domingo, janeiro 29, 2006

Road to the Oscars: "Match point"



Antes de mais, e dexai-me que vos diga para arrepiar caminho: que filmaço!!! É preciso que Woody Allen faça uma grande obra para percebermos como todos os filmes que medeiam entre "As faces de Harry" (vá lá, "Celebridade" e "Small time crooks" tinham o seu quê) e este são obras muito pouco conseguidas. É um risco que se corre quando se faz um filme por ano; e é também uma bofetada nos fãs ceguetas de Woody Allen, em que me incluo que tendem a superlativar as virtudes que existam nos sue spiores filmes para eles não perecerem tão maus.
A história é conhecida, e até relativamente simpls a nível esquemático: A ama B, que ama C... A partir daí, é que as coisas se complicam. A é Emily Mortimer, a doce filha de um milionário inglês, dona de uma grande empresa e que se apaixona por B, Jonathan Rhys Meyers, um professor de ténis que perante o interesse dela, se vê com possibilidades de subir na vida. O problema é que entra em acção C, Scarlett Johansson, a loura bombástica que está noiva do irmão de Emily Mortimer, Matthew Goode, que é só um dos melhores amigos de Meyers. A partir daqui, a intriga romântica operática, rapidamente evolui para um certo erotismo (as cenas envolvendo as relações sexuais entre Meyers e Johansson são particularmente potentes)e na última secção do filme, para o thriller sufocante.
Os grandes temas do filme são a fidelidade e o sentimento de culpa, com um toque de "Crime e castigo", de Dostoievsky: devemos abandonar tudo o que temos de bom na vida em prol de uma mulher pela qual sentimos um desejo avassalador? Allen pega nesta pergunta e no conceito com que inicia "Match point", (num magnífico plano de uma bola que bate numa rede de ténis e balança incertamente e que mais tarde será recuperado num espectacular raccord), ou seja, é preferível um indivíduo ter sorte a ser bom no que quer que seja, e desenvolve-os exemplarmente, com uma desenvoltura como já não lhe víamos há muito, e num estilo perfeitamente britânico, o que se adapta ao novo modelo de produção em que está inserido agora, o da BBC. Além do excelente argumento, Allen revela um olho incrível para filmar Londres quase tão bem como filma Nova Iorque) e na gestão dos sentimentos que atravessam a película. A última secção do filme, por exemplo, em que uma caçadeira entra em cena, é monumental no controlo dos elementos de thriller dignos de Hitchcock.
O elenco cumpre à risca o seu papel: Johansson é uma femme fatale à la carte e tem uma interpretação muito boa e autêntica; Mortimer enjoa por vezes no papel de menina muito doce e inocente, mas acaba por umcprir essa função no filme; Rhys Meyers é um arrivista, por vezes com olhos de carneiro mal morto, mas exemplar na sua composição de homem atormentado por dilemas conjugais e a culpa moral de quem vai fazer algo muito mau, esnbanjando o seu capital de empatia com o espectador até ao final do filme.

Filme para Óscares? A Academia e Woody Allen não são propriamente um casamnento feliz, mas pode-se esperar numa nomeação pelo argumento e quem sabe pela realização e actriz secundária, para Johansson. Esperam-se surpresas.

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