segunda-feira, dezembro 28, 2009

A maçonaria com GPS


Desde o dia sete de Julho deste ano que me iniciei numa espécie de irmandade secreta, que em nada contribui para a minha ascensão social. Fui desviado por amigos, pois até participara nas suas iniciativas sem ser membro, e fiquei fascinado em como uma coisa tão simples e mesmo infantil podia enfeitiçar tanto homem feito adulto. Eles têm códigos próprios, nomes específicos de irmandade e até cumprimentos especiais, como DNF ou FTF. Têm objectos de adoração, chamados geocoins e travelbugs, que guardam como os Templários guardavam Jerusalém. Tratam os não iniciados de forma diferente, apelidando-os de muggles, mas raros são aqueles que usam de preconceito contra eles, preferindo tentar convertê-los à sua causa. Andam por aí com aparelhómetros da mão à procura de tupperwares, invólucros de rolos fotográficos e outras embalagens que designam como containers.
São gente estranha.
Eu, como gajo estranho, tinha de aderir, pois claro. Criei para mim um desses nomes próprios da irmandade e agora saio ocasionalmente em aventuras por sítios e lugares, ocasionalmente olhando a morte nos olhos (como descrevi há uns dias), conhecendo pessoas e acima de tudo, recuperando um certo sentido de mistério de deslumbramento que só se alcançam viajando e conhecendo sítios novos. Faz até lembrar escutismo, mas aquele que fazia quando era bem mais novo, em caças ao tesouro.
Esta coisa chama-se Geocaching. Rouba tráfego de satélite que até pode servir para salvar vidas só para encontrar umas vulgares caixinhas. Quanto mais penso, mais me lembra a Maçonaria. Mas duvido que alguma vez tipos de barrete, frontal e impermeável venham a influenciar os destinos de Portugal

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