e a outro(, recuperando, simultaneamente com sentido de humor e qualidade de realização) uma galhardia cinematográfica, na vontade de querer fazer cinema, que se recomeça a ganhar com a geração de realizadores da década de 90, é fundamental para nos continuarmos a divertir no acto de ver um filme.
E claro: uma stripper (perdão, go-go dancer) perneta com uma metralhadora a fazer as vezes de perna é um conceito que me vai levar sempre ao cinema.

terça-feira, outubro 30, 2007

Mundo à parte

Uma localidade chamada Coina.
Uma matilha de cães que ocasionalmente atravessa a A2 e provoca acidentes de viação.
Um executivo da BRISA, Franco Caruso, com nome de mafioso.
Um repórter que diz que haver acidentes de automóveis é muito triste.
Podia ser um sketch de humor surreal. Foi só mais uma noítica no Jornal da Noite, na TVI.

sábado, outubro 27, 2007

Fúria

Roubaram-me o cão. Roubaram-me o Nery.
Eu estava a afeiçoar-me aquele cão. Mesmo muito. De uma maneira que nunca pensei Já o estava a considerar como de família e de estar à espera de tratar dele e que ele me animasse nos piores momentos.
Tenho a dizer que sou um daqueles jovens do mundo civilizado que pugna pelos direitos humanos e tudo isso que é muito bonito.
Mas prometo à pessoa que me tirou o cão que, eu descobrindo quem é, terá direito a um encontro imediato de primeiro grau com um lança-chamas e o torno de carpinteiro do meu pai.
E não é brincadeira. Estou muito a sério, talvez demasiado.
Foda-se.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Recortes de um dia

Num blog de uma amiga, referem-se os novos anúncios da Nicola, que anunciam "Um dia vou fazer x coisa. Hoje é o dia". Na verdade, fazem-me lembrar um outro que há tempos referi neste blog e que é do "Por acada beijo que dá, a sua vida aumenta um minuto." Na altura, comentei que vou morrer cedo. Neste comento que este tipo de coisas é publicidade enganosa e uma piada de mau gosto a quem, como eu, não tem um campo sentimental fértil: o que diz "Um dia, beijo-te a meio de uma frase" rasa perigosamente o ataque pessoal e a chacota à minha pessoa. Cheira-me que ainda vou ganhar muito dinheiro à custa da Nicola.

Saio do ensaio do teatro, que é para mim um mundo com regras algo diferentes daquelas que regem outros espaços da minha vida (e só por isso, percorri o 4ª andar da FLUC com uma amiga minha num carrinho de compras, e nem perguntem mais nada), e dois colegas meus introduzem-me a 3 caloiras do seu curso. Primeiro, é interessante notar que é preciso chegar ao último ano para me apresentarem caloiras. E o argumento "Tu não sais à noite" não funciona, porque, bem, tecnicamente não estava a sair à noite. São 3 pessoas diferentes: uma que fica calada durante o quarto de hora que durou a conversa; uma que se choca alegremente com qualquer piada feita com humor negro, algo que especialmente me atrai; e uma outra que enquanto se afirma muito, muito católica (e estou a citá-la), enceta uma piada acerca de uma pseudo-tentaiva de suícidio sua, o que também me atrai, porque adoro um certo paradoxo nas pessoas. O desenrolar da conversa é um crash-course, ao biqueiro, para quem não me conhece: destila sarcasmo, percorre ácido e não se fazem reféns no meu processo de conhecer pessoas. Após vários trocadilhos de qualidade duvidosa e uma ou outra piada sobre religião, a muito católica já me olha muito séria; e no entanto, ainda se ri, sinal que estou a 5 minutos de ser degolado. É nessa altura que se decidem ir embora. É pena. Porque ela estava naquele ponto sem retorno em que quem não me conhece me começa a entranhar. Acabo por perceber que o meu método abrutalhado de me introduzir aos outros tem a facilidade de criar uma empatia co os outros, mas o enomre defeito de não lhe smostrar sequer 3 quartos daquilo que sou sem as piadas. É um pormenor a limar.

Outro pormenor a limar, ainda mais importante: melhorar a minha ética de trabalho. Quem é que eu estou a tentar enganar? Tenho é de arranjar uma.

Ofereço uma prenda a alguém. A pessoa gosta e o meu dia começa com um ligeiro crepitar na barriga que me faz acreditar que posso fazer alguma coisa certa de vez em quando e que a vida não pode ser assim tão má como eu a quero fazer.

No ensaio, alguém me dá uma palmada no rabo. A demência já chegou ao mundo do teatro. Esperem, esqueci-me da revista à portuguesa.

Pessoas que deixam de nos ligar de repente sem motivo aparente. Lembro-me que o assunto me fascina de sobremaneira.

Um grande amigo está no hospital. Não o vou visitar, mas telefono-lhe. Sinto-me pessimamente, tipo esterco, mas uma piada minha fá-lo rir. Sinto-me menos esterco, mas ainda assim, esterco. Há dias em que me pergunto porque é que ainda há gente que me tem como amigo.

Escrevo 3 posts num blog. Torrentes de palavras, o que para mim é uma novidade recente. Será o acordar de uma ética de trabalho?

Arroz doce quente


Pequenos prazeres que ainda vão fazendo a vida valer a pena intermitentemente: fazer rir as pessoas.

O que tenho andado a ver


"House"

Entrando na sua 4ª tempoarada, e ainda sem dar sinal de "Jump the shark", calão do entertainment aplicado a séries que estão a chegar ao ponto do cancelamento ou final abrupto, a irreverente criação de David Shore regressa ao território que tão bem domina: o da sátira velada ao drama hospitalar. Após uma terceira temporada que tentava levar a série para os terrenos que precisamente parodia, a 4ª abriu com o doutor sarcástico e cínico (identificação pessoal instantânea) sozinho e a trocar teorias com um empregado de limpeza. No segundo episódio, já está a recrutar novos doutores num esquema estilo "Survivor", com direito a spoofs ao reality show e tudo. É nisto que a série faz a diferença, e é por isso que Gregory House é uma das mais fascinantes personagens televisivas dos últimos anos, tendo direito já a ser capa de livros que não têm nada a ver com ele. Um pouco como as palavras "o código da Vinci".
A melhor coisa desta 4ª temporada, no entanto, é mais tempo de antena para a interação emtre House e o seu amigo Wilson, com Hugh Laurie e Robert Sean Leonard a provarem porque são a melhor buddy relationship do actual médium televisivo. Se juntarmos a isto os decotes de Cuddy e frases como a que House usa quando reencontra uma Cameron loura ("The blonde hair makes you look like a hooker. I like it."), temos aí uma coisa que ainda nos vai entreter durante mais algumas semanas.


"Dexter"

É um crime ainda não me ter demorado no blog nesta excelente série, provavelmente a melhor da colheita 2006/2007. "Dexter" tem um surreal personagem principal homónimo, que trabalha como especialista em manchas de sangue na polícia de Miami; tem uma namorada loura e com dois filhos de uma anterior relação; é respeitado pelos colegas; e tem uma irmã que o adora. Existe apenas um pequenino defeito na sua personalidade: sofre da compulsão de matar, tal como alguns de nós têm vontade de roer as unhas ou estalar os dedos. Dexter foi adoptado pelo pai, que cedo lhe descobriu essa falha e a tentou combater incutando no rapaz um código de honra: apenas mataria pessoas que merecessem, ensinando-lhe também todos os truques para não ser descoberto pela polícia. Quando um novo serial-killer, o Icetruck Killer, surge na cidade, Dexter encontrou um adversário à altura.
Isto é televisão de primeira água em tudo, desde a brilhante escrita de argumento, à impecável realização; mas a razão pela qual "Dexter" resulta é a interpretação pouco menos que genial de Michael C.Hall, que retrata Dexter como um criança mal-comportada, que sabe que é mal comportada, mas não tem sentimentos para sequer pensar em ter remorsos. O seu desprendimento relativamente à sua própria humanidade permite-lhe ver o nosso mundo normal com os olhos de um extraterrestre, fazendo-nos pensar nos pormenores quotidianos e reacções humanas que fazem pouco sentido quando analisadas friamente. Por isso simpatizamos com ele: ele não é um freak tal como o entendemos. Na verdade, em muitas vezes, as suas acções soam-nos justificadas e ele parece estar certo nos seus julgamentos.
A segunda temporada, a que ando a ver agora, começa com problemas na rotina assassina de Dexter, pois este terá descoberto, no final da primeira temporada, o sue pior inimigo, aquele que nunca esperaria jamais encontrar: os seus sentimentos. Até agora, o nível continua altíssimo e meter um tipo viciado em matar num programa de narcóticos anónimos é o tipo de coisa pelo qual as pessoas que escrevem séries deviam ser pagas principescamente.


"Californication"

"Californication", de Tom Kapinos, surge numa das modas actuais da televisão norte-americana: meter personagens principais moralmente questionáveis e por quem às vezes é difícil torcer. O Hank Moody de David Duchovny é apenas mais um numa linhagem onde podemos incluir Gregory House, Sebastian Shark, Tommy Gavin ou mesmo o James "Sawyer" Ford de "Lost". Moody é incrivelmente desbocado, egocêntrico e tem uma libido capaz de fazer corar Zézé Camarinha de vergonha. A série faz com que Los Angeles se assemelhe a um McDonalds de mulheres, onde basta alguém chegar e se servir sem fazer perguntas do produto disponivel. Moody vive uma relação tensa com a ex-companheira, mãe da sua única filha, e secretamente tenta ganhá-la de volta, enquanto afoga os falhanços desse desejo em amis mulheres e bebida. Pelo meio, tem o ofício de escritor, mas está bloqueado, após ter escrito um livro brilhante e niilista, que foi adaptado ao cinema como uma comédia romântica com Tom Cruise e Katie Holmes.
Hank Mood só podia ser interpretado por David Duchovny, que vive o personagem em absoluto. Na verdade, Moody é Fox Mulder, mas sem a paranóia por OVNI e um assumir absoluo da libertinbagem interior inerente ao personagem. A série tem bastante coisas boas: a pequena actirz que faz de filha de Moody, Madeline Martin, é um pequeno assombro; a químca entre Duchovny e Natasha Mchelone, a sua ex-companheira, é visível; e as pequenas manias dos fúteis da Costa Oeste abordadas por um sarcástico nova-iorquino são extraordinárias, com especial menção ao sexo. No entanto, parece faltar à série um história mais profunda, que derive de "Ela vai casar-se com o outro, vou fodendo aqui umas gajas enquanto espero a minha oportunidade", e as personagens secundárias parecem-me desparoveitadas, em detrimento de mais "Hank Moody" show. No entanto, é uma boa séria para quem gosta de comédias com um travo amargo, e descobrir como é que alguém moralmente tão retorcido pode na verdade dar um excelente pai e até um bom marido.

quinta-feira, outubro 25, 2007

terça-feira, outubro 23, 2007

segunda-feira, outubro 22, 2007

Filmes que apetece ver

sábado, outubro 20, 2007

Grandes momentos de humor 1

Monty Python. 15 segundos de absurda hilariedade. Uma das coisas mais divertidas que já, e nem sei explicar porquê. Como diz Michael Palin, que aparece neste sketch com John Cleese, o segredo está nos carapaus.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Capa da semana

quarta-feira, outubro 17, 2007

Um apelo

Aqui há uns anos, o escritor indiano Salman Rushdie foi condenado a uma fatwa pelo então Ayatollah Ruhollah Komeini, um senhor iraniano parecido com o vosso avô, mas que não dá oprendas a ninguém pelo Natal. O motivo foi a feitura de um livro, "Osversículos satânicos", que se mete com a doutrina islâmica Ora , o que é uma fatwa? Trocado por miúdos, é uma sentença de morte, que permite a qualquer muçulmano de bom gosto poder matar Rushdie quando bem lhe apetecer se o apanhar a jeito.
Ora, há uns rapazes chamados fundamentalistas islâmicos, não há? E estes rapazes são um bocadinho susceptíveis, não são? Têm umas bombas e umas AK-47 e tal, não é? E não gostam nada quando alguém se mete nas coisas religiosas deles, certo?
Então expliquem-me porque é Rushdie ainda hoje tem a fatwa a pender-lhe sobre a cabeça e ainda ninguém fez nada a própósito do rato chihuahua que é Mika, um libanês que canta na língua do grande satã, para além de se mexer de uma maneira pouco, digamos, muçulmana. Vejam lá isso, pá!

sábado, outubro 13, 2007

Um Emmy à parte

O meu momento preferido nas cerimónias de Emmys recentes não é o monólogo incial, nem as piadas sobsequentes, nem memso quando "Lost" ganha algum Emmy: é a atribuição ro pémio para Melhor escrita num programa de variedades. As equipas de argumentistas nomeadas são convidadas pelos produtores da cerimónia a apresentarem-se de uma forma orginal e, sobretudo, divertida. Este ano, todos os nomeados corresponderam às expectativas, como se pode ver em baixo.

Num apontamento pessoal, achei o do programa "The daily show" o mais divertido, seguido de perto por "The Colbert Report"
No entanto, o programa que mais importa destacar é o fantástico "Real time", com o comediante norte-americano Bill Maher. Na linha da sátira política e comentário contundente ao quotidiano nacional e internacional, este talk-show vai bem mais longe que "The daily show", o programa mais conhecido do género e não põe só o dedo na ferida: enfia a mão toda lá dentro e ainda remexe. Para quem não conhece, fica um breve clip que dê vontade de descobrir.

Conando: capítulo 1

quinta-feira, outubro 11, 2007

Respirar fundo


Acabei de ler uma obra de grande fôlego, um daqueles livros que me recorda porque gosto tanto de História: "Pós-guerra", do britânico Tony Judt, alguém que muito honestamente gostava de ter como meu professor. Numa obra que é uma verdadeira aula de 900 e tal páginas sobre o percurso histórico deste continente que vai de Lisboa até para lá do Cáucaso, Judt mostra um conhecimento enciclopédico das várias áreas do saber histórico desde 1945. Na realidade, é quase uma aventura ler algo assim, e uma pequena lição para os europeus, que ao contemplarem este seu século XX têm uma predisposição para esquecer. Judt relembra; e o que relembra é amargo.
Por isso é essencial ler este calhamaço que nos esmaga (trocadilho intencional.)

Curioso

O primeiro clube italiano a colocar-se ao serviço dos valores e da ética religiosa, segundo um acordo firmado com uma instituição ligada ao Vaticano, chama-se Ancona.

terça-feira, outubro 09, 2007

House call 2


Enquanto o Greg bebia tequilha no quarto do paciente, o candidato mormon arengava alegremente sobre as maravilhas de se ser religioso. Greg mantinha-se irredutivel e sarcástico. Quando o mormon começou a entrar em contrandições, sem nunca admitir que o estava a fazer, o Greg teve uma observação de simples lógica:

"Rational arguments don't usually work on religious people. Otherwise, there wouldn't be religious people".

segunda-feira, outubro 08, 2007

quinta-feira, outubro 04, 2007

A perda de consciência

Até há algum tempo, a minha mente fixou-se num hábito bizarro de que ainda existem alguns resquícios: quis descobrir qual o exacto momento em que eu adormeço. Escusado será dizer que isto tornava a minha tarefa de dormir ainda mais complicada do que realmente é. Normalmente, eu ando num constante ruminamento dos factos do dia a dia, memso os mais pequenos, inclusivé naquela fase em que estamos deitados na cama e pensamos em qualquer coisa. Para, essa mesma fase é um período em que estou bastante criativo e por essa razão, durmo sempre com um bloco de notas ao lado. Já cheguei a faezr mentalmente dezenas de linhas para um trabalhos académico, para depois me esquecer da maior parte das coisa sno dia seguinte. Por isso, bloco de notas. Agora que penso melhor, acho que este é uma boa pista para descobrir porque nunca consigo estar em paz comigo mesmo.
Não sei porque teimei em tentar deslindar um mistério que todos nós, não de forma tão obsessiva como a que demonstro, já pensámos. O momento em que se dá um clique, algures na nossa mente, e desligamos. Por uma ou outra razão, esse clique é sempre uma benesse. Todos precisamos de desligar de tudo isto de vez em quando. Procuramos um sentido para a vida quelevamos e estamos perpetuamente condenados a não o encontrar. Principalmente quando nos fartamos de encontrar gente que só apetece beliscar. A nossa mente desligada impede que nos preocupemos ocm o que quer que seja. Estamos em branco, estamos num gostoso limbo, do qual saímos todos os dia,s como se morressemos por uma shoras para ressuscitar uma e outra vez. Ressuscitar não: acho que acordar é nascer constantemente.
Se calhar, tem tudo a ver com a importancia que dou à morte, e à finitude. Encontrar o momento do clique permite-me saber como é estar-se inconsciente, saber o que separa, dentro de nós, o estado de consciência e o estado de inconsciência. Saber o que há para lá da morte.
Ou então é só uma coisa parva.
Agora desliguei-me de descobrir o acto de desligar. Deslindar esse desígnio. E descobrir que definitivamente não sou dotado do doce dom de dar aos textos aliterações.
Mas não durmo melhor por isso. Ainda não descobri com posso ter paz na minha cabeça. Por incrível que pareça, perturba o sono. Faz com que o clique soe demasiado pesado.

terça-feira, outubro 02, 2007

Canção

Hoje foi Dia Mundial da Música. Discorrer sobre a importância que a música tem na minha vida é o mesmo que explicar porque é importante o facto de eu conseguir respirar oxigénio. Em certos aspectos, a música é o meu oxigénio. Sem ela, por exemplo, o meu motor criativo é ainda pior.
Não sei porquê, durante o dia de hoje, não me conseguia deixar de lembrar um dos poucos génios que a música portuguesa teve e que dá pelo nome de Carlos Paredes. Um senhor que tocava uma guitarra com gente lá dentro. Quase me atrevia a dizer que ele não tocava guitarra: retirava de lá as pessoas por um qualquer encantamento.
E falar de Carlos Paredes, e de Música, é falar deste sublime momento inspiracional da nossa música. Não sei se Carlos Saura, no seu "Fados" se terá lembrado deste enormíssimo homem do fado a sério.



Claro que há outros nomes que para mim são Música. Bastam nomes. Mas isso fica para outra altura...