sexta-feira, março 16, 2007

Review: "El laberinto del fauno"


Agora está na moda gostar de Guillermo del Toro, e de cinema mexicano. Parece que de repente, los 3 amigos (del Toro, Alejandro González Iñarritu e Alfonso Cuaron) são uma grande novidade. Não são; e muito menos del Toro. Tenho de faezr uma confissão: sou fãn deste cineasta mexicano desde o filme mais insuspeito de mentira, Blade II. O melhor dos Blades, assim a milhas, não o é porque Wesley Snipes seja Denzel Washington no filme ou porque o argumento é um primor. Del Toro é sempre o melhor dos seus filmes devido ao apuro visual, quase kubrickiano de tão perfeccionista que é. Se isto é a sua foirça, normalmente as histórias que acompanham a sua obra tornam-se na fraqueza: falta sempre uma história à altura do seu poderio arregalador dos olhos. Não estou a falar de maus filmes: "Cronos", "El espinazo del Diablo", "Hellboy"... mesmo o banal "Mimic", são todos obras entre o mediano e o bom, mas os seus argumentos acabam sempre por atrapalhar a visão do mexicano. O que mais próximo esteve de atingir o patamar de génio talvez tenha sido "Cronos", a obra que o lançou internacionalmente, e que ganhou o Fantasporto. Del Toro é um exímio mestre na mistura do drama histórico com o tom de fábula. Foi preciso chegar "El laberinto del fauno" para o conseguir na perfeição.

"El laberinto del fauno" vem rotulado de obra-prima, e de facto é um enorme filmaço. Passado no período pós-Guerra Civil de Espanha, conta a história de Ofelia, uma menina de 11 anos, que se muda com a mãe grávida para casa do padrasto, um capitão trocionário franquista, que não será propriamente o pai que gostaríamos de ter, e que se dedica, entre a sua obsessão em ter um filho, à prática da tortura. Para fugir deste mundo, a menina envolve-se com estranhos seres, fadas e faunos, que lhe dizem que ela é na verdade a princesa de um mundo subterrâneo. Ofelia, muito influenciada por contos de fadas, acredita na história. E assim começa a sua jornada para voltar a ser princesa...
A fita alia a referida estética de del Toro a um argumento cuidado, estruturado, que entrecruza mundo de fábula e vida real de uma forma dicotómica. O mundo de fábula é mítico, tudo é possível; o mundo real é triste, negro, bruto. Pelo meio, a luta entre os franquistas e a resistência cruza-se com a própria jornada de Ofelia e a sua própria luta para enfrentar a nova situação em que se enocntra: a mãe enfraquecida, um padrasto frio e que a odeia e um mundo onde o seu único apego são os livros. Mas se o mundo real é essencial para compreendermos a imaginação da menina, todo o film e pertence ao poder do mito e dos arquétipos, que são afinal a definição dos personagens. Temos heróis (a Resistência), a heroína (Ofelia), o condutor da heróina (o fauno) e o monstro (o padrasto). É quase um conto infantil para adultos que Tim Burton não teria desdenhado realizar, circulando em temas como amor e morte.
Se já falamos da realização e do argumento (e não esqueçamos a magnífica direcção de fotografia e os efeitos especiais e de mauquilhagem, que fazem do Fauno e o Homem Pálido duas da smais incríveis criaturas mosntruosas do cinema recente), há duas interpretações que importa referir: a da Ofelia e a do seu padrasto, o capitão Vidal. Ivana Baquero, a Ofelia, é uma criança com quem o espectador cria uma empatia imediata, pelas suas feições, mas também uma cinrível actriz, não infantil, cuja interpretação torna todo o mundo fantástico credível. Sergi López, como Vidal, é um verdadeiro monstro, muito mais que um vilão. Um actor que preenche o ecrã em toda a sua malvadez, mas de uma forma nunca ameçadaoramente visível: ele consegue ser o puro mal, como todo os anatgonistas de contos de fadas. No entanto, este é, para mim, um dos problemas do filme: embora jogue na lógiuca de conto de fadas, Vidal acaba por tornar o final do filme algo forçado. No entanto, é este final que dão ao filme o sue tom mais permanente, e que continua a perturbar-me horas depois do seu visionamento: um sentimen to de tristeza, de desencantamento com o mudno real, como se a imaginação que temos fosse a única possibilidade de ser feliz.

Tem-se dito que o filme é uma metáfora da Guerra Civil Espanhola. Não acho. Acho que é uma metáfora da morte da criança dentro de nós e da entrada do adulto em cena. E isso é um terror ainda maior. Del Toro sabe-o bem.

Nota: 9/10

1 comentário:

Filipa disse...

Só para acrescentar que concordo com a questão da metáfora da morte da criança. Que isso é um terror. Depois podes juntar-lhe o terror da guerra e da opressão. E saltar para a passagem ainda mais traumática à idade adulta de algumas crianças deste mundo em particular.