sexta-feira, maio 23, 2008

"Indiana Jones and the kingdom of the crystall skull"


Vamos já começar isto com uma opinião polémica: eu gostei do filme. Não estive à espera desta estreia com um sorriso diabólico nos lábios, como quem se preparava para deitar abaixo uma sequela em que o protagonista tem 65 anos e que se mantém teimosamente encaixada num estilo de aventuras que tem umas décadas. Que não se façam erros ou se exagere no tom da crítica, pois um fã a sério do herói deve admitir que Indiana Jones está de volta.
Mudámos da década de 30 para a de 50, e com isso muda também um certo tom da saga. Não adianta estar aqui a contar a história, que não estamos aqui para estragar o filme a ninguém; e também, a Lucasfilm tem processado tanta gente por revelação de pormenores de argumento que eu começo a ter mais medo de George Lucas que do aumento dos combustíveis. Digamos o conhecido: Indiana Jones, caveiras de cristal, soviéticos e o puto dos Transformers. Tudo isto enrolado num argumento de David Koepp.
E o que sai daqui? O que existe em 19 anos de expectativa? Na minha opinião, sai um filme de aventuras que ainda deixa muito boa e má fita do género a deitar bofes pela boca. Há algum tempo que Steven Spielberg não abordava um filme de aventuras puro. "Jurassic park" é de 1993 e o que mais temia é que o homem tivesse perdido a capacidade de dominar tão difícil animal. Sejamos realistas: de quantos bons filmes deste género se conseguem lembrar nos últimos vinte anos? Eu, nenhum; e reparem que os devia haver aos tombos, porque todos os avanços na tecnologia digital deviam dar um maior realismo e poder às imagens, certo? Errado! Spielberg prova que there´s no school like old school e quando se tenta desdizer a si próprio, contrariar aquilo que lhe vai nos genes, é quando a fita corre o risco de descarrilar neste capítulo. Felizmente, não acontece muitas vezes, e alguns efeitos digitais dão espaço a belas cenas, como é a cena final. Harrison Ford continua com uma pedalada impressionante para a idade, embora o mauseamento do chicote não seja o mesmo. No entanto, Ford nunca foge às piadas sobre a idade e uma das características que mais gosto no personagem, aquela habilidade em levar golpes e fazer asneiras, um pouco como se fosse o herói mais improvável da história, assenta-lhe bem no cabelo grisalho, nas rugas e nos gemidos de dor após cada soco e rebolão. E quanto a Cate Blanchett... ela não consegue actuar mal, ponto final.
O filme tem, no entanto, diversos problemas. É certo que Koepp reúne elementos dos 3 filmes anteriores, mas falta um dos principais, que é a interação com alguns personagens secundários. Todos recordamos Sallah, o pai de Jones, Marcus Brody, Marion... Mas mesmo esta, que regressa no filme, parece subaproveitada, mesmo revelando o temperamento que a tornou numa das personagens preferidas dos fãs de Jones. Koepp não consegue recriar isso, e também os one-liners que se tornaram familiares à ponta da língua de muitos. Não há uma única frase que nos fique na memória de forma indelével. O filme parece também ter pouca história para a sua duração, o que faz com que algumas cenas de acção pareçam apenas trapos para encher uma bola. As caveiras de cristal parecem um meor pretexto e falta-lhe algum subtexto enriquecedor, aumentando a sua importância para a história.
Mas chega de coisas más. Eu gostei deste filme. Os filmes de Indiana Jones são para mim, acima de tudo, fontes de divertimento, de falta de pretensiosismo e aquele sentimento de aventuras a 100 à hora que parecem nunca mais acabar. Embora fique aquém de alguns anteriores, como "Raiders" e "The last crusade", é um belo espécime do género de acção, quanto mais não seja porque filma como deve ser a acção, não abusando da trepidação da câmara e dos efeitos especiais e porque Spielberg continua a ter uma equipa técnica perfeita (a fotografia de Janusz Kaminsky é muito boa e Michael Kahn ainda mexe, mas pareceu-me que John Williams meteu o piloto automático aqui, o que é uma pena). Aconselha-se a ir ver, princiapalmente a quem tem dificuldades de encarar o cinema como divertimento. Se viu os filmes de Indiana Jones e ainda tem esse problema, a nossa sugestão é um médico.

2 comentários:

Ela disse...

que febre!

LupinLongo disse...

tirava as cenas mto estupidas e ficava perfeito. alguns momentos fizeram-m pensar nos velhinhos e tb gostei do final.