quinta-feira, janeiro 18, 2007

Memórias

No meu post 400, sem celebração (como sugeriu alguém há uns tempos, o 500 é uma data mais simbólica), decidi escrever sobre aquilo que me levou a começar esta besta, vulgo blog. Acho que, pensando, já nem sei. Não posso dizer que sempre gostei de escrever. Acho que só adquiri essa mania por volta dos 15, 16 anos. Sempre tive visões escabrosas na minha cabeça e a única maneira, a mais simples, que tinha de a transmitir para o papel foi escrevendo. De facto, se há coisas que estão sempre comigo quando viajo são uma caneta e um caderno. Não é que tenha fraca memória, mas eu próprio já não consigo controlar a minha ânsia de escrever. Acho que o meu cérebro envia uma descarga que passa pelos terminais nervosos e chega à minha mão direita. É mais ou menos assim.
Já escrevi sobre escrever. Não é nada de extraordinário.

Há quem fale de falar, quem cante o cantar e que dance sobre aquilo que á da dança; mas se no caso destas 3 últimas actividades essa seja a forma mais correcta de o fazer, a melhor maneira de saber o que é escrever não é escrevendo: é sim lendo. Acho que só quando começamos a percorrer o labirinto de letras que compõe o texto é que nos podemos sentir atingidos pelo que ele encerra. Por vezes, encontramos lá um Minotauro, que nos sobressalta e assusta, faz-nos pensar em coisas que nos podem comer a sério; noutras, um tosão de ouro, uma espécie de alívio por sabermos que algu´me nos entende, e pensa como nós, ou pelo menos qualquer coisa que nos faça ter um sorriso na cara ou uma luz no nosso coração, quando as trevas o cobrem. Ler e escrever são duas actividades indistintas, porque toda a gente que escreve fá-lo para alguém. Mesmo quando dizemos "Isto é só meu", temos um bicho a pular cá dentro, desejoso de encontrar alguém de confiança para mostrar. Seja para conquistar um momento de comunhão, ou para ouvir um elogio pelo que escrevemos.

Nunca publiquei neste blog nada que fosse arrepiantemente meu. Nunca houve nenhum critério editorial explícito. Comecei-o como brincadeira e dou por mim assustado quando pessoas me dizem que o visitam todos os dias. Como se fose algo d eimportante; e acho que não é. Este blog é apenas uma bússola para alguém que se sente perdido, neste caso euque o escrevo. Sente-se perdido na vida, no mundo, nas pessoas. Às vezes, olho em volta e não percebo nada. E a minha confusão quer logo ser estampada. Tenho este blog para isso. essa confusão vem ácida, vem com arestas, vem bruta. Aleija. Porque é uma confusão perdida. A morada é lost in the island, porque todos nós nos sentimos ilhas de vez em quando. Ilhas sem pontes para lado algum.

Por isso, acho que temos todos a dizer "I'm a complex guy, sweetheart", de quando em vez. Porque somos complexos, em cada gesto, e o mais curioso é que nos tentamos descomplexar, a desconstruir-nos, no que fazemos e no que falamos. Este blog tem-se enchido de conversas da treta, temas importantes, sobre mim, sobre cinema, sobre futebol, sobre palermices invariáveis. Este blog é uma súmula daquilo que é a minha vida e daquilo que eu sou. E a maneira como eu escrevo, e aquilo que eu escrevo, são isso: pessoais, mas sempre transmissíveis. E mesm que não vos possa tocar, de qualquer maneira, sei que vos entro pelos olhos. Sem trocadilhos intencionais. :)

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois...

Vítor H.