segunda-feira, junho 23, 2008

Encontro de titãs


Faço zapping televisivo numa quinta à noite e deparo-me com algo que me surpreende: sexo explícito a passar na RTP em horário nobre. Fiquei escandalizado, ainda por cima quando os amantes envolvidos obedeciam apenas aos critérios estéticos de um Ciclope com hipermetropia. Falo de Mário Soares, dinossauro político e badohca, e Hugo Chávez, grunho político e megalómano. Estavam a masturbar-se um ao outro.
Calúnia, gritarão! É verdade, verdadinha! Assisti eu próprio. Soares, que ficou para a história como um dos combatentes d aliberdade no 25 de Abril, encontra-se com um governante cuja política interna, se quiseremos ser eufémicos ao máximo, rasa a ditadura, com encerramente de estações televisivas e perseguição política, e a rebaldaria ideológica, pelas provas do apoio dado às FARC colombianas. Esperava-se que frente a frente, numa entrevista feita a partir de um estado teoricamente democrático, Mário atirasse tudo isto à cara de Chávez.
Em vez disso, mostra-se surpreso pelo facto de a comunidade internacional achar que Chávez tem um certo ar tirânico; o governante venezuelano sorri e em troca, chama-lhe Don Mario, vai citando Neruda e outros escritores sul-americanos, acha-se a segunda encarnação de Símon Bolívar, quase classifica Saramago escritor sobrenatural e lembra de como o 25 de Abril o fez querer ser um militar no poder, o que é, em si, uma rude machadada em todos nós que gostamos da nossa revolução.
Isto em cinco minutos. Foi o que me bastou. Saltei da RTP para o meu DVD, onde continuei a assitir aos episódios da 4ª temporada de "Buffy, a caçadora de vampiros". Ali ao menos, a presunção é fictícia.

3 comentários:

Maria Ostra disse...

O leque e o salamaleque... Será isto diplomacia ou Alzheimer?

João Saro disse...

O Mário Soares até pode ter sido muito importante para Portugal na fase pós-25 de Abril, mas como nos últimos 10 anos (a fase temporal em que acompanho a política com maior consciência) só o ouço a dizer asneiras e banalidades, isto não me admira.

Aquelas primeiras conversas entre ele e a Clara Ferreira Alves ainda se aceitavam pelo valor histórico que possui, mas agora ter um programa onde convida personalidades e a primeira é Hugo Chavez... pergunto: isto é o serviço público da RTP?

Este homem já só vive do nome, que das ideias (quais?) não vai muito longe...

João Santiago disse...

Certo..mas o Mário Soares já não tem nada a provar a ninguém. Ainda tem direito a fazer/dizer coisas estúpidas pois estas estão cobertas pela contribuição que deu ao 'andar para a frente' (lento) de Portugal.
Certo..com esta idade poderia voltar as Seychelles, montar a tartaruga e aproveitar a reforma de forma mais descansada.