quinta-feira, setembro 06, 2007

O gordo que não ia à baliza

Quando andávamos na escola e jogávamos futebol (ok, esta situação é mais para rapazes que raparigas), havia sempre um conjunto de situações que aconteciam, faziam parte do folclore do jogo: o par ou ímpar, onde os dois jogadores teoricamente mais fortes eram convidados a dividir os jogadores entre si (e inevitavelmentem um deles sabia que lá pelo meio havia alguém que jogava tão bem como ele, escolhia-o e era uma cabazada das antigas); o clássico pedreiro que era remetido à defesa, porque o seu único atributo técnico era chutar bolas para o telhadco do bloco junto ao campo de jogos; e o momento em que o vagamente capitão de equipa se virava para o badocha que lhe tinha calhado e dizia: "Oh gordo, tu vais à baliza!". A lógica era simples: não corre, não dribla, não finta e é largo. Logo, aquele lugar entre os postes era um destino óbvio. Claro que quando o guarda-redes não se saía com rapidez suficiente ou passava a bola aos adversários, era tratado como o 5º cavaleiro do Apocalipse em versão XXL. M;as isso são pormenores.
Sempre fui fininho (ok, agora começo a alargar um bocadinho para a frente), portanto, nada disto se passou comigo. Mas acredito que poder-se-ia ter passado com Lucioano Pavarotti. Podia, mas acho que não aconteceu. A voz que ele tinha devcia ser de nascença e não acredito que os pais o deixassem dar uns chutos na bola. O Bocelli fez um dia essa brincadeira e vejam o que lhe aconteceu. E Pavarotti podia ter sido um excelente guarda-redes de juvenis, porque para além da largura, era alto. Mas não foi; apeteceu-lhe cantar pelo mundo fora.
Não sou de todo fão de Pavarotti. Não lhe nego o poder de voz e a forma como popularizou o canto lírico, mas a partir do momento em que pensou "E se eu misturasse a minha voz de tenor com tipos que não sabem nada de canto lírico?" e fez u7ma série de duetos com bandas de rock, cantores pop e afins, uma linha tinha de ser marcada no chão. Nunca foi. Os amantes do kitsch agradecem.
Deu-me hoje para procurar alguns desses momentos únicos de Pavarotti com alguns friends e deparei-me com uma união feita no céu, uma exprfessão que hoje ganha um sentido literal: o tenor italiano e o expoente máximo da canção romântica que é Barry White interpretam um hino chamado "My first, my last, my everything". Um duo com um peso combinado que se aproxima da dimensão Diplodocus, em carne e em talento vocal, ataca um tema que se presta tanto a paródias, como a sentidas declarações de amor. Um momento a recordar.

3 comentários:

João Santiago disse...

"E se eu misturasse a minha voz de tenor com tipos que não sabem nada de canto lírico?" e fez uma série de duetos com bandas de rock, cantores pop e afins, uma linha tinha de ser marcada no chão. Nunca foi."

Ainda que eu não aprecie o projecto do ponto de vista musical, as receitas do 'pavarotti n' friends' estava destinado a favorecer gente e organizações. Daí o ponto bem positivo.

luminary disse...

Sim, tens razão, esqueci-me desse pormenor. Fica reposta a justiça. :)

LupinLongo disse...

Ele uma peça muito importante nesse tipo de musica, quando pensamos em opera é um dos nomes que surge e não podemos esquecer o seu projecto que juntou 3 tenores, sem duvida um dos melhores projectos algumas vez lançados nessa area. Merece o nosso respeito. R.I.P.