domingo, abril 02, 2006

Diário de um dia

Acordei hoje de manhã eram nove horas. Olhei para o relógio e senti-me logo algo desapontado: eu, que costumo despertar por volta das oito, oito e meia o mais tardar, tinha adormecido. Bolas! No entanbto, sem esmorecer, logo vesti o fato de treino e me meti em cima da bicicleta: a tradição da rondinha matinal tinha de ser cumprida, religiosa e diariamente e os meus 20 quilómetros habituais em cima do veículo eram para se fazer.
Mal regressei a casa, tomei o pequeno-almoço, que a fome já me rondava o estômago. Enquanto comia, pensava já no final de 5º episódio da nova série que estava a planear. Os últimos dias tinham-me corrido muito e o jorro de criatividade do costume produzia já muitas páginas de qualidade: de cada vez que as lia, ficava admirado com o que escrvia e perguntava-me de onde vinha tanto talento. Sabia que quando me voltasse a sentar ao computador, acabaria facilmente esse episódio; e assim se sucedeu: mal me sentei, tudo claro à minha frente, desde as ideias às palavras. Ninguém diz, mas escrever e criar são duas coisas mesmo muito fáceis.
À hora de almoço, como de costume, falou-se bastante à mesa: o meu pai aproveitou para discutir comigo o último livro de Pual Auster, defendendo os intrincados caminhos interiores da obra do ecsritor. Eu optei por recordar o surrealismo latente ao seu livro "O livro das ilusões" e a dialéctica arte/realidade. O meu pai engelhou o nariz, mas como qualquer progenitor, soube aceitar a minha resposta como um caminho a seguir na procura da minha identidade. Aproveitou ainda para me pedir emprestado o "Nimrod" dos Green Day. O meu irmão ficou chateado: já lhe bastava o meu pai e a minha mãe terem Franz Ferdinand em altos berros quando ele ouvia Leonard Cohen. A minha mãe sossegou-o e promteu-lhe que lhe compraria o último do Saramago. Ele sorriu e concordou logo com o que disseramos.
Com o ânimo renovado, fui dormir uma sestinha. Eram já 3 e meia quando acordei. Meti-me no carro e fui para os escuteiros.
Mal lá cheguei, o costume: todos me disseram olá com entusiasmo, houve quem me abraçasse, como sempre se fazia entre nós. Eu sorri e perguntei o que havia. Logo me explicaram que era preciso meter mãos à obra, pois havia actividade na semana a seguir e era preciso organizar. Dispus-me a ajudar e em conjunto fizemos tudo o que faltava. A meio da tarde, telefona-me a minha namorada, a perguntar qual seria o programa dessa noite. Disse-lhe que ainda não sabia. Ela sugeriu-me irmos ao teatro. A mim, o simples facto de estar sentado a olhar para ela já seria assistir a uma obra de arte, mas ela tinha uma paranóia extrema por eventos culturais.
Saí da sede e perguntaram-me logo se queria ir jantar com eles. Educadamente, respondi que não. Nessa altura, zangaram-se um bocadinho: convidavam-me sempre para tudo e eu dizia que não, dando como desculpa a minha namorada. Eu defendia-me: tendo em conta que durante a semana trabalhava e mal tinha tempo para passar com ela, era justo termos um tempo durante o fim de semana. De má vontade, lá aceitavam, ficando zangados por passar tempo longe deles.
Fui a casa tomar banho e fui buscá-la a casa de carro. Ela já me esperava, com estilo como sempre. Logo me deu um beijo na testa e me perguntou como estava. Demorei a recuperar daquele entrada (como sempre demorava) e lhe respondi que corria bem, como os outros. Ela sorriu e eu ganhei novamente o dia. Acabámos por ir a um restaurante de comida indiana, que ela conhecia, e onde eu paroveitei para experimentar comida exótica, que tanto era do meu agrado: toda a gente sabe que não tenho qualquer problema com comida.
Infelizmente, ela não arranjara bilhetes para a peça. Sugeriu então irmos ao cinema, mas eu disse-lhe que já fora durante a semana. teve então a brilhante ideia de ficarmos no carro a conversar. E assim se passaram duas horas e picos de conversa, algum aconchego e carinho e silêncios que falam.
Deixei-a em casa, a pensar na vida perfeita: ela, os meus amigos, a minha vida profissional... Tudo me corre bem! Como sou feliz! Este dia 1 de Abril foi perfeito, como o são todos os outros. São aliás tão perfeitos que até parecem mentira.

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