segunda-feira, janeiro 24, 2011

Eleições e funerais


Em primeiro lugar, gostava de felicitar esta transformação das urnas de voto em urnas funerárias dos cartões de cidadão.
Em segundo lugar, num país sujeito ao choque tecnológico, e que será presidido por um robô, a necessidade de algumas pessoas em terem o velho cartão de eleitor para poderem votar é irónica e, num certo ponto de vista, poética. Afinal, falamos do mesmo país que quer ter TGV e não consegue sequer armas linhas de comboio com menos de 100 quilómetros, nem estradas de alcatrão decentes.
Em terceiro lugar, posso sublinhar o facto de que o voto em branco é, afinal, inútil? Temos um problema grave de falta de alternativas, mas também é verdade que o voto em branco só funciona como grito se houver alguém em cujo efeito se verifique. Um ouvido que rebente quando o grito é alto. Mas a classe política portuguesa, parece-me, tem-nos como garantidos. O povo revolta-se, mas só berra. E enquanto assim for, é deixá-los andar, não é?
Em quarto, desde quando é que Cavaco ganhou o direito de se transformar em mártir político? Se há homem que tem feito dos portugueses mártires no últimos 25 anos, esse homem é Cavaco!
Em quinto, era previsível a quantidade de votos do Coelho originário do arquipélago que me acolhe este ano. Quando Portugal é um circo, os palhaços estão sempre em destaque; e toda a gente adora palhaços que colocam os dedos nos olhos de quem manda.
Em sexto, será que estamos condenados a décadas de política profissional?
Em sétimo e último, gostei da pose de estadista de Cavaco no seu discurso de vitória. Conciliador, apelando ao sonho. Retive particularmente o "Chupem, filhos da mãe! Ganhei"

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