segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Sábado 14


Eu tinha prometido a mim mesmo que ficaria longe de tal sítio, naquele dia em particular, mas o certo é que, no Sábado, à noite, ainda por cima, entre num centro comercial. Motivos de força maior a isso obrigaram e é por isso que eu odeio os motivos de força maior.
Perante o confirmar de que a praga da doença 14-V estava de facto em plena fase de alastramento, o plano instalou-se: entrar, comprar o que precisava, sair e nem sequer olhar para trás, sob o risco de entrar no AKI e a compra de uma pistola de pregos se transformar no início de uma noite extremamente interessante para mim, e para a polícia, mas algo aborrecida para dezenas de pares de namorados.
Ora, felizmente, o dia dos Namorados não é só coisas bacocas e instintos homicidas: é também a oportunidade para campanhas de marketing despropositadas. Algumas despertam-me um sentimento próximo àquele que José Sócrates tem por certos parentes, mas outras são demasiado ridículas para não gozarmos impunemente. Uma foi iniciativa da Box, que arrebanhou alguns filmes e colocou-os a preços apetecíveis.O lema era o romantismo e látinhamos comédias românticas e histórias de fazer chorar as pedras da calçada; e também tínhamos doi exemplares num erro de casting monumental: "Closer" e "Encontros Imediatos de 3º grau".
"Closer", e quem viu sabe, é tudo menos o filme indicado para um par de apaixonados ver no dia dos Namorados. Em condições ideias, pode ser o início de um belo apaclipse na relação. É um filme não sobre amar aspessoas, mas simplesmente precisar delas, para usar e abusar, e ser iludido por si próprio e levado por desejos que se confundem com sentimentos. É sobre a mentira, sobre o jogo de esconder, sobre a falta de transparência numa relação. É sobre sacanagem. Basicamente, é tudo aquilo que uma relação amorosa tem normalmente, mas que não verão aparecer em anúncios do dia dos Namorados. Ideal para se ouvirem umas verdades; péssima sugestão para publicitar o belo do amor.
"Encontros imediatos" entra já me territórios de casamento é nada mais do que uma história de amor entre um homem e a sua obsessão, e de como o chamamento interior e o desejo de saber valem mais do que a estabilidade uma família. Fala de uma mulher incapaz de compreender o marido, que o vilaniza e acha que ele está louco, e faz por esquecê-lo. O feel good movie do ano para Hillary Clinton, mas acredito que, para além de este filme não ter nada a ver com o romantismo, mais ninguém o encarará como a coisa certa para criar um clima romântico. Estava à espera de ver "Hostel" ou mesmo "Porkys", mas provavelmente, tinham esgotado depressa, depressinha.
Depois, fui ter com um amigo meu a uma loja de videojogos e ficámos a discutir estes Óscares. Não se falou de problemas problemas cardíacos, nem coisadas semelhantes. Ambots tínhamos o sentido de decoro e respeito por cada um. Foi um final de noite de conversa interessante, e estranhamente, o mundo não acabou.

1 comentário:

Post-It disse...

A praga e o prego...
Esse é um bom filme sobre r/e/alações... O amor é outra coisa mais... religiosa(?)