terça-feira, novembro 18, 2008

Bond... with a vengeance


Lerão várias críticas ao novo Bond, e embora seja difícil encontrar uma que seja má, descobrirão bastantes que são, no máximo, tépidas. Baseiam-se num motivo: é um filme com muita acção e pouca história. Eu cá acho que este filme é um dos poucos filmes que vi sem cenas de encher chouriços. Assume-se como complemento do anterior "Casino Royale" (começando exactamente onde o outro acabou) e prescinde de pinderiquices que atrasem uma história de vingança que todos queremos violenta e brutal. Por uma vez na nossa vida de mortais, entramos num sítio onde esperams justiça célere, embora a saibamos desumana. Acho que é por isso que gosto de filmes de vingança. Estes jogam com um instinto humano primordial, o da retribuição; e quando se mata a mulher amada de um agente secreto que tem uma natural renitência em abrir sequer o seu coração, os problemas sucedem-se.
James Bond, nessa espiral, arrasta tudo, desde os maus da fita (a organização QUANTUM), o próprio MI6, a CIA, as pessoas que encontra, assumindo-se sempre como um bruto de primeira. Daniel Craig (cada vez mais um Bond à altura, e nalguns momentos superior, de Sean Connery). Ele eleva o personagem de Bond ao seu devido lugar: o de supremo badass. Connery abordou ao de leve esta faceta, Moore nem falemos dele e Pierce Brosnan era suave demais. Timothy Dalton, no muito subvalorizado "The living daylights" andou muito perto, mas Craig assume-o com uma naturalidade desconfortável. Um tipo insulta-o, ele pontapeia-o e rouba-lhe a mota. Mais tarde, atira um segurança de um prédio apenas porque sim; e pelo meio, vai matando quem lhe apareça da Quantum, ao invés de as capturar para fazer perguntas. Isto é Bond duro, frio, implacável. Por isso o filme não tem muita história palavrosa: a acção é a história, o turbilhão e a violência são o estado de espírito de Bond. Há uma intriga ecológica sólida e interessante, que serve como m´boil vilanesco, mas o que interessa aqui é descobrir se Bond sai do seu próprio poço negro.
Craig é, obviamente,o centro do filme e o seu grande trunfo. Quando aparece no ecrã, em gloriosa masculinidade, os testículos dos espectadores masculinos desintegram-se ao nível do átomo. Está tudo na sua pose, no seu olhar, e ele fica tão bem aos murros e a destruir-se contra paredes como num smoking, numa das mais belas sequências do filme, a envolver a ópera "Tosca", cuja intriga de vingança tem paralelos com este filme, e que entra directamente para a antologia da saga. Neste aspecto, Marc Foster revela-se uma escolha correcta. Não que seja novidade colocar realizadores habituais de filmes independentes a controlar blockbusters, mas Foster traz como grande trunfo uma precisão maníaca ao nível da montagem (a merecer nomeação para Óscar) e uma sensibilidade própria, que possibilita essa magnífica cena na ópera e o facto de Camille, a Bond girl (eficientemente interpretada pela ucraniana Olga Kurilenko, que vou deixará verdadeiramente shaken and stirred se assistirem ao filme "Le serpent") ser a única em toda a história das aventuras de 007 que este não leva para cama. Porque não há motivo, porque tudo tem de fazer um sentido, porque eles são almas gémeas de almas torturadas e procuram acima de tudo o seu lugar de felicidade. O seu Quantum of solace. Foster faz as opções certas e confia no diabólico Dan Bradley para dirigir a segunda unidade e fazer com a acção de Bond aquilo que fez com a acção de Bourne: delirante, visceral, tão real que dói ao espectador. Isto nas paisagens exóticas a que Bond já nos habituou.
O único defeito que se pode apontar é alguma falta de divertimento do próprio personagem, talvez. Mas nem semprea a vingança pode ser divertida. Espera-se que no próximo, Bond tenha uma selva mais colorida para poder caçar mais livremente. Longe da vingança, longe do negrume; mas nunca fora do turbilhão.

1 comentário:

Ela disse...

buuuuuuhhhhhhhhhh!
Já fui ver e não gostei, não achei nada de especial, o que salvou o filme foi a companhia e as pipocas!Não gosto deste gajo!É feio!E não diz: "My names is Bond, James Bond!"...