sábado, novembro 17, 2007

"The golden age"



Mais do que a sequela de "Elizabeth", é a continuação normal da história. Confesso que não vi o primeiro, por isso não sofro do síndroma de comparação que alguns conhecidos exibem quando falam desta segunda visita ao reinado de Isabel I. Desta vez, o ponto fulcral é o confronto entre aquele que, no período em que decorre o filme (final do século XVI) , era o maior império do mundo, a Espanha, e o reino de Inglaterra, liderado por uma soberana que tem os seus próprios problemas internos, sob o pano de fundo geral europeu da guerra entre Católicos e Protestantes: a prima, Maria Stuart, presa sob suas oprdens na Escócia, e um barril de pólvora à espera de lhe rebentar na cara. Pelo meio, há ainda o problema de arranjar um marido à monarca e um breve flirt com Walter Raleigh.
"The golden age" é, antes de mais, um "Cate Blanchett show", em redor de uma actriz que por vezes parece enorme demais mesmo para um ecrã de cinema, tal a forma como a sua força quer rasgar a tela e não pode. Para mim, ela foi o melhor do fuilme e arrasou-me por completo, mesmo estando à espera disso e sabendo que Cate é só um das melhores actrizes de cinema da actualidade. Por detrás dela, há um elenco de excelentes valores (Geoffrey Rush, Clive Owen, Abbie Cornish, Samantha Morton), mas os seus personagens ficam esquecidos em detrimento da rainha. Cada um tem o seu pequeno drama pessoal, mas tudo a traço esparso sem grande demora. A meu ver, o filme peca por isso: esquecendo-se dos personagens fundamentais da época isabelina (Francis Walsingham, Walter Raleigh e mesmo Francis Drake aparece como que num inspirar e expirar), o filme perde força e presta um mau serviço à grande história que quer contar e que culmina num dos maiores feitos militares da História: a derrota da "Armada Invencível" espanhola que se aprestava a invadir Inglaterra. Shekhar Khapur eleva o nível do cenário, do vesturário e do visual e até tenta ensaiar uma pequena mistura entre Jesus de Nazaré, Joana d'Arc e D. Sebastião quando Elizabeth surge aos seus soldados perto do final num cavalo branco e enceta um discurso que parece uma imitação da pré-batalha de Agincourt do "Henrique V" de Shakespeare, mas ao perder de vista a profundidade dos secundários, perde algo do espectador. Perdeu-me a mim, pelo menos.
E claro, há erros históricos, mas isso há em todos os filmes. No entanto, seria necessário transformar um dos maiores monarcas da História Europeia, Filipe II de Espanha, num tolo maluco, com andar de corcunda, como marioneta de padres e que, com voz maviosa, ordena o esmagamento de Inglaterra como se fosse Blofeld? Acho que não!

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