sábado, julho 21, 2007

Just can't get enough


Fui este domingo a Lisboa, de comboio e com mais duas pessoas pelas quais estava, na teoria, responsável, ver um concerto da banda Nouvelle Vague.
Nesta primeira frase, estão contidas uma séries de impossibilidades, e quem gosta de jogos, pode-se entreter a descobri-las durante uns segundos. Quando se cansar, passe para o parágrafo seguinte.
A mais óbvia é, claro, a inclusão da palavra responsável, que tem tanto a ver comigo como a palavra decoro está relacionada com Paris Hilton. E isso é só o princípio: ir a Lisboa é a parte seguinte, pois tenho uma fobia irracional de ir sozinho a sítios que não fiquem no raio de 10 quilómetros de casa, e dos quais não consiga ter um controlo suficiente para me safar em caso de imprevistos. Vá, digam lá "Mas é assim que se cresce". Bem sei, mas sou apenas teimoso, não burro. Depois, ir ver um concerto é a anormalidade seguinte. O único concerto a sério que vi na vida, humilho-me, foi um dos Santos e Pecadores, aquando da Expo. Vá lá, foi à pala. E não, ver os Xutos na Queima não é ir a um concerto, é um cumprir um ritual académico.

Posto este esclarecimento, passemos ao concerto. Tendo os Nouvelle Vague no seu repertório bastantes músicas calmas e melancólicas, esperava que o concerto fosse intimista e numa onda cool. Soube de início que seria um excelente concerto: quando escolheram "The killing moon" para abrir as hostilidades, estava na cara que algo de muito especial se ia passar; e passou mesmo! Embora tenha começado com dois temas calmos (o referido e "Don't go"), arrancou para uma sequência de canções que deixaram o público aos saltos, ou pelo menos a balançar naquele jeito parvo de quem está a ouvir música e quer fingir que está a viver uma experiência religiosa. "Ever fallen in love" e "This is not a love song" puseram o público a cantar, mas foi com "Too drunk to fuck"que a fama de "sing-a-long" do público português foi chamada a prestar provas; e com mérito: a obsessão que a vocalista feminina tinha com a palavra "fuck" obrigou-nos alegremente a acompanhá-la na cantoria. Na altura em que ela diz "You may be too drunk to fuck; but not me!", eu soube que a queria levar para casa e provar-lhe que sou verdadeiramente abstémio.
Esta senhora, de seu nome Mélanie Pain, mostrou como se pode ter presença em palco e ser vivaça sem embarcar em coreografias ou solos vocais aborrecidos: um simples gesto seu podia mudar o comportamento do público e a sua espontaneidade, aliado ao seu ar genuíno, conquistou quem estava na Casa da Pesca. Para mais, ela é mesmo gira. Pronto, já disse.
Uma revelação, pelo menos para mim, foi o cantor que os Nouvelle Vague trouxeram para Oeiras, o senhor Gerard Toto: de origem francesa, o homem mostrou-se um senhor, com constantes improvisos de voz e brincadeiras com o público, para além do gozo reconhecível que mostrava quando cantava ou, melhor ainda, quando sentia os outros cantar e a dar prazer ao público. Um homem carismático e felino, que levou alguma sjovens que estavam ao meu lado a suspirar... A sua interpretação do tema "Relax", doas Frankie go to Hollywood num tom intimista foi absurdamente tocante.
O facto de os Nouvelle Vague terem tocado 4 temas que não estão ainda publicados (o referido "Relax", "Tainted Love" dos Soft Cell, "Sweet dreams", dos Eurythmics, e "Sweel hooligan", dos Smiths) deram um sabor especial a tudo isto, aquele sabor que nos leva a picar posteriormente quem gosta da banda e não foi ver. Faltou uma ou outra música (as versões de "A forest", dos The cure", e "Just cant' get enough", dos Depeche mode", saltam-me instantaneamente), mas com 3 encores, um concerto de duas horas e estilo a rodos naquele palco, não é por aí que me vão ver queixar. Enfim, uma excelente estreia pessoal em concertos ao vivo para mim. O meu tipo de espectáculo ao vivo, definitivamente. E ouvir o público a cantar durante uns dois minutos "Love will tear us apart" (claramente sem ideia nenhuma do que estavam a dizer, pois faziam-no alegremente)arrepia. A sério que arrepia.

Para quem não foi, deixo aqui "Tainted love", gravado não cá, mas no espectáculo anterior, na Hungria.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá!Concordo contigo!Foi um dos melhores concertos que já vi.Mas quero fazer uma correcção: eles tocararm o "The Forest" dos The Cure. Bjo, Laura