segunda-feira, janeiro 09, 2006

O outro lado do espelho



Venho para aqui queixar-me sempre das pessoas que não se importam comigo e corro o risco de generalizar. Isso é muito mau, porque provavelmente apanham por tabela pessoas que não merecem e a quem, provavelmente, não dou o valor devido. Mas dou. Muito valor mesmo, se calhar mais do que eu lhes consigo transmitir. Estas são pessoas que se dispõem a ouvir, mesmo que tenham de acordarcedo no outro dia ou que estejam sobrecarregadas de trabalho; que mesmo doentes, ainda têm um tempo para me escutar; que mesmo não me deixando fazer parte total da sua vida, partilham um pouco dela comigo, mesmo as coisas mais normalíssimas que para elas são chatas e para mim são ouro puro.

Gosto quando essas pessoas me explicam o que eu não percebo e mostram que compreendem parte do que sinto, sem me fazer sentir culpado ou mal comigo mesmo.
Gosto da maneira como me olham ou do esforço que fazem para me fazer sentir integrado, mesmo sabendo, provavelmente, que é um esforço inglório.
Gosto que aturem as minhas parvoíces sem se afastarem de mim por isso.
Gosto delas porque aceitam o meu lado mau sem o exagerarem.
Gosto delas porque fala comigo antes de aceitar o que quer que lhes digam.
Gosto delas porque me defendem, mesmo quando eu não ajudo em nada nessa defesa.
Gosto delas, porque criam pontes para vir ter comigo.
Gosto delas, porque mesmo quando lhes digo que não quero falar sobre o que choro, elas continuam a ser minhas amigas e a ver-me como alguém digno da sua amizade.
Gosto delas, porque se esforçam.
Gosto delas, porque me ensinam coisas.
Gosto delas por gostarem de mim.
Gosto delas porque me sinto seguro.
Gosto delas, porque me tentam animar, mesmo que com a maior parvoíce. Por vezes, aceitarmos fazer figuras de parvo pelos outros é uma das maiores amizades que lhe spodemos oferecer.
Gosto delas, porque falam comigo e dizem-me que me esforço e que devia continuar assim. Era bom que toda a gente reparasse como me esforço e me dissesse.
Gosto delas, porque confio nelas e acho que não me vão trair. São uma rede por baixo de mim de cada vez que me torno frágil.
Gosto delas porque existem. E se existem, então a minha vida ganha um pouco mais de sentido.

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