sexta-feira, setembro 21, 2007

"The bourne ultimatum"


A saga de Jason Bourne é, provavelmente, uma das mais consistentes trilogias do século XXI, e provavelmente a que mais qualidade reúne em toda a historia do género de acção. "The Bourne Supremacy" fez-me suspeitar disso, mas é com "The Bourne Ultimatum" que podemos ter certezas. De facto, não me ocorre agora nenhbuma outra série de filmes no género de acção com um nível tão bom como esta. Boa parte dos caminhos vai dar aos dois realizadores que conduziram o leme da franquia Bourne, Doug Liman no primeiro filme e Paul Greengrass no segundo, sendo que é Greengrass que tem a fatia maior de responsabilidade. Liman foi quem tentou timidamente trazer uma abordagem de filme independente a um produto de grande estúdio, mas é o realizador inglês que, destemidamente e sem concessões, dá um ar de documentário à série, com o seu estilo de câmara ao ombro. "The Bourne supremacy" confrontou-me com um thriller de acção altamente trepidante, minimalista na descrição de personagens e com sequências de acção absolutamente extraordinárias, sem recusos a efeitos computadores, tudo filmado de maneira a meter-nos dentro da acção. Para além disso, afirmava a sua diferença, fazendo de Bourne um autómato humando de matar, à procura de sentimentos, à procura de consciência. De facto, após a melhor perseguição de automóvel que já vi no cinema, quando toda a gente pensava "a coisa acaba aqui", Greengrass dá mais 15 minutos a Bourne para que vá a casa da filha de um casal de políticos que matou no passado , apenas para pedir desculpa.
O terceiro filme tem a raridade de começar no ponto exacto onde o segundo acaba: Bourne sai de casa da rapariga e é perseguido pela polícia (por causa de ter virado uns quanto carros nas ruas da capital russa, o que, convenhamos, aborda pela primeira vez em filme os problemas que os heróis de acção enfrentariam na realidade se a lei se fizesse cumprir)e num ápice, o amnésico personagem inverte as regras do jogo: ao invés de se esconder dos seus persguidores da CIA, vai confrontá-los. Já não tem nada a perder e o único objectivo que o move é saber quem é. Começa uma viagem por meio mundo (Londres, Madrid, Tanger) que culmina em Nova Iorque. Bourne regressa a casa. A história do filme são as peripécias nesse caminho.
Quando aos 20 minutos de filme temos uma cena, que se desenrola na estação de Waterloo em Londres, que não tem acção prorpiamente dita, mas que é tão carregada de tensão que é-nos desculpado pensarmos que estamos quase no final de tudo, resta-nos perguntar para onde iremos a seguir. Eu confesso que, quando bem usado, sou fã do estilo de câmara ao ombro. Paul Greengrass já provou, tanto em "Supremacy", como no abismal "United 93" que domina por completo esta técnica. Por isso, nos primeiros 5 minutos de filmes, é como se eles se virasse para nós e dissesse: "Pronto, estão dentro do filme, não estão?". No resto da fita, a coisa é de tal maneira que é como se acrecsentasse: "Então agora pega na câmara e vê tudo por aí!". E se houver possibilidade de meter uma câmara no sítio mais insuspeito, ele mete. Se for preciso meter o cameraman a correr atrás de Jason Bourne pelos telhados de Tanger, salta de um telhado para outro, ele mete. E eu gosto disso, gosto de estar com o personagem. Gosto de, num diálogo, tudo ser filmado como se eu estivesse a espreitar por cima do ombro de alguém e faezr parte da conversa. Gosto da atenção que Greengrass dedica a pequenois gestos, como um dedo a acariciar de embaraço e arrependimento uma chávena. São pormenores que fazem a diferença. E se em "Supremacy" o inglês tinha criado a mãe de todas as perseguições de automóvel, em "Ultimatum" cria o pai, numa corrida na zona de Manhattan que só mesmo vista. Para não falar de uma cena de luta que fez com que as pessoas que estavam na sala onde vi o filme se encolhessem e gemessem de dor a cada golpe.
Destaque também para Matt Damon como Bourne. Ele é Bourne em todos os músclos do copor. A máquina de matar implacável, com os gestos medidos, é cool sem precisar de frases engraçadas, é o personagem. E é profundamente normal. Não tem nada de heróico na sua pose. É totalmente credível como epssoa. Por isso torcemos por ele.
Apesra de uma certa aversão a sequelas, queria deixar um singelo pedido: esta saga ainda precisa de um 4º capítulo. Não contando o final, parece-me que Bourne precisa de um pouco de closure relativamente passado. Porque há mais pessoas na nossa vida. O que aocnteceu às de David Webb quando este se tornou Jaosn Bourne? Ora aí está algo que me desperta curiosidade.

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