segunda-feira, janeiro 28, 2008

Cantar e dançar


Quando eu digo que não tenho jeito para algo, quem me conhece desconfia. É normal eu dizer que não tenho jeito para nada. É mentira. Possuo alguns talentos escondidos, mas que não me são úteis para nenhuma das grandes realizações da vida.
Há no entanto duas tarefas que uma boa parte concordará que nunca me foram destinadas. Acredito que quando o espermnatozóide vencedor da corrida de cavalos vinda do meu pai encontrou o solitário óvulo da minha mãe, ambos terão combinado uma coisa: quem daqui vai ser pode ser extremamente dotado a tudo e mais alguma coisa, menos em cantar e dançar. O vaticínio cumpriu-se: tenho duas barbatanas em vez de pés e penso que a melhor comparação que se pode estabelecer com a minha voz é a sirene da Lisnave.
O encenador na peça em cujos ensaios tenho estado envolvido nos últimosa tempos desconhece este facto. Não por falta de conhecimento, pois relembrei várias vezes esse meu handicap. Ainda assim, insistiu que eu ia faezr um pequeno solo na peça. Entrei em pânico.
Urge demolir um mito generalizado acerca da minha pessoa: eu gosto de cantar. Vá lá, gosto de trautear, entoar, assassinar canções. Isto não inclui temas mirins, e daí o mito. Mas tudo o que pertença ao meu gosto, gosto de o fazer. Mal, mas gosto. É uma maneira de, por momento,s pensar que realmente tenho a voz afinadinha, porque estou a cantar em dueto com Billie Joe Armstrnog, Damon Albarn, a K.T Tunstall ou a Melanie Pain. Qualquer um deles canta melhor que eu e quem sabe, se ao fundirmos os nossos esforços, eu não melhoro. O pânico é, obviamente, devido ao facto de nenhum desdtes cantores estar presente em qualquer das actuações. Logo, o fracasso espreita guloso por mim.

Para aumentar o gozo do fracasso, a dança estará envolvida. Na realidade, os meus dotes de dançarino são semelhantes aos de um castor do Alasca. Bem, eu pensava isto até ontem, quando dei por mim a faltar a metade de uma actividade de escuteiros para participar em algo mais. É um evento que se dá de 1000 em 1000 anos e não queria perdê-lo por nada. A razão? Um workshop de dança teatral grega. Fui lançado a quente numa série de coreografias que confundiu, durante meia hora o centro de coordenação do meu cérebro, e tenho a certeza de que ainda agora, se me pedirem para dar um pontapé numa bola, encetarei um kalamatiano que lançará rumores acerca das minhas preferências sexuais. Devo confessar que fiquei surpreendido comigo mesmo: apanhei os passos com relativa facilidade e estava a fazê-los com uma tal destreza que julguei que o meu verdadeiro eu tinha ido dar uma volta pela baixa de Coimbra, deixando outra pessoa ali para aprender no workshop. Adorava saber dançar, a sério, trocava isso por um ou outro daqueles talentos inúteis que tenho, e este workshop aumentou a minha vontade e, palavra poucas vezes aqui lida, confiança para o fazer. Foi bastante positivo.

E já sabem: se adoram rir, 29 de Abril no teatro Paulo Quintela. Uma comédia engralada. Não é publicidade enganosa, porque se não acharem piada ao texto, está lá uma sirene da Lisnave a abanar-se que vos vai levar aos píncaros do riso.

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