terça-feira, abril 03, 2007

Tiro neles


"Smokin aces" é um daqueles filmes que o cinéfilo puro não vai gostar. Por definição, este tipo de espécime vê no cinema "Arte" e tudo o que vá para além disso, é lixo (ou, como algumas pessoas que conheço gostam de chamar, "aqueles filmes americanos que são lixo"). No entanto, quando os irmãos Lumiére inventaram tão poderosa maquineta, a máquina de projectar, tinham em mente um objectivo mais escapista do que propriamente artístico. Embora eu, que sou mais um espectador compulsivo que ukm cinéfilo, goste de ver filmes que são absolutamente demolidores no sue poder de mover as pessoas, gosto também de entretenimento bruto como um calhau de granito. "Smokin aces" é esse tipo de filmes, com um conceito que a mim, pessoalmente, me fez logo salivar: a Mafia manda matar um tipo; mete um contrato de um milhão de dólares; os melhores assassinos do mundo chegam à cidade para o matar; o FBI tem d eproteger o tipo. E que mais? Bem, that's about it.
É, portanto, uma coisa muito straight no chase. O que realmente interessa no filme não são as voltas do enredo, é sim a total e anárquica alegria com que a acção é construída e a colecção de cromos que Joe Carnahan, realizador e argumentista do filme, tem na mochila, que vão desde um par de assassinas lésbicas, um trio de irmãos redneck nazis e um tipo que traz sempre com ele o seu próprio equipamento para faezr máscaras de cera das vítimas. Com pormenores destes, o arg7umento é um pretexto. Carnahan consegue fazer valer, durante praticamente o filme todo, a sua regra de mais é mais, com excessos de calibre e de estrondo, mas curiosamente relativamente parco de hemoglobina. bebendo alguma inspiração no Soderbergh de Ocean's 11 e, como em qualquer thriller série B que se preze actualmente, a Tarantino, faz um produto mais de estilo que de substância, o que favorece o ritmo do filme; e embora a sequência final queira dar algum sentido emocional ao todo que se vê (e está uma bela sequência final), tira-lhe um pouco do ar de demência que é tão óbvio como quando um dos irmãos nazis mata três tipos ao acaso, sai do carro e pinta um bigode de Hitler na cara com uma caneta de acetato. Todos nós gostamos de sentir empatia com os personagens; no entanto, com um conceito assim, o filme em si é uma personagem, que me parece atraiçoada neste golpe de escrita.
Fica no entanto a sugestão para quem não tiver medo de se divertir com uma espécie de comédia ultra-negra, violenta e que, avisasse, não é para todos.

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